Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2013

Se não vos tornardes como crianças

Imagem
Não tinha pensado escrever hoje mas, três apontamentos sobre o mundo infantil que não quero deixar passar: 1. Vem uma terceira sobrinha a caminho. Recebi hoje a mensagem do meu irmão. Mais uma menina... 2. Visitei, mais uma vez, a Ajuda de berço. Fui com uma amiga que está a pensar adoptar uma criança. O motivo da ida foi esclarecer algumas coisas sobre adopção. Além da conversa, que até para mim foi importante, visitei a criançada. Uma festa. Há mais de um mês que não ia lá e ainda se lembram-se de mim e do meu nome. A um perguntei como é que ele se chamava e respondeu-me: Ainda não sabes o meu nome? Fiquei encavacado. Razão tinha Pessoa: Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças . 3. Está cá no convento o sobrinho de um frade que é missionário em Angola (o frade). Veio mostrar-nos uma exposição de fotografia que quer divulgar. Fotografias do Wako-Kungo, onde temos uma missão. Além de interessante, emocionante. E assim passou mais um di

A medida do amor

Imagem
O Evangelho deste domingo leva-nos para a noite de quinta-feira Santa, a véspera da Paixão do Senhor. A uma das frases mais bonitas e conhecidas, ditas por Jesus: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei . Grande medida a do amor cristão: amar o próximo, amigo ou inimigo, bom ou mau, conhecido ou desconhecido, com a mesma medida, que não é a minha mas a do meu Senhor e meu Deus. Cristo, horas antes de entregar a sua vida por amor, pede-nos que nos distingamos positivamente pelo amor que manifestamos uns aos outros. Os tempos em que vivemos também falam de amor. Não tanto de um amor em função do outro mas bem mais narcisista: eu quero ser amado, preciso de alguém que me ame. Jesus mostrou-nos que este é um caminho cego. Como poderei ser amado se não amo? O amor de Deus que sentimos na nossa vida não é uma teoria. Como vivê-lo no dia-a-dia? Bom domingo!

Diálogo e gestos de amor

Imagem
Este terceiro tema do CPM fala da relação do casal no que diz respeito ao diálogo e aos gestos de amor. Uma tentação errada é pensar que os gestos de amor se resumem à relação sexual. Perceber que uma relação a dois é uma construção baseada na amizade, no diálogo, no perdão. Perceber que uma relação não é uma realidade estática mas que vive em constante dinamismo, mesmo com as rotinas. Por isso evolui, consolida-se. Quando se fala em diálogo numa relação a dois não é tanto saber se há temas para evitar o silêncio. O diálogo é fundamental em qualquer relação, e em especial numa relação em que os dois são um só. Por isso, o silêncio pode ser diálogo, se for saudável. O silêncio forçado, que cala problemas, esse sim prejudica não só o diálogo mas até a própria relação. O diálogo existe quando existe honestidade e naturalidade. Casar na Igreja leva-me a perceber que o meu companheiro/a tem uma dimensão sagrada na minha vida. Não foi por acaso que ele apareceu. Porque não vê-lo como aq

Antioquia e a responsabilidade cristã

Imagem
A leitura da Missa de hoje levou-me à Turquia. Mais em concreto a Antioquia, onde pela primeira vez se chamaram aos seguidores de Cristo "Cristãos". Em 2008, por esta altura, visitei algumas cidades da Turquia, entre as quais esta pequena cidade, já afastada do centro do país e do turismo turco. Impressionou-me o que ficou do tempo dos primeiros cristãos: um lugar de oração, escavado na rocha de uma montanha. Aí celebrámos Missa, foi lida esta leitura dos Actos dos Apóstolos e sentiu-se a herança que aquela comunidade nos deixou. Depois, visitámos a cidade e o bairro cristão, com apenas duzentos cristãos e, segundo os dados do padre, há cinco anos, oitenta deles seriam católicos. O bairro é pequeno, com ruas estreitas; a igreja onde eles celebram, esconde-se por detrás de uma porta de madeira e de um pátio. Tudo muito discreto. Infelizmente não conseguimos estar com aquela comunidade cristã. Antioquia faz-me pensar numa comunidade frágil, pequena, tida talvez por muito

Pastores a cheirar a ovelha

Imagem
Este IV Domingo da Páscoa, que começamos agora a celebrar, é conhecido como o domingo do Bom Pastor. No Evangelho escutamos, em cada ano, uma passagem do capítulo 10 do Evangelho de São João, em que Jesus se afirma como o Bom Pastor e explica o que isso significa. No rebanho de Cristo seremos sempre todos ovelhas. No entanto, alguns são chamados a imitar o Bom Pastor, sendo bons pastores junto do seu rebanho. Na passada quinta-feira santa, na Missa Crismal, o Papa Francisco pedia aos padres que eles fossem "pastores com cheiro a ovelhas". É a atitude de serviço e de proximidade pedida aos pastores e ao rebanho, todos escutando a voz do Senhor e seguindo os seus ensinamentos. Bom domingo!

Matrimónio - Sacramento

Imagem
Segundo tema do CPM: o Matrimónio como Sacramento . Aqui ficam as minhas notas sobre o tema: Na semana passada falava-se mais da dimensão humana do casamento: uma comunidade de amor. O amor está na base de uma relação a dois. Nesta semana acrescenta-se a dimensão religiosa. Este amor não é só um amor meramente humano, que um sente pelo outro. É perceber que é possível amar o outro à maneira de Jesus. Esta é a grande diferença entre um contrato e uma aliança (na Bíblia, as relações entre Deus e os humanos são chamadas de alianças. Uma aliança é um juramento que se faz diante de Deus). O nosso Deus não é um Deus de contratos. O contrato não obriga a amar; só obriga a cumpir. Só as alianças podem levar ao amor ("aceito livremente amar"). E porque Deus é amor e quer que nos amemos uns aos outros como Ele nos ama, casar na Igreja é comprometer-se diante de Deus e da Igreja de que queremos amar com essa intensidade de amor com que somos amados por Deus. São vários os motivos

Parasceves

Imagem
A palavra é difícil, litúrgica até. Mas pensei nela antes de pensar no texto. Parasceve vem do grego e significa Preparação. No judaísmo, embora usem mais o hebraico, significa a Preparação da Páscoa. Os cristãos, ao longo dos séculos davam este nome à Celebração de Sexta-feira Santa, talvez porque este dia, no ano da morte de Jesus, era o dia da Preparação para a Páscoa. Mas uso esta palavra no sentido mais profano: preparações. Que começaram ontem, com as preparações das Primeiras Comunhões do Externato Marista de Lisboa. Uma pequena conversa com eles, para lhes explicar o que significa o que vão celebrar. Apercebo-me que as palavras que usamos, sejam teológicas, sejam litúrgicas, são-lhes completamente estranhas: comungar, contrição, absolvição... um trabalho de enriquecimento da língua portuguesa, porque a conversa acaba por ser isso mesmo: interpretação. Depois da conversa e preparação para as confissões, fazem a sua primeira confissão. Uns mais nervosos que outros, como em

Deambulação

Imagem
Não sei quem sofre mais na hora da partida. Será quem fica porque não vai ou quem vai porque não fica? Sentimento estranho, este, de ausência ou separação. Mas, para quê tanto olhar triste, angústia vazia, sentimento vão, se aqueles a quem queremos os levamos no coração? (imagem: Childe Hassam, pôr-do-sol no mar, 1911)

Tudo acaba bem quando começa bem

Imagem
A frase é atribuída a Shakespeare mas traduz bem o relato do Evangelho deste terceiro domingo de Páscoa. Voltamos às margens do mar de Tiberíades, o lugar primeiro do chamamento dos primeiros discípulos. Aí Cristo os chamou, aí os volta a encontrar, de novo a pescar, mas desta vez para lhes entregar o seu projecto de salvação do mundo. Para isso é preciso amar o Senhor e cuidar das suas ovelhas, como Ele nos ama e cuida de nós. Assim é conosco: Jesus vem ao nosso encontro, sempre, para nos reabilitar, dizer que nos ama e convidar-nos a segui-lo. Mas nós, preferimos as rotinas, voltar às redes e à pesca, em vez de nos lançarmos numa vida nova. Será Jesus Cristo verdadeiramente o Senhor das nossas vidas? Bom domingo!

Uma comunidade de Amor

Imagem
Começou ontem, na paróquia de São Domingos de Benfica, com um grupo de sete casais, seis pares de noivos e eu, um cpm (centro de preparação para o matrimónio). Há muitas maneiras de fazer este cpm. O mais corrente é fazer num fim-de-semana. O mais clássico e original é fazê-lo em seis sessões, uma vez por semana. O método é trabalhoso mas, ao mesmo tempo, profundo. Durante seis semanas os casais trabalharam os seis temas do cpm a partir da sua própria vida. Cada casal falou entre si e partilhou com os outros casais. Depois de trabalharmos os seis temas, foram distribuídos por cada casal para, depois, o apresentar aos noivos. Agora, com os noivos, o método é o mesmo: os noivos falam entre si dos temas, a partir de umas perguntas que lhes entregamos de uma semana para a outra e, depois, no encontro, partilham com os outros noivos e casais. No fim o casal apresenta o seu testemunho e o assistente (neste cpm é este que vos escreve) diz também umas palavras. Vou tentar cá escrever o qu

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor

Imagem
Que seria da minha vida, Senhor, se não me sentisse envolvido pela tua misericórdia? Procurar a tua confiança no turbilhão das minhas angústias a tua alegria no lodo das minhas tristezas a tua presença no escuro a minha solidão. Mas tu vences em mim. És mais doce que o meu desejo mais forte que a minha vontade mais presença que a minha indiferença. Fujo e vens ao meu encontro aproximo-me e deixas-te tocar, e posso também eu dizer, enfim, Meu senhor e meu Deus. Que seria da minha vida, senhor, se não fosse a tua misericórdia. (imagem: Michael O'Brien, Cristo Ressuscitado)

Mais sinais ou mais fé?

Imagem
O Evangelho deste domingo leva-nos ao encontro com o Ressuscitado. Quase todos somos como Tomé: gostaríamos de ter mais sinais para termos mais fé. Mas Jesus ensina-nos o contrário: que a fé é que nos faz descobrir mais sinais. Por isso diz Jesus a Tomé e a cada um de nós que mais feliz é quem acredita sem ter visto. Não somos nós quem temos de tocar o Ressuscitado mas sim, deixarmo-nos tocar por Ele. A comunidade reunida cada domingo, o primeiro dia da semana, é o lugar do encontro com Cristo, no meio de nós. Como preparamos e vivemos esse encontro semanal? Basta marcar presença? Bom domingo!

Timothy Radcliffe e o cinema

Imagem
O dominicano Timothy Radcliffe adora cinema. E, muitas vezes, serve-se dos filmes para falar de fé, espiritualidade e até de vida religiosa. A frescura de um artigo ou de uma conferência ajuda-nos no caminho da fé. Fui ontem celebrar às Irmãs do Lumiar. No fim da Missa ofereceram-me um vaso de hostelã-pimenta, que já plantei no nosso jardim, e o texto de uma conferência que Timothy Radcliffe fez no Instituto de Pastoral dos Dominicanos em Montréal.  O tema foi: A imaginação cristã: como é que a fé cristã pode tocar os nossos contemporâneos . Baseou-se no filme "Dos deuses e dos homens". Está em francês, não a traduziram, mas se a quiser ler  clique aqui . Li a conferência durante a viagem de regresso. Aqui deixo um parágrafo, que traduzi sobre o joelho, e que fala sobre o que é um santo: " O santo é alguém que se atreve a ser ele mesmo ou ela mesma. Ele recusa-se a conformar-se ir no grupo e de correr com a multidão. A virtude é o laborioso nascimento de um indivíduo.

Aromas de Páscoa

Anda o país metido numa grande quaresma. Não tanto pelos efeitos da crise - menos dinheiro, mais privações, mais sacrifícios forçados - mas pela escravidão em que nos colocaram os senhores do negócio, governantes actuais e do passado, ministros que agora são deputados ou directores gerais de grandes empresas, ou o contrário, que também acontece, ministros que antes foram deputados, também eles donos de escritórios de advogados, por exemplo, que vivem à conta dos processos do Estado. Para não ser injusto, coloco também o ministro que, antigamente foi primeiro e agora preside à nossa nação (numa mensagem que recebi li "anedota de país"). Ontem dei comigo a pensar: se me chamassem para falar sobre a crise o que diria? O melhor é nem chamar. De contas só sei de somar, subtrair e multiplicar (se forem fáceis). Não percebo nada de contas. O que vejo é que os pobres estão mais pobres e os ricos um pouco menos ricos. Vejo um povo obrigado a sacrifícios e os governantes (Assembleia

As mulheres da Ressurreição

Imagem
O Domingo de Páscoa enche de temor e de alegria as Mulheres da Ressurreição e os discípulos. De temor porque o corpo do Mestre não está no túmulo; de alegria porque o corpo não foi roubado mas está ressuscitado. Entre lágrimas de tristeza que se convertem em lágrimas de alegria, são elas quem vão anunciar, numa alegria desmedida que ele está vivo. Nós, cristãos, muitas vezes, procuramos Cristo onde ele não está. Enganamo-nos nos lugares e caminhamos no escuro, sem luzes de ressurreição. Uma coisa é certa: deixar-se encontrar com o Ressuscitado muda o sentido das nossas lágrimas e muda a nossa vida. Quando nos deixaremos tocar pela Voz ressuscitada e ressuscitadora de Cristo? Bom domingo! (Peço desculpa por não ter publicado este post no sábado passado... ainda assim, esta semana é de alegria pascal)