Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2012

Começou a Sessão plenária

Imagem
Começou esta manhã a Sessão plenária da Comissão de Liturgia da Ordem dos Pregadores, da qual faço parte como "suplente" e o motivo que me faz estar em Roma. No Catálogo da Cúria apareço oficialmente como vigário, mas o que na prática se quer dizer é que há membros efetivos, que se reúnem várias vezes ao ano, e os outros, vigários ou suplentes, que assistem a duas reuniões anuais - estas sessões plenárias - e têm trabalho que vão fazendo nas suas províncias, conforme lhes for pedido. O dia de hoje foi de apresentação do que está para ser editado, em termos práticos, e também de diálogo com alguns Membros da Cúria. Conversámos com dois: o Vigário do Mestre da Ordem (o sub) e o Assistente para a formação dos frades. O primeiro informou-nos que a Congregação Vaticana para o Culto Divino está a "apertar" na tradução dos Missais. Nem nos chega a valer um bispo dominicano que lá temos, porque não é quem manda... O outro Assistente, uma vez mais manifestou-nos a preoc

Em Roma

Imagem
Outra vez em Roma. Eu, que quando vim a primeira vez, até deixei uma moeda generosa na Fontana di Trevi, para ver se voltaria à Cidade Eterna, ao menos mais uma vez, começa a ser um destino normal como Fátima, mal comparado, claro está. Fátima e Roma com o mesmo problema: se não nos esforçamos um pouco, acabamos por ficar uma semana em Roma sem vir ao centro, já sem falar em ver o Papa. E Roma, com tanto para ver! Primeira coisa: Videre Petrum. Depois de deixar a mala em Santa Sabina, o Convento onde vou ficar, saio, a pé, para a Praça de São Pedro.É sempre com emoção o chegar, mesmo não sendo em peregrinação, olhar a praça, olhar para a janela do Papa, hoje aberta, talvez pelo calor que se sente, e rezar pela Igreja. Depois, tentar entrar em São Pedro.Ver o já visto, mas com o encanto da primeira vez. os túmulos, os Apóstolos e Fundadores (hoje descobri São Domingos no altar da cadeira à esquerda!), os Anjos papudos a segurarem inscrições ou pias de água benta... a Pietá... Co

Que dizer de tudo isto?

Imagem
« Onde está Pedro aí está a Igreja e aí está Deus ». (Santo Ambrósio de Milão) « Lembra-te de que não és um sucessor do imperador Constantino, mas sim o sucessor de um pescador ». (São Bernardo de Claraval) « Senhor, muitas vezes a vossa Igreja parece-nos uma barca que está para afundar, uma barca que mete água por todos os lados. E mesmo no vosso campo de trigo, vemos mais joio que trigo. O vestido e o rosto tão sujos da vossa Igreja horrorizam-nos. Mas somos nós mesmos que os sujamos! Somos nós mesmos que Vos traímos sempre, depois de todas as nossas grandes palavras, os nossos grandes gestos. Tende piedade da vossa Igreja: também dentro dela, Adão continua a cair ». (Cardeal Ratzinger) Há quem veja nos últimos acontecimentos da Igreja (pedofilia, lutas de poder, publicação de documentos secretos), ataques dos maçónicos ou dos ateus ao Papa e à sua Igreja. De fato não são boas notícias, nem coisas de que um católico se orgulhe, mas também não são ataques. Pelo menos eu

O Espírito Santo

Imagem
Há já bastantes anos que me deram a ler um texto de um Metropolita Ortodoxo, Inácio Hazim, sobre o Espírito Santo. O que é o mundo e a Igreja sem o Espírito Santo e o que é com o Espírito Santo. Aqui o deixo neste dia solene de Pentecostes: Sem o Espírito Santo... Deus está longe, Cristo fica no passado, o Evangelho é uma letra morta, a Igreja é mera organização, a autoridade, uma dominação, a missão, uma propaganda, o culto, uma evocação e o agir humano, uma moral de escravo. Mas, n’Ele... o Cosmos é elevado e geme para dar à luz o Reino, Cristo ressuscitado está presente, o Evangelho é força de vida, a Igreja significa a comunhão trinitária, a autoridade é um serviço libertador, a missão é um Pentecostes, a liturgia é memorial e antecipação, o agir humano é deificado.

Luzinhas que brilham

Imagem
Cá estou eu numa segunda-feira de padre, que é o mesmo que dizer, dia de descanso. São raras, mas às vezes parecem o céu. Da Páscoa até ontem, e para mim ainda esta semana, são dias cheios, de trabalhos e correrias. Mas este foi um dia calmo. Deu para dar uma arrumadela ao quarto, que bem precisava. Não se faz tudo num dia, mas hoje já dei um grande avanço. Falta-me ganhar coragem para uma grande arrumação, que espero fazer em breve. Mas não foi este preâmbulo que me fez aqui vir deixar umas linhas. Venho de um passeio na plataforma do convento. Aproveito para apanhar ar - que bem ando a precisar -, rezar o terço e pensar na vida. E, enquanto fazia isto tudo, começo a ver uma luzinha a piscar. Estava sem óculos, o que pensei ser vista cansada. Mas não. Era um pirilampo que me acompanhava. Lá ia ele, ora ao meu lado ora à minha frente, a piscar, coitado, não aquele verde dos pirilampos mágicos mas um amarelo doce, tipo cor de mel. Entretanto lá se desviou para outros caminhos e, qu

Quinta-feira da espiga: um poema

Imagem
Oferece o canto o cuco a que lhe faz o ninho. O labor das abelhas eleva-se das rosas imitam as searas vénias de mandarim. Há guizos de rebanhos nas papoilas de Maio o corpo das cerejas cobriu-se de cetim. (Poema de Soledade Martinho Costa | quadro de Anabela Aiveca)

História de um Papa ou de um Cardeal

Imagem
Tive uma tarde relativamente calma. De trabalho, mas calma. Enquanto traduzia um texto sobre a vida de São Domingos, revi um filme sobre a vida do Papa João XXIII. Já o tinha visto em Roma, há dois anos, no Capítulo Geral, na língua original. Hoje revi com tradução. O filme não é nada de mais, mas a construção é engraçada. Às vezes os filmes começam a partir do fim, como este, em que o Papa está moribundo e um Cardeal supostamente amigo do Papa (o Papa sim, era amigo dele), amigos desde o tempo de Seminário, escreve-lhe uma carta, e é no desenrolar da carta que se desenrola também a vida do Papa. Ambos percorrem a vida de João XXIII. Vemos, ao mesmo tempo, um Papa bom, sorridente, próximo, que nunca desejou poder, e um cardeal que, após um desentendimento em tempos de seminário, nunca mais volta a ser verdadeiro com o seu colega e amigo Ângelo Roncali. Diante do Papa louva-o, nas costas do Papa diz mal. E assim vemos, ao longo de três horas, o bom Papa João a levar a sua vida, o car

À procura do método

Imagem
Hoje não estou nos melhores dias para escrever. Já tentei duas vezes quer o tema quer os modos, mas não me estavam a agradar. Pode ser que à terceira seja de vez, e mudando de tema os modos também mudem. Na semana passada tive uma reunião com um rapaz, reunião essa que já tinha sido meio apalavrada mas que nunca se tinha realizado mas que, a propósito de uma folha para assinar, deu para nos sentarmos e falarmos um pouco. Dessa reunião coincidiu um tema, o tal tema da reunião apalavrada. Que era bom haver aqui no Convento um grupo de reflexão e ação, de espiritualidade dominicana. Destinado a casais que aqui vêm à Missa, que têm uma base comum - a família - mas que do convento sabem pouco mais de que são frades dominicanos. (Uma vez um senhor ficou admirado por lhe dizer que vivia no convento. Pensava que só cá vinha aos domingos "rezar a Missa"!) Mas, voltando ao tema, a ideia é formar um grupo de casais, que queiram fazer parte do carisma dominicano, que passa pela ora

Somos simples homens

Imagem
No próximo domingo iremos escutar, na primeira leitura, uma passagem dos Atos dos Apóstolos (capítulo 10), em que se narra a visita de Pedro a casa de um centurião romano, Cornélio. Ao entrar em casa, este centurião ajoelha-se diante de Pedro. Mas Pedro levantou-o e disse-lhe: «Levanta-te, que eu também sou um simples homem». No mesmo livro, mais à frente (capítulo 14), Paulo e Barnabé estão em Listra onde fazem um milagre em nome de Jesus. Os Listrenses pensam que são deuses e querem oferecer-lhes holocaustos. Então, os dois travam esta atitude e dizem ao povo: «Amigos, que fazeis? Nós somos homens como vós!» Tenho vindo a pensar nesta atitude de proximidade dos Apóstolos, que podendo fazer-se valer do seu estatuto para terem tratamento diferente, falamos de Pedro e Paulo, acham-se iguais, normais, tão humanos como os que os ouvem ou recebem. E penso também nas distâncias em que por vezes os clérigos se colocam ou então, pior ainda, os colocam, pensando que são mais ou diferentes d

Vida simples

Imagem
Recebi, hoje de manhã, um email de um círculo de amigos de espiritualidade e contemplação de que faço parte, esta reflexão que aqui deixo: " Caminhar pela rua, varrer o chão, lavar a louça, escolher feijão, ler um livro, passear pelo bosque - tudo pode ser enriquecido pela contemplação e pela obscura percepção da presença de Deus " (Thomas Merton). (imagem: Santo António lendo, Marcantonio Basseti, séc. XVII)

Nossa Senhora, Padroeira da Ordem dos Pregadores

Imagem
Em muitos conventos dominicanos se celebra hoje a festa do Patrocínio de Nossa Senhora sobre a Ordem Dominicana. Digo em muitos e não em todos porque é uma das festas que cada província deve fixar no seu calendário particular de celebrações litúrgicas. Até à reforma do Concílio Vaticano II esta festa celebrava-se no dia 22 de Dezembro, no mesmo dia em que tinha sido aprovada a Ordem. Mas, liturgicamente, estava mal colocada. Às portas do Natal celebrar-se esta festa extraordinária, prejudicava a caminhada do Advento. Por isso, depois do Concílio, fixou-se a regra de que se celebrasse num dos dias do mês de Maio, por ser o mês de Maria. Mas, mais importante que o dia é o porquê da festa. De fato, os dominicanos tiveram sempre uma grande devoção e sempre se sentiram protegidos pela sua intercessão. Não digo beatice; digo devoção, afeto. Esta devoção está nas raízes do nascimento da Ordem. São Domingos nunca nos deixou nenhuma indicação sobre a relação entre a Ordem e Nossa Senhora

fr. José Augusto Mourão - 1 ano depois

Imagem
Faz hoje um ano que morreu o fr. José Augusto Mourão, meu confrade. As memórias ficam, a dor atenuando, mas a saudade aumenta. Ao longo destes dias tenho recebido algumas mensagens de união connosco, nesta comemoração do aniversário da morte. Já passou um ano. Talvez o que mais admirei na sua vida foi a sua voz desconstrutiva que, às vezes, para mim, era desagradável, por ser prior, mas hoje sinto a falta de alguém que contradissesse  ou melhor, desse uma outra visão das coisas. O fr. José Augusto era anti-formatação. As coisas não tinham de ser assim porque sempre foram assim. Para ele a novidade, a alteração era uma reação à estabilidade e ao comodismo, ao mais fácil. Também não posso esquecer o seu interesse pela música, em especial do nosso fr. André Gouzes, que aprendi a gostar com ele. E também o querer adaptar as músicas às letras que compunha, um trabalho nem sempre bem conseguido, porque a regra normal é que se arranje uma música para um texto e não o contrário. Gouzes nã

Sobre o Bom Pastor e os pastores

Imagem
O domingo do Bom Pastor já lá vai. No entanto, várias vezes, nesta semana, me tenho recordado deste tema, até porque foi um dos poucos domingos em que não preguei (deve haver três por ano). Esta tarde recebi uma mensagem de uma "ovelha" que me perguntava se estava tudo bem comigo e que no domingo, na Missa, a família tinha sentido a minha falta. Respondi que também eu tinha sentido falta de estar com eles. Ainda por cima no dia do Bom Pastor e eu longe do meu rebanho. Antes de adentrar-me no tema dos pastores e dos bons pastores, gostaria só de dizer que a Missa não é mais ou menos válida dependendo do padre que a celebra. É óbvio que uma comunidade constrói-se, que há celebrações que se vivem mais com um certo tipo de presidência que de outro, mas é de condenar atitudes de pessoas que, se não for aquele padre a celebrar, viram costas, ou se sabem de antemão que não vai estar também não aparece. A Missa é mais que nós todos porque não nos celebramos mas celebramos Alguém

Dia de São Filipe!

Imagem
Celebra hoje a Igreja a festa do glorioso Apóstolo São Filipe! Reproduzo aqui uma pequena notícia biográfica deste Santo, escrita por um dominicano, P. J. Lourenço, op, no seu livro de 1931: Festas e vidas dos Santos do Calendário Romano: " São Filipe, natural de Betsaida, cidade da Galileia, era homem piedoso e muito respeitado dos judeus. Encontrou-o Jesus, um dia, e disse-lhe: «Segue-me». Filipe, que já o conhecia pela pregação de São João Baptista, nunca mais se separou do divino Mestre. Um ano depois escolheu-o Jesus para o Apostolado. Quando os Apóstolos se dispersaram para anunciar o Evangelho a todas as nações, São Filipe foi pregar na província da Frígia onde converteu muitas almas. Os sacerdotes do paganismo e os magistrados, irritados por causa dos progressos do cristianismo naquelas regiões, lançaram mão do Apóstolo, rasgaram-lhe as coisas com cruéis açoites e, amarrando-o a uma cruz, apedrejaram-no. Assim morreu, na segunda metade do século I ".

São José, operário

Imagem
Celebra hoje o mundo que se diz civilizado, o dia do trabalhador. A Igreja, que não quer ficar fora das comemorações, fixou neste dia a memória de São José, operário. Não para ser contra-corrente, nem fazer festas à parte, mas para valorizar a dimensão humana do trabalho. Na Bíblia, o trabalho aparece como imposição de Deus, um castigo pela desobediência dos primeiros pais. Antes deste desafortunado acontecimento, Deus tinha dado ao homem tudo o que tinha criado: "«Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se movem na terra.» Deus disse: «Também vos dou todas as ervas com semente que existem à superfície da terra, assim como todas as árvores de fruto com semente, para que vos sirvam de alimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus e a todos os seres vivos que existem e se movem sobre a terra, igualmente dou por alimento toda a erva verde que a terra produzir.» E a