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A mostrar mensagens de outubro, 2013

O valor da amizade

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Depois do amor, o mais se deve prezar é a amizade. Aliás, para muitos, a amizade acima de tudo. E para alguns "teóricos" da amizade, ela é uma forma de amor (" A amizade é a forma ética do amor "). Digo muitas vezes que tenho poucos amigos. E digo a verdade, não minto. Não digo com pena, digo com tranquilidade, porque sei que os poucos amigos que tenho são mesmo amigos, os de todas as horas, os que são capazes de se alegrar com as nossas alegrias e abraçar-nos nas lágrimas. Os amigos não têm de dar nem de receber, têm de estar. Não tanto no Facebook mas na vida. Uma vezes apoiam-nos outras confrontam-nos. Podem não gostar do que fazemos ou do que pensamos mas continuam a ser amigos. Por vezes dois amigos são dois teimosos, outras vezes concordam em muito ou pouco, mas um amigo não fica calado, excepto se o silêncio for forma de falar. Umas vezes dão conselhos sem pedirmos e outras pedimos o seu conselho, porque sabemos que ajudarão numa decisão. Para mim, o que m

Que fizemos da oração?

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Na sequência do domingo passado, o evangelho deste domingo volta a falar-nos de oração. E, outra vez, Jesus usa uma parábola - a do fariseu e o cobrador de impostos - para nos ensinar uma atitude que deve ser constante na nossa relação com Deus: a humildade. Esta parábola ensina-nos que devemos rezar a nossa vida, falar com Deus mais sobre aquilo que somos do que sobre aquilo que fazemos. Deus que tudo sabe e vê não precisa que lhe contemos o que andamos a fazer. Nem precisa dos nossos louvores. Deus quer que cada um de nós se dê conta que para nos "ligarmos" a ele temos de assumir que nem tudo está bem, que fazemos e dizemos coisas que nos envergonham e que queremos, com a sua ajuda melhorar. Em que é que tornámos a nossa oração? Dizer orações, cumprir as devoções e os tempos, ou verdadeiro encontro com Aquele que me conhece, ama e é meu amigo e me enche da sua misericórdia? Bom domingo!

Os hábitos

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Passam hoje quinze anos que, em Sevilha, vesti o hábito dominicano. Sem dúvida, a celebração dominicana mais bela e profunda. Exteriormente e interiormente. Exteriormente, bela, porque se muda de roupa, passamos a ser chamados de freis, nos prostramos a pedir misericórdia e somos recebidos na comunidade. Mas interiormente a profundidade do que significa: sermos abraçados pela misericórdia de Deus e da dos irmãos, misericórdia que leva à conversão de outros hábitos, que significa conversão de vida, para termos uma vida nova, branca e preta, não de extremos, mas de verdade e responsabilidade, esclarecida pelo estudo, iluminada pela oração, acompanhada pela comunidade e testemunhada pela pregação. Vestir o hábito dominicano é tomar consciência das renúncias diárias que ele obriga: não querer ser superior a ninguém, por isso é frade, não querer ligar a vaidades, entenda-se as coisas vãs, querer que o corpo dignifique aquilo que o cobre. Nós conhecemos o ditado que diz " o hábito nã

Oração e vida

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No domingo passado o Papa Francisco dizia que, a propósito da fé, “a oração é a respiração da fé e da vida”. No Evangelho deste domingo Jesus irá explicar através de uma parábola que é necessário orar sempre, sem desanimar. Por vezes a nossa oração resume-se à repetição, com mais ou menos distracção, de orações. E, para muitos de nós, ela ainda não faz parte da nossa vida, quer em quantidade quer em qualidade. Fazer da oração encontro com Deus, querido e desejado, acolhimento da sua Palavra para melhor cumprirmos a sua vontade, é perceber que Deus, que nos ama e está atento à nossa vida, enche-a com a sua presença e com os seus dons. Mas a questão continua: como tornar a oração a respiração da fé, da alma e da minha vida?

Fotografias amarelecidas

Transcrevi para este blogue uma pequena reflexão sobre a vida, que foi escrita pela Madre Teresa de Calcutá. Foi-me dado por uma pessoa que está aqui a fazer retiro. Disse-me que já a ajudou em muitas ocasiões da vida dela. "Tem sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos... Mas o que é importante não muda; a tua força e convicção não têm idade. O teu espírito é como qualquer teia de aranha. Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida. Atrás de cada conquista vem um novo desafio. Enquanto estejas vivo, sente-te vivo, se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo. Não vivas de fotografias amarelecidas... Continua, quando todos esperam que desistas. Não deixes que enferruje o ferro que existe em ti. Faz com que em vez de pena, te tenham respeito. Quando não consigas correr, caminha. Quando não conseguires caminhar, usa uma bengala. Mas nunca  te detenhas."

Oração para o início de um retiro

Senhor Jesus, eu te agradeço a possibilidade de fazer uns dias de retiro. Parar, afastar-me da cidade, subir ao monte para rezar entrar na tua casa, oleiro da minha vida, para acolher a tua Palavra e melhor cumprir a tua vontade. No início deste retiro quero entregar-te as minhas preocupações e angústias,  o meu cansaço e os pensamentos apressados; que o cinzento não tolde o céu azul nem a luz da tua claridade. Concede-me o espírito de interioridade, de paz, de oração e de paciência; e o dom da conversão para ser como o barro nas mãos do oleiro, eu, nas tuas mãos, moldado pela fé, pela esperança e pela caridade. Virgem Maria, Senhora do silêncio e da escuta, concede-me nestes dias o dom da contemplação e da alegria para, como tu, em cada dia, ir dizendo a Deus o meu sim. Ámen. (cf. Jeremias 18, 1-6)

Desenho

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A Margarida veio hoje à Missa ao Convento. Pintou-me e ofereceu-me a pintura. Aqui a deixo, com os meus agradecimentos.

O dom da cura

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O Evangelho deste domingo fala-nos da cura que Jesus faz a dez leprosos. Pelo que nos dá a entender, nove eram judeus e um samaritano. Dos dez só um voltou atrás para agradecer a Deus o dom da cura. E esse foi o samaritano, o considerado excluído e herege. Este homem vai ser duplamente curado: da lepra do corpo e da lepra da alma, o pecado: a tua fé te salvou. Muitas vezes só procuramos a cura do corpo ou o milagre das coisas terrenas. Jesus oferece-nos uma outra cura, mais importante e mais profunda: a da alma. Abrir os olhos do coração para a cura que Deus tem para nos dar é o maior milagre que podemos receber. Seremos ingratos para com Deus ao não reconhecermos a verdadeira cura de Deus? Bom domingo!

Jovens sem Deus

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Dias cheios estes, os meus, de trás para a frente, de horários trocados que tanto me moem. Nas idas e voltas tudo acontece: o esperando e o inesperado, o combinado e a surpresa. No meio disto tudo, valem-me as viagens tranquilas. As desta semana, além das voltas do bairro, foram em grande parte de comboio. De comboio para o Porto e de comboio para Cascais, onde tenho ido fazer umas pregações. E, nas viagens calmas, dá para leituras calmas. Li, esta semana, um livro interessante, provocador, talvez até demasiado realista, que aborda um problema muito sério para a Igreja: a difícil relação entre os jovens e a fé. O título do livro já deixa ver a seriedade da problemática: A primeira geração incrédula. Não se trata de atribuir culpas nem desculpas. Mas o autor chega a uma conclusão inquietante: esta geração não é contra Deus mas sim sem Deus. Não adianto mais mas olhem os tipos de jovens que temos nas nossas sociedades europeias: " crentes, crentes não-praticantes, ateus, ateus

A todo o vapor... De regresso

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Já de regresso a Lisboa. Missão comprida. As 4 horas que estive no convento do Porto foram fraternas e saudáveis. Poucas vezes lá estive e nenhuma a demorar. Almocei com a comunidade, com alguns demos o "passeio higiénico" no jardim do convento e falei com os dois candidatos. Como me despachei muito antes da hora do comboio fiz uma boa caminhada do convento à casa da música e fui de metro até à estação de comboios, tendo ainda oportunidade para ir à capela da Senhora da Saúde, onde um dos freis é capelão. E agora lá vou eu na viagem de regresso. Venho feliz a animado. Bendito seja Deus! A fotografia que acompanha estas poucas linhas tirei-a da entrada de uma loja. Foi o que me fez ir ao Porto: Por Vocações. Tem a sua piada...

A todo o vapor

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Hoje esta expressão está desactualizadíssima. Já não há comboios a vapor para podermos usar a expressão. Agora mais depressa se diria vou a todo o Alfa pendular (ainda não temos nem teremos tão depressa o rapidíssimo tgv...). E cá vou eu a caminho do Porto, onde vou passar o dia. Vou para falar com candidatos à Ordem Dominicana. A minha primeira actividade como "formador" e promotor das vocações. ( Convido-o a que visite o site dos dominicanos (dominicanos.com.pt). No link vocações encontrá novos artigos sobre vocações). Lembro-me do Beato Jordão de Saxónia que, como Mestre da Ordem, andava pa ra trás e para a frente e, nas cartas que escrevia a Diana, havia sempre umas linhas referentes aos candidatos que ele admitia: muito bons e aptos para a nossa Ordem. Que ele, patrono das vocações dominicanas, nos inspire, a quem está e a quem bate à porta, para que a vontade de Deus se cumpra em nós. Orate pro nobis.

A medida da fé

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  No próximo domingo o Evangelho vai ser a voz de uma preocupação comum a todos os cristãos: Senhor, aumenta a nossa fé. Muitas pessoas gostam de medir a fé: Eu cá tenho a minha fé, tenho muita fé… quando o Senhor nos diz que bastaríamos ter fé do tamanho de um grão de mostarda para movermos montanhas. Mas estamos errados na perspectiva. Mais do que aumentar a nossa fé deveríamos aprofundar a nossa fé. Uma fé alicerçada em Jesus Cristo, uma fé que se alimenta no Evangelho e uma fé que, obedecendo à voz do Senhor que dá frutos de caridade. Bom domingo!

Voluntariado de São Francisco

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Quando, em Dezembro, estive em Itália, visitei num sábado a magnífica cidade de Florença. Deixei para o fim a visita ao Convento dos Dominicanos em Santa Maria Novella. Quando já me vinha embora, encontrei o sacristão, a quem me apresentei como frade dominicano. Esta minha ida ficou registada neste blogue e também a conversa com o sacristão (3 de Dezembro de 2012). E, antes de me vir embora mandou-me ir à entrada do hospital porque, São Domingos e São Francisco faziam lá voluntariado. Durante o dia de hoje lembrei-me várias vezes disso. Quando fui ao hospital encontrei-me com uma auxiliar de enfermagem. Falámos sobre a vida e sobre o trabalho. E dizia-me: sabe frei, podemos fazer as coisas por obrigação porque ganhamos um ordenado e porque trabalhamos num hopital de ricos. Mas não, também trabalhamos por amor e por respeito áquele ser humano que está numa cama quase imóvel. Eu disse-lhe que hoje era dia de São francisco e que ele dizia que é dando que se recebe. E ela disse, é o q

Lutas de galos em rescaldo de eleições

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Passaram as eleições sem vencedores nem vencidos. Para não ser tão pessimista, as eleições tiveram um vencedor que foi o povo que manifestou o seu descontentamento (curiosamente fiquei este ano muito admirado pelos mais novos que não votam por descontentamento). Mas os partidos são como as lutas de galos: picam-se até ao sangue, depois recompõem-se para voltar a lutar na ronda seguinte. Raramente acabam em cabidela. Os analistas dizem que há derrotas, que há vitórias, que sinais, que há consequências... Os vencedores incham-se e pavoneiam-se, os perdedores desvalorizam a derrota valorizando o acto democrático. Mas quem ganhou ou quem perdeu não foi por mérito próprio: foi porque o povo está descontente. Não é mérito dos candidatos (sobretudo dos grandes candidatos) nem muito menos dos partidos (há pouco por onde escolher). O mérito é do povo e a pena é que o povo só se possa manifestar deste modo: alternando os galos que têm direito ao poleiro por algum tempo. Fraca democracia.  E,