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A mostrar mensagens de janeiro, 2013

Entrevista

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Na quarta-feira gravei uma entrevista para a televisão que foi ontem emitida. O tema era vida religiosa e vocações. Como fala de muitos temas, e deste blogue também, aqui a deixo.  

Só podia ser São Lucas

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Há já umas semanas que tenho pensado numa parábola de Jesus a que, no Evangelho aparece com o título: "A figueira estéril". Num grupo, ao falar desta parábola como exemplo de paciência e de não desistir, mesmo quando seria o mais fácil, vários ficaram espantados com a parábola, dizendo-me que não a conheciam. Mais tarde, recebi uma mensagem de um deles que me pedia a citação da parábola. Lá lhe escrevi: Lucas, 13, 6-9. Resposta à mensagem: Só podia ser São Lucas. Sim, só podia ser São Lucas, o evangelista que nos mostra um Jesus compassivo, misericordioso, anti "causas perdidas". Aqui a deixo, talvez hoje para me animar e perceber que, muitas vezes, dar um tempo e tratar de alguém, pode ser tão importante como tentar que uma figueira estéril venha a produzir frutos:   "Disse-lhes, também, a seguinte parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou. Disse ao encarregado da vinha: ‘Há três anos que

Jovem, Missionário, Cristão... e quem sabe OP?

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Lembram-se que, há dias, tinha dito que me tinham pedido uma frase para um vídeo? Está terminado e está aqui. Foi feito pelo André M., um dos beneficiários da minha não-ida a Angola. No dia 31 vai ele para lá, seis meses, como Jovem, Cristão e Missionário. Gostava eu que, quando ele viesse de Angola quisesse acrescentar OP ao nome. Quem sabe? Aqui fica o vídeo:

Na sinagoga de Nazaré

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O Evangelho deste domingo narra-nos a ida de Jesus à sinagoga da sua terra, Nazaré. Aí lê uma passagem de Isaías, que Jesus actualiza para aquele tempo, dizendo que a vem cumprir. Um programa de vida e de missão. Para Jesus e para o cristão. Não nos basta ouvir a Palavra de Deus. Temos a obrigação de a cumprir, com a exigência que nos é pedida. Fortalecidos pelo Espírito Santo, em tempos de crise, confrontados com situações de sofrimento, desespero, e tantas vezes difíceis, levar, como Jesus, da parte de Deus, uma boa-notícia aos que dela precisam. Bom domingo.   (imagem: James Tissot, Jesus na sinagoga de Nazaré)

À procura de Jesus

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Sem querer encontrei-O. Não o Cristo dos museus nem o Cristo da teologia mas o Cristo pobre, o disfarçado, o das obras de misericórdia, um Cristo sem alegria. É um Cristo desmotivado, marcado com a tristeza da vida e do fado. Um Cristo que não é exigente um Cristo que procura um olhar, um amigo, um Cireneu que lhe dê a mão e uma palavra quente. Este meu Cristo é o Cristo das metáforas. Das muitas palavras e dos muitos assuntos. Um Cristo em que a vida é um novelo emaranhado, que precisa de alguém com tempo e afecto para lhe desfazer o nós cegos da vida levar com ele a Cruz e lhe mostrar alguma luz. Ao olhar para este pobre sem querer encontrei Jesus. (imagem: Olivuccio di Ciccarello da Camerino, As obras de misericórdia, princípios do séc. XV)

Os inimigos da alma

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Estava a escrever sobre os inimigos da alma, vim à internet ver coisas sobre o assunto e as mesma internet  informou-me que eu já tinha falado sobre eles em Setembro de 2010. É uma questão que me preocupa esta, a da condenação do mundo, ou vê-lo como um "inimigo da alma". Não sou inocente. Sei que, se não somos firmes, as "seduções do mundo" colocam-nos numa espiral de consumismo, relativismo e indiferença que só nos afundam e afastam de Deus. Mas, as seduções do mundo, agora sem aspas, não são o mundo. E gosto de fazer sempre a diferença entre o mundo, criado por Deus, belo e harmonioso, e as estruturas que o ser humano arranjou, umas muito boas e outras que nem tanto. O exagero leva à degeneração e lá entramos nós nesta espiral... Ainda assim não vejo o mundo com maus olhos. Não fujo dele nem faço duelos. O mundo será sempre, para o cristão, um desafio, um confronto, o lugar onde mostramos realmente a força que nos ajuda a viver. Não nos disse Jesus que esta

Mais um desenho

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Hoje, quando cheguei ao Campo Grande, o Miguel estava à minha espera com um desenho de agradecimento por um terço que lhe dei. O Miguel tem 9 anos. Quando, em Novembro, me despedi dele dizendo que ia para Roma e, a brincar, lhe perguntava se queria alguma coisa de lá, respondeu-me logo: uma hóstia! Eu disse-lhe que não era preciso vir uma hóstia de Roma; que na sacristia havia muitas. Então, disse-me ele, um terço para pôr ao pescoço. E eu disse que sim, que lhe ia trazer um terço do Papa. E assim foi. Entreguei-lho na semana passada e hoje agradece com este desenho. Que me fez pensar: o que é que os mais pequenos pensam de um padre? O pormenor do capuz agradou-me. O estar de pé, a rir, também é normal. Entre a cadeira e a cruz é que não consigo decifrar. Talvez porque tenha de me levantar da cadeira para abraçar a cruz? Ou a cadeira será a minha cruz? Deus me livre da cadeira porque, por hora, forças para abraçar a cruz, não me vão faltando. Embora pese.

São Sebastião... da Pedreira

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Só um breve apontamento sobre o dia de São Sebastião, que hoje se comemora. Tenho ido celebrar a São Sebastião da Pedreira, aos domingos de manhã. Não é um compromisso fixo, é só para quando puder e enquanto puder. São Sebastião da Pedreira leva-me a Roma, à igreja e às Catacumbas que levam o seu nome. Deixo aqui a fotografia da estátua de mármore, que se encontra na Basílica de São Sebastião, na Via Ápia. O autor é Antonio Gioretti, discípulo do grande Bernini.

As bodas de Caná

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Neste ano começamos o Tempo Comum a escutar o episódio das bodas de Caná. São João coloca no princípio da vida pública de Jesus este episódio de alegria e de felicidade: um casamento. Este episódio deve-nos fazer ver que nada nos pode tirar a alegria. Assim como Jesus transforma a água em vinho, assim também nós acreditamos que Ele tem o poder de converter a nossa tristeza em alegria, a água da dor em mosto que inebria. Convidar Cristo para a nossa vida é fazer dele um companheiro de viagem, atento às nossas necessidades. E Maria lá está, preocupada connosco e apontando para Ele. Bom domingo!

Coisas de monges

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A propósito de dois livros que comprei hoje, por causa de uns vales que estavam a expirar, e não me querendo armar em Professor Marcelo, apresento os livros que ainda não li mas que me interessam e dos seus contextos: 1. Christophe Lebreton, monge, mártir e mestre espiritual para os nossos dias . Este nome não nos dirá muito mas quem viu o filme "dos homens e dos deuses" sabe quem é. Não é o superior da Comunidade de Tibhirine mas o mais novo, de barba, sorridente. Já tinha ouvido falar do diário espiritual do superior da comunidade, o P. Christian, mas as Edições Consolata fizeram sair agora uma biografia deste outro monge, que também tinha um pequeno diário. A biografia é feita pelo bispo que o ordenou, Dom Henri Teissier. É um livro pequeno, mas creio que valerá a pena porque nos levará para além do filme. 2. Deus, Dinheiro e Consumismo, diálogo entre um monge e um gestor . Livro interessante e actual. Diálogos entre o grande Anselm Grün e um não menos grande Jochen

Entrevista do Mestre da Ordem

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Além da visita do Mestre da Ordem à Província, houve também tempo para se encontrar com os meios de comunicação social. No outro blogue (aliis tradere) poderão encontrar duas entrevistas. Aqui deixo a que foi feita pela Família cristã.

Sobre Santo Antão e ser radical

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A princípio a palavra "radical" fazia-me lembrar fanatismo, exagero. Até que, andando eu na casa dos vinte, e no Seminário, numa recolecção, apareceu a palavra radical. E o padre explicou: não radical de fanatismo mas de ir à raiz. É uma palavra que uso mas que explico como me explicaram: radical de ir à raiz. Hoje a Igreja celebra a festa de Santo Antão (ou António). Um homem radical. Para ele, o Evangelho foi norma de vida. Ao contrário do que às vezes nós consideramos, usando o Evangelho a nosso favor ou relativizá-lo, dizendo que Jesus não quer que sejamos tão "radicais", Santo Antão conforma a sua vida com o Evangelho. Lá está, conformar, que pode ter um sentido negativo e cheirar a resignação, tem na sua origem um outro sentido: ajustar. E, porque a palavra evangélica decisiva na vida de Santo Antão foi: " Se queres ser perfeito vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem, segue-me ", escutada ao entra

Quatro apontamentos

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Não ter ido a Angola não foi uma desgraça. Ou seja, não fiquei sem trabalho. Aliás, estes dois dias têm sido muito bons para retomar alguns projectos que esperavam na gaveta uns dias da minha disponibilidade para se verem adiantados ou concluídos. Aqui ficam hoje quatro apontamentos sobre estes dois dias. 1. Disposição para ouvir.  Creio que já aqui escrevi mas, como não sei onde, repito mais uma vez: um dos ministérios dos padres é o da escuta. Disponibilidade para escutar. Que é diferente de uma consulta de psicologia ou de uma conversa de amigos. Pode ser tudo isso mas é mais que isso. Entendo-o como um ministério. Não é muito reconhecido porque é necessariamente discreto. E também secreto. De uma das conversas fiquei com esta frase que me citaram, de São Tomás de Aquino, que já descobri a fonte: " Sustinere est difficilius quam aggredi " (suportar é mais difícil do que atacar). É realmente é verdade. Às vezes apetece reagir mas, o melhor, é sempre aguentar. É tão fác

Seja Deus servido

A esta hora deveria estar eu a viajar, com destino a Luanda. Mas foi Deus servido e c á fiquei. Estes últimos dias foram de algum stresse, por causa do visto, que iria chegar e não chegou. Não vale a pena conjecturar, atribuir culpas ou o que seja. Mas foi engraçado ver as reacções de algumas pessoas durante o dia de hoje: uns disseram que ainda iria, e que ia ver que ia gostar. Outros, que não ia hoje para ver o Benfica e, outros ainda, como a minha mãe, mandaram-me interpretar como sinal de Deus: é porque não era para ser.  No fundo tenho pena de não ter ido. Tinha alguma ilusão.  Mas, a propósito de missões, nesta semana três congregações religiosas, que me são próximas, vão fundar novas comunidades em Timor: os dominicanos, as dominicanas de Santa Catarina de Sena e as irmãs do Sagrado Coração de Maria. Estas últimas, frequentavam com regularidade a Missa das 17.45h. Hoje, no final da Missa, pedi-lhes que se apresentassem e falassem da sua missão. Ent outras coisas disseram que n

O Baptismo de Jesus

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Diante do Baptismo de Jesus ficamos sem saber quem teve o gesto profético: se João, ao baptizar Jesus ou Jesus, ao deixar-se baptizar por João. Mas não deixa de ser comovente a humildade dos dois: o profeta que baptiza o Messias e o Santo que se junta ao grupo dos pecadores. Jesus, ao descer às margens do Jordão, indica-nos um caminho de humildade, difícil, mas necessário, como se um desfiladeiro fosse: descer, sem medo nem hesitações. Para nos encontrarmos connosco próprios e encontrarmo-nos com Jesus, que santificou as águas que nos purificam e dão vida nova. Depois, subiremos com ele, de mãos dadas, e túnicas novas, não já pelo desfiladeiro do pecado mas pelos caminhos luminosos do amor.

O meu santo protector

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Calhou-me como santo protector para 2013 o dominicano português, São Gonçalo de Amarante. E hoje é a sua festa. Aqui deixo uma pequena biografia sobre ele. No dia 1, quando comentava com uma Irmã, que também lhe tinha calhado o mesmo Santo (vai ter muito trabalho connosco!), dizia-lhe: Irmã... fazer pontes! Ao que ela respondeu: Isso é que é mais difícil. Às vezes deitam-nas abaixo. Tive de lhe dar razão. Aqui fica, então uma pequena biografia de um grande santo português, Gonçalo de Amarante. E, se lhe calhou São Gonçalo, ou lhe tem devoção, não esqueça: honre-o. Faça pontes. "Nasceu em Tagilde, perto de Guimarães, Portugal. Não são conhecidas com precisão as datas da sua vida. Pertenceu ao clero secular, tendo sido pároco. Depois peregrinou 14 anos para visitar os lugares santos, quer da Palestina quer de Roma. Ao regressar à sua paróquia, tendo sido recebido com ameaças e perseguições, optou por uma vida eremítica. Entrou mais tarde na Ordem dos Pregadores e, após ter a

Um ramo de amendoeira

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" E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que é que vês, Jeremias? Eu respondi: Vejo uma vara de amendoeira. Então me disse o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir ". Acabou a visita do Mestre da Ordem a Portugal. Esta manhã houve a reunião do Conselho da Província, onde já nos adiantou algumas orientações sobre o que viu. As palavras de Jeremias (1, 11), com que comecei este post, falam de novidade. Na verdade, a amendoeira é a primeira árvore da primavera a florir. E, em tempos de tanta crise, social e religiosa, à qual não escapa a própria vida religiosa, apercebo-me que as intuições do Mestre da Ordem não nos levam ao passado, tenha sido derrotista ou glorioso. Confirmei aquilo que já vinha a sentir de outras alturas, que o olhar positivo, real e estimulante sobre o presente e o futuro, é semelhante à visão do profeta que, ao ver o ramo de amendoeira florir, percebe que um novo ciclo começa. Será um desafio para nós, dominicanos

Irmão e Sucessor de São Domingos

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Estou a chegar de um encontro da Família Dominicana. Na paróquia de São Domingos reunimo-nos para uma tarde de encontro com aquele que, ao longo das apresentações, se ia dizendo que era "Irmão e Sucessor de São Domingos". O Mestre da Ordem, fr. Bruno Cadoré, esteve estes dias em Portugal, em conversas pessoais e comunitárias, encontros e celebrações, segundo ele para ver como vivem e pregam os Irmãos de Portugal e, pela nossa parte, para o escutar. Esta tarde presenteou-nos com uma reflexão sobre Nova Evangelização. Falou da contemplação e da amizade. Fixei a ideia de que não dialogamos só com o mundo mas dialogamos no mundo. Houve em seguida a Missa e depois um jantar com alguns representantes da Família Dominicana. No final do jantar o Mestre da Ordem pediu para falar. Agradeceu o jantar, o acolhimento, e terminou com este pedido: "Não procurem vocações porque vocês precisam de ser substituídos; procurem vocações porque o Evangelho de Deus precisa de ser anuncia

Exigência diária

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Começou o ano há oito dias. Aos poucos a novidade vai-se dissolvendo, o "ano novo, vida nova" começa a não ser assim tão determinado e voltamos às rotinas, aos humores e às correrias do costume. Há uma exigência diária que se devia impôr, como quem faz desporto, ou corrige um mau hábito. O desleixe engorda e, na vida espiritual, engordar não é bom. Não é por acaso que São Paulo, numa das suas cartas, fala do atleta como modelo para o que poderíamos chamar "atletismo espiritual" (1 coríntios, 9, 24). A tradição ortodoxa grega tem uma oração para começar o dia, em 14 pontos. Funciona como compromisso: Deus ajuda se nós nos ajudarmos (mesmo sabendo que muitas vezes Deus ajuda sem nós nos ajudarmos). Aqui os deixo, como oração de exigência cristã. Pode ser que Deus nos seja favorável e nos torne melhores. Se achar que é muito para um dia, reze um por cada semana. Sempre é melhor que nada. 1. Senhor, faz com que o meu dia seja bom e sem pecado. 2. Senhor, estende

O último Cd de Natal

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Oiço hoje o último cd de Natal. Depois da Epifania já começa a estranhar o We Wish You a Merry Christmas ou o Stille Nacht . Escolhi para este dia um cd de selecções de músicas de Natal. Era a estreia. Os americanos que me desculpem mas os arranjos deles não me agradam nada. Parecem-me plásticos. Quando oiço as suas canções de Natal lembro-me sempre de centros comerciais, azáfama e sacos de compras na mão. Prefiro os Natais ingleses, polacos ou ortodoxos, com a sua esplêndida qualidade e sobriedade. Ou os nossos Natais. Sim, o made in home: o de Elvas ou de Cardigos, e até os outros populares que não estão assignados a qualquer zona. Por isso, decidi trocar de cd. Oiço agora "Um Natal Português", de músicas tradicionais portuguesas com arranjos contemporâneos para orquestra o que lhes dá uma beleza singular. E assim acaba o meu Natal. Quase como o fim de uma peça de teatro: descem as cortinas, apagam-se as luzes e fecha-se a porta. Fica, no entanto, uma vela acesa: a que

Um cavalo, um camelo e um elefante

Ontem, num almoço com uma família, em que sde falou de Jesus e dos episódios da sua vida, o pai dizia-me que tinha visto, uma vez, uma representação original mas talvez a mais verdadeira dos Magos: que um vinha a cavalo, outro de camelo e outro de elefante. Digo talvez a mais verdadeira porque vinham nos meios de transporte do mundo conhecido: cavalo na Europa, camelo na África e elefante no Extremo-Médio Oriente. Sobre os Magos é mais o que se inventou do que o que se sabe. Mas é bom assim. Não é pecado enriquecer e interpretar o presépio. Hoje é dia de Reis. Dia de manifestação e de luz. De pedir a Deus que a Igreja não se feche sobre ela mas perceba que a mensagem de Jesus é maior que a instituição. Como diz um amigo meu em relação à Igreja: o produto é muito bom, o markenting é que é fraco. Hoje é dia de Reis. Para mim o começo imediato da minha próxima viagem: Angola. Acabo de tomar o medicamento preventivo para a malária, uma semana antes de partir.