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A mostrar mensagens de julho, 2009

Uma cruz

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Esta manhã recebi a nova cruz da igreja do Convento onde vivo. Simples mas vigorosa. Não tem Cristo nem tem as marcas da paixão. A ideia é que pareça um corpo ressuscitado. De freixo , clara, com o sol que de manhã a abraça com os seus raios e que à tarde sobressai da parede de betão. Um tronco vertical, forte, largo, que lembra a divindade, o poder de Deus. O braço horizontal, fino, delicado e comprido lembra a humanidade. A de Cristo e a nossa. Mas esta cruz não vale nada. Todas as cruzes nos levam para uma outra cruz; mais tosca, mais pesada, aquela em que Cristo morreu. Lembra ainda a minha, a tua cruz, a cruz que temos de carregar cada dia, tendo Cristo como exemplo e como ajuda. A cruz cristã é uma cruz convertida. De sinal de vergonha tornou-se sinal de vitória. Hoje temo-las nos caminhos, nas igrejas, até ao pescoço as trazemos. Hoje em dia, cada vez mais, a Cruz torna-se um adorno ou uma peça de arte. Até nas igrejas.

O caminho

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Disse-me que sim. Disse-me que estava preparada para partir. Que gostava de poder fazer mais mas que compreende que não consiga. O Parkinson vai avançando, vai deixando as suas marcas. Não tem medo de morrer nem tem medo de Deus. Disse-me: " Deus não castiga. Deus mostra o caminho ".

Santa Marta

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São de Betânia estes três irmãos que Jesus amava: Marta, Maria e Lázaro. Família abastada, perderam os pais muito cedo e Marta, a mais velha, foi quem assumiu o papel de dona de casa. Ajudou Maria a crescer, mas estas duas irmãs cuidavam com muito amor o irmão mais novo, Lázaro. Simpáticos, praticavam a hospitalidade. Gostavam de receber os amigos e, por isso, a sua casa, que ficava perto de Jerusalém, facilmente se tornou um local de paragem e de descanso. Também Jesus usufruiu desta casa e do calor desta família. Também ele, quando andava pela Judeia, mas sobretudo pouco tempo antes de morrer, porque sabia que não podia ficar em Jerusalém, refugiava-se em casa destes três irmãos, amigos do Senhor. E sempre que Jesus ficava em casa de Lázaro - não esqueçamos que neste tempo e nesta cultura o homem é que era o dono da casa - Marta e Maria desfaziam-se em cuidados para que Jesus se sentisse bem; como se estivesse em sua casa. Mas hoje Maria preferiu ficar a ouvir Jesus a falar. Juntou-s

Egoísmo

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Egoísmo e sinal falta de vocação para a vida comunitária foi quando ele, chateado, reclamou dizendo: " Hoje ainda não fiz nada para mim ". Alguns meses depois abandonou o convento; não teve coragem de se entregar aos seus irmãos.

Oração do pão

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A propósito do Evangelho deste Domingo, que narra a multiplicação dos pães, aqui fica um grande e belo poema de Guerra Junqueiro: Oração do pão. Com quantos grãos de trigo um pão se fez? Dez mil talvez? Dez mil almas, dez mil calvários e agonias, Todos os dias, Para insuflar alentos n'alma impura Duma só criatura! Homem, levanta a Deus o coração, Ao ver o pão. Ei-lo em cima da mesa do teu lar; Olha a mesa: um altar! Ei-lo, o vigor dos braços teus, O pão de Deus! Ei-lo, o sangue e a alegria, Que teu peito robora e teu crânio alumia! Ei-lo a fraternidade, Ei-lo, a piedade, Ei-lo, a humildade, Ei-lo a concórdia, a bem-aventurança, A paz em Deus, tranquila e mansa! Comer é comungar. Ajoelha, orando, Em frente desse pão, ou duro ou brando. Antes que o mordas, tigre carniceiro, Ergue-o na luz, beija-o primeiro! Depois devora! O pão é corpo e alma Em corpo e alma O comerás, Tigre voraz. São dez mil almas brancas, cor de Lua, Transmigrando divinas para a tua!

Alexâmenos

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À primeira vista esta imagem pode não nos dizer nada. Podia ser até interpretada como um graffiti , ou então um desenho de um miúdo de seis anos. Mas pensar que esta é a primeira representação da crucifixão de Cristo... É mesmo isso. E arrepia. Nós, que agora somos um grande grupo, reconhecido e com influência no mundo, fomos perseguidos, gozados, torturados e até mortos por causa de um homem crucificado. Descobri esta imagem há três anos, quando preparava um curso de antropologia cristã. Hoje, ao dar volta às imagens que tenho no computador, vi esta e decidi fazer um post . Esta imagem tem dois significados: o primeiro, e mais óbvio, é que se trata de gente anti-cristã, dos primeiros séculos do cristianismo , que decidiu deixar para a posteridade o ridículo que era, na altura, ser cristão. E então desenharam isto: um homem com cabeça de burro, crucificado; e em baixo um homem com uma inscrição em grego que diz: « Alexâmenos adorando o seu deus ». O segundo significado é o que já re

Faz hoje cinco anos

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Faz hoje cinco anos que morreu o meu pai. No mesmo ano e com poucas semanas de distância, dois aconteci-mentos na minha vida, um de muita alegria e outro de muita tristeza. O alegre foi a minha ordenação, o triste foi a partida repentina do meu pai. Perder um dos pais, seja de que modo for, é sempre um momento de orfandade. Aquele que nos gerou, que nos criou, que nos ensinou, que nos amou, deixa-nos e sentimo-nos mais frágeis. Venho de fazer um funeral. Também uma senhora nova, vítima de cancro. Na missa falei do duelo entre os afectos e a fé. Os afectos fazem-nos chorar, perguntar porquê... a fé devolve-nos a confiança e a esperança. Por muito que se diga, embora sejamos seres-para-a-morte, como dizia Heidegger, tentamos evitar aquilo que é mais certo em nós depois de nascer. E continuamos a fugir, a querer reverter o caminho que nos leva à vida eterna. Discordo de Heidegger. Não sou um ser-para-a-morte. Sou um ser-para-a-vida. Essa vida tão desejada que está para além da morte.

Maria Madalena

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A Igreja celebra, hoje, a festa de Santa Maria Madalena. A Ordem Dominicana, à qual pertenço, celebra-a também de um modo especial. Ela é a Patrona da Ordem. Na verdade, temos duas grandes santas que são duas colunas importantes; Santa Catarina de Alexandria, Patrona da Filosofia e Santa Maria Madalena, Patrona da Teologia. Maria Madalena tem vindo a ser uma santa que tem causado muita curiosidade. Sobretudo a partir do célebre romance "O Código da Vinci". Sabe-se muito pouco dela, mas depressa a fizeram amante de Jesus, com direito a filhos e tudo! Maria Madalena é a mulher curada pelo Senhor, de uma grande enfermidade, acompanhou o Senhor na sua vida pública, na sua paixão e morte e foi ela a primeira pessoa que viu o Senhor ressuscitado e ele próprio a enviou a anunciar aos Apóstolos a sua ressurreição. Esta mulher foi tocada por Cristo e isso mudou a vida dela. Por isso, na sua iconografia, vemo-la como a mulher penitente (a tradição diz que ela passou o resto da sua v

Degenerar com dignidade

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Acabo de vir do hospital. Reencontrei uma senhora que o Parkinson vai atacando . Quer escrever mas quase não consegue. Gosta de ler para os outros mas não gosta de ditar porque não consegue exprimir o que sente. Quando entrei no quarto estava a escrever sobre o Inverno e as recordações que lhe traziam: a chuva, as trovoadas, a avó à lareira... Uma senhora que fez voluntariado em oncologia, vê-se agora limitada pelo Parkinson. Para mim o mais difícil da vida não é a morte mas a degeneração. Digo degeneração e não degradação. Degenerar não tem que ser degradar. Pode-se degenerar com dignidade. É a degeneração degradante que me aflige. É o que sinto no hospital: cada doente tem a dignidade que merece. Crente ou não crente, mais simpático ou mais resmungão. Um doente é um desafio à nossa capacidade de ir ao encontro daquele que está mais débil e que precisa de nós. Ao ver um doente de cancro, Parkinson e até de Alzheimer - tudo doenças degenerativas - olho também para o seu contexto.

Árvore de Jessé

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Na Capela do Santíssimo da igreja do Convento de Fátima está pintado um fresco de Ferdinand Gehr: a Árvore de Jessé. Eu que já estive tantas vezes no Convento de Fátima nunca consegui perceber o alcance desta pintura. Foi o fr. Marcos e depois a leitura de um óptimo livro sobre a Arte Sacra em Fátima que me desvendaram o sentido das cores e das formas. Aqui ficam alguns pormenores da pintura: Aqui temos a visão geral da pintura. Infelizmente não consegui tirar a fotografia ideal. Mas façamos o percurso. O painel divide-sem duas partes, que é dizer, em dois mistérios: o mistério da Encarnação e o mistério da Redenção. Ao fundo, do lado esquerdo, vemos o tronco de uma árvore, tronco com duas folhas emolduradas com o verde, cor da natureza e da esperança. Essa árvore tem uma copa onde estão duas figuras: Maria e o Menino Jesus. Por cima da figura de Maria vemos uma nuvem, símbolo bíblico da lembrando a passagem do Evangelho na Anunciação: "O Espírito Santo virá sobre ti e a força do

Com tantas coisas para contar

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Hoje é um dia em que, se as emoções falassem, haveria muita conversa. Em primeiro lugar porque acabou a primeira para do Capítulo e correu muito bem. Comparado com o Capítulo de há quatro anos, em que também participei, este não foi tão tenso. Depois notei também a fraternidade que se vive na vida dominicana. Foram dias intensos entre os que participaram no Capítulo e também com os irmãos deste Convento. O bom acolhimento, o clima fraterno, a boa disposição. Foi um dia de abertura à igreja deste Convento. A primeira igreja construída em betão em Portugal! Não sou eu que o digo, dizem-no vários livros de arte sacra de Portugal. Dos anos 60, com muita luz e simplicidade. Mas o que mais me impressionou nesta grande abertura foi uma pintura que está na capela do Santíssimo Sacramento: a árvore de Jessé. Mais para a frente vou colocar um post só sobre isto. A tarde foi preenchida por duas coisas: dei uma entrevista à televisão "Canção Nova". para preparar um programa sobre os Domi

O frade mais antigo da Província

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Fr. Domingos Martins, frade Dominicano, de 87 anos, é a memória viva desta Província que, daqui a alguns anos, vai comemorar cinquenta anos de presença em Portugal. Chamou-me ao seu quarto - vive no convento de Fátima - para lhe tirar algumas dúvidas de informática. Mas estas dúvidas foram entremeadas com histórias das origens. Por exemplo, fiquei a conhecer a origem da nossa casa da Fonte da Telha, onde costumo passar alguns dias na praia, em que, quando o fr. Domingos lá chegou, nem estrada havia e as casas dos pescadores eram em colmo! Quem pensa que a partir da idade da reforma só tem que esperar a morte ou passar a vida em passeios engana-se. Este frei aprendeu a trabalhar num computador há 10 anos, internet há dois anos, tem conta de email, passa o dia todo a trabalhar para o secretariado do Rosário. Há quatro anos atrás traduziu do latim as nossas leis que acabou num livro de 346 páginas. Presto-lhe hoje esta homenagem porque é um homem sincero, frontal, que fez e faz muito por

Dia de eleições

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Hoje foi um dia cheio. Aqui no Capítulo passou-se a manhã a eleger: escrutinadores, o Provincial, os Definidores... Alguns foram logo eleitos no primeiro escrutínio, outros não. Mas estou feliz pelas escolhas. E se a manhã foi pesada por estas eleições todas, a tarde não foi mais leve. Reunimo-nos em Comissões para analisar os problemas e desafios, diante da realidade que são os Dominicanos em Portugal. Eu estou na Comissão da Vida Comum, Governo e Economia. Há mais duas comissões: Apostolado e Família Dominicana e a comissão sobre Formação e Vocações. Gosto do Convento de Fátima, gosto da igreja, gosto de lá rezar com os Irmãos. Vou-me deliciando com as histórias contadas na primeira pessoa por dois frades que aqui viveram há 50 anos! Depois do jantar um passeio obrigatório. Depois de passar um dia sentado só faz bem. Passeio por Fátima com um confrade. Quando chegámos ao Convento ainda fomos ver a biblioteca: com obras muito interessantes e até coisas de muito valor artístico. Encont

O dia zero

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Já em Fátima, juntamente com os outros capitulares, entrámos na contagem decrescente do início do Capítulo Provincial. Somos apenas 11 e o que fizemos foi verificar se os que estavam na reunião tinham direito a isso - uma burocracia -, a eleição do Secretário do Capítulo - elegemos dois - e a marcação do horário do dia de amanhã e dos outros. para terem uma ideia dos que fazem parte do Capítulo, alguns são de Lisboa, outros do Porto, uns daqui de Fátima e vieram dois irmãos de Angola e um de Israel. Como acabou cedo este primeiro encontro fui até ao santuário. Lá rezei e acendi as minhas velas. O Capítulo Provincial começa, amanhã, ás 9h, com a Missa do Espírito Santo. Que Deus nos envie o seu Espírito para que possamos cumprir neste acto a sua vontade. Até amanhã!

Simplicidade e atenticidade no anúncio do Evangelho

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Na leitura contínua do Evangelho de Marcos que temos vindo a escutar cada Domingo, aparece-nos hoje o tema da vocação: da vocação de Amós como profeta de Deus, na primeira leitura, dos Doze Apóstolos no Evangelho e da nossa vocação à santidade na Carta de São Paulo aos Efésios. E creio que uma das conclusões que podemos tirar destas leituras é que a questão da vocação, do chamamento e até do serviço ministerial da Igreja – o estar ao serviço através do ministério ordenado – não é uma questão de direito mas sim de chamamento. Ninguém na Igreja pode dizer que tem direito à vocação. Isso poderia até tornar-se um sinal de não-vocação. Porque, como em tudo, a iniciativa vem sempre de Deus. É Deus quem chama, é Deus quem envia. Na primeira leitura está muito presente esta perspectiva, quando Amós acaba por se defender dizendo que ele não vem de linhagem profética mas que foi Deus que o chamou a esta missão de profetizar junto do povo. E que as adversidades não o devem fazer desistir porque

Capítulo Provincial

Começa amanhã, em Fátima, mais um Capítulo Provincial dos Dominicanos, Ordem à qual pertenço. E como sou Prior do Convento de Lisboa, também estarei nessa reunião. Um Capítulo Provincial, em linhas gerais, serve para eleger o nosso superior (Provincial) bem como os que que vão estar mais responsáveis pelo governo dos Conventos e Casas dos Dominicanos em Portugal e ainda orientar com normas mais práticas a nossa vida e o nosso apostolado. Podemos ver todos estes acontecimentos como numa instituição civil, ou seja, a eleição dos corpos gerentes. Mas não. Nas coisas de Deus acreditamos que é o Espírito Santo que vai guiando a história da Igreja e do mundo, mesmo quando nós não percebemos bem ou não vai de acordo com o que pensamos ser o melhor. Por isso, o grande protagonista das eleições - desde o Papa até ao Irmão superior de um Convento -, é o Espírito Santo. Curiosamente, as nossas leis determinam que, antes de qualquer acto eleitoral, se deve celebrar uma Eucaristia " Missa do E

Acção de Graças pelo entardecer

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Graças pelo fim do dia Graças pelo sol que declina Graças pela calma que trazes ao mundo. Graças pelas ondas que murmuram juntamente com a minha boca o teu Nome. Graças pelo corpo cansado e que agora repousa enquanto tu velas por mim, Deus do meu entardecer.

O cura d'Ars

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Acabei de ler a extensa biografia do Cura d' Ars. 687 páginas sobre a vida e as virtudes deste santo que motivou a que este ano a Igreja celebrasse o Ano Sacerdotal. Pessoalmente não gosto do época romântica e, por isso, a vida do Cura d'Ars torna-se, a meu ver, demasiado devota para os dias de hoje. Não deixa, no entanto, de ser um exemplo para a Igreja e, de modo especial para os padres: Homem de acção e de oração, fiel e perseverante diante das muitas tribulações que a vida lhe deu, sacrificou a sua vida pelo muito trabalho e pelas mortificações a que se impunha. Viveu na humildade e por isso foi por Deus exaltado. Valeu pelas virtudes. Pode ser que com a sua ajuda eu também as aprenda a viver. Em breve vou ler outra extensa biografia, de um outro santo, contemporâneo deste, também francês e padre: São Marcelino Champagnat, fundador dos Irmãos Maristas, aos quais estou bastante ligado.

Livros

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Venho de comprar dois livros. Melhor, ia buscar o que estava encomendado e acabei por comprar mais um. Gosto de livrarias. Gosto de entrar, percorrer as prateleiras e adoro ser surpreendido por um livro que não iria comprar mas que acaba por me conquistar. O livro encomendado foi o tomo 2 do Diário de Miguel Torga (o primeiro está esgotado), que irei ler em memória da Isabel, que faleceu na manhã de quarta-feira passada. Foi ela que me disse que o melhor de Torga é o Diário. Ficamos a conhecê-lo e a conhecer a História de Portugal. Mas o livro que me conquistou foi o Livro de Horas de Rainer Maria Rilke. Passei por ele, voltei atrás abri ao acaso e li: "Fui cântico, e Deus, a rima / ainda em meu ouvido a murmurar". Não conheço nada deste místico. Mas acho que vai fazer bem um leigo ensinar um padre a rezar. Tenho muitos livros para ler. Mas não tenho pressa. Vou lendo devagar porque devagar vai a vida.

Um baptizado e um casamento

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O dia de ontem foi um dia alegre. Há cinco anos celebrava a minha Missa Nova em Marvila. Ontem, ao meio dia baptizei a Madalena e às quatro da tarde assisti ao casamento da Sara e do Zé. Conheço as familias. Os pais da Madalena foram crismados este ano e fizeram a preparação comigo; a família do Zé conheci-a no hospital, nos últimos dias do pai dele, também Zé, que ajudei a preparar o seu encontro com Deus. É assim a vida de um padre. Para cá e para lá. Hoje celebrei às nove horas em São Domingos de Benfica e estou de partida para Pinhal de frades, ao casamento da minha prima Telma. Mais um momento de encontro da família que é grande.

A mulher de Lot

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Na primeira leitura da Missa de hoje, contava-se a história da destruição de Sodoma e Gomorra, e da mulher de Lot que, desobedecendo à ordem de Deus, olhando para trás, se transformou numa estátua de sal. Esta figura da Mulher de Lot sempre me causou muita impressão. Não tanto porque Deus a transforma numa estátua de Sal (Génesis 19), mas pelo que isso pode significar hoje na minha vida, na nossa vida. Às vezes desanimamos, agarramo-nos ao passado, só sabemos olhar trás. E o passado pode paralizar-nos, transformar-nos numa estátua. Cristo para mim tem o nome de Esperança. E a esperança não se volta para trás, como fez esta mulher anónima, mas olha em frente, caminha para a felicidade. No século VII, um Padre do Deserto, André de Creta, escreveu um grande poema penitencial. Nele faz alusão a esta mulher de Lot, sinal da vida que não se orienta para Deus: " Não sejas como a mulher de Lot, ó minha alma mudada em estátua de sal por ter olhado para trás olha para diante de ti, o caminh