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A mostrar mensagens de junho, 2014

Desenho

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Com uma semana de atraso aqui publico um desenho que a Maria Rita fez e me ofereceu. Agradeço-lhe o desenho.

Bodas de estanho

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Descobri há anos atrás que, no casamento, cada ano se fazem bodas. As primeiras são de algodão, as décimas são de estanho. O significado é que o estanho é maleável e que, numa relação de dez anos, para durar tem que haver maleabilidade. Não sendo casado, são as bodas que hoje faço: dez anos de padre. É uma data que me diz muito, e em cada ano me vai dizendo mais. Não penso nos dez anos, penso no último: o que vivi, os amigos que ganhei e os que perdi, as exigências da vida dominicana e da vida pastoral, dimensões da vida de um padre que vão desabrochando, como uma semente que é lançada à terra e tem o seu tempo para germinar e dar fruto. Este ano, sem dúvida, descobri o que significa ser padre (pai). Uma quase paternidade biológica. A proximidade com os mais pequenos fez-me sorrir mais, ser mais descontraído, dar mais importância aos infantes (infante significa não-falante) e aos que precisam do amor de um pai e que um padre pode dar em nome de Cristo. Este dia é verdadeiramente d

Decisões e indecisões

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Depois do jantar um dos frades da Comissão Litúrgica disse-me que se notava que estava cansado. E eu respondi: sim, as preocupações cansam-me. Hoje foi um dia de resolver problemas e ganhar outros, de decisões e indecisões. E um dia que muda, ainda que ligeiramente, a minha vida. Como estava previsto, hoje era o dia do Mestre da Ordem nos visitar e dar informações sobre o futuro da Comissão Litúrgica. Mas não está cá. Nem ele nem o Vigário. Mas como a vida continua apesar das ausências das pessoas, veio o Pro Vigário, "em nome do Mestre da Ordem", como referiu, trazer-nos notícias sobre o futuro. E, como já se previa, a antiga Comissão cessa funções por estes dias e a nova será nomeada no Verão. E o Mestre achou por bem, que este que vos escreve seja o próximo Presidente da Comissão Litúrgica da Ordem. Que reunia consenso da antiga comissão e dos novos membros, que o Mestre da Ordem confiava em mim e no meu trabalho e que não valia a pena refutar porque a decisão est

Escritos e manuscritos

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Primeiro dia de trabalhos. Reúne-se a Comissão Litúrgica da Ordem. Todos bem, graças a Deus, e graças redobradas, todos com muito trabalho. Partilhas do que fizemos durante este tempo e aprovada a Acta da última Assembleia, começámos os trabalhos. Um encontro com o Arquivista da Ordem, que nos falou do Arquivo e, como a Comissão vai mudar, achou-se por bem que os arquivos da Comissão passassem para o Arquivo da Ordem. Mostrou-nos, uma vez mais, o Protótipo de Humberto de Románs e, a meu pedido, fez-nos uma visita guiada ao Arquivo Geral da Ordem. E foi um deslumbramento: o mais antigo documento que temos é a Bula da Aprovação da Ordem, que vimos, e também um Breviário do século XIII que, segundo a tradição, foi usado por São Domingos e pelos seus sucessores (a fotografia deste post é desse Breviário). A parte da tarde foi dedicada à parte mais técnica. Dois grupos: um para a música e outro para as publicações. É bom de ver, não fui para onde queria, fiquei no grupo das publicaç

Partidas e chegadas

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Cheguei a Roma e, no fim deste dia, dedico uns minutos a deixar aqui o que foi este dia de partidas e chegadas. Começar por louvar a TAP que, apesar de sair com uns minutos em atraso, foi a primeira vez que saiu e chegou a horas. Pior estiveram os passageiros do voo anterior, que saíram à mesma hora que nós (3 horas depois!). Viagem tranquila e simpática, quer a do voo quer a da chegada a Santa Sabina, no Aventino, onde costumo ficar hospedado. Mudei de quarto. Estou noutra ala e, da janela do quarto onde estou, tenho um jardim e, logo a seguir a igreja de Santo Aleixo, que tem uma história muito bonita, a do santo, com traços semelhantes à romanceada do nosso fr. Luís de Sousa. O quarto é diferente: maior, com uma mesa de trabalho antiga - talvez de algum Mestre da Ordem, digo eu, ou de alguém com posses que a tenha oferecido ou se tenha desfeito dela e trouxe-a para o convento. Uma coisa interessante nos conventos seria identificar a origem de tantas coisas que aparecem. Tem tam

Entre gostar e amar

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Não conheço literatura sobre o que vou escrever, por isso, o que aqui se disser é o que eu acho, como indica uma das etiquetas deste post. Perguntas que me assaltam: Gostar ou não das pessoas dependa das pessoas em questão ou depende de nós? Depende das duas partes ou de nenhuma? Lembro-me que uma vez conversava com um professor de filosofia sobre a amizade e, no final ter-lhe dito que não se podia gostar de toda a gente, ao que ele respondeu: mas pode amar toda a gente. Mais confuso fiquei! Mas hoje compreendo o alcance da resposta deste meu professor, e deste ponto falarei mais para o final. Há pessoas que acham que estas coisas da amizade ou de gostar ou não de alguém tem a ver com signos e os ascendentes. Não é a primeira vez que, no final de um ou dois encontros com alguém me perguntam qual o meu signo e depois rematam: vamo-nos dar bem, o meu signo dá-se bem com o seu. Fico banzado. Mas não nego que haja uma “química” entre pessoas. É mais fácil ficar a gostar de algum

Nestes dias

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Refugiei-me por uns dias para trabalhar afincadamente em dois projectos: preparar algumas coisas da  próxima reunião da Comissão Litúrgica da Ordem, que vai ter lugar em Roma, na semana que vem, e também terminar o texto do primeiro livro de homilias que, se Deus quiser, vai ser publicado em Novembro. Muda-se de editora, de registo e de prefaciador. A seu tempo tudo se saberá. Levo a biografia do Papa João XXIII para ler. Assim Deus me dê tempo para fazer ao menos metade do que tenho pensado. E de passar por aqui. (imagem: Botticcelti, São João em Patmos, a escrever o Apocalipse, 1492 )

97 anos

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Lembro hoje a minha avó paterna, de quem nunca aqui escrevi, que se fosse viva faria hoje 97 anos. O meu lado paterno nunca foi muito explorado. Ao contrário dos meus avós maternos, que vieram para Lisboa nos meados dos anos 60, os meus avós paternos viveram, morreram e lá estão sepultados. Por isso, o contacto era praticamente anual, por ocasião das férias grandes, eles em Cotelo e nós em Feirão. Quando chegávamos era das primeiras coisas que fazíamos - visitar os avós e os tios -, e depois mais umas quantas vezes, duas por semana, talvez, e a visita da despedida, a minha avó sempre com lágrima no olho, a dizer que era o último ano, que estava para breve "passar o monte de Gosende" (significava morrer). A ela e ao meu avô, e a muitos mais da aldeia, a vida foi dura. Os filhos rapazes trabalhavam com o pai nas terras; as filhas trabalhavam em casa, com a mãe, fosse na lida, fosse no tear, fosse ainda com o levar a casa ao campo (o almoço ou a merenda a quem estava nas

Marcha de Marvila

Em véspera de Santo António, com os noivos de Santo António e as marchas populares, aqui fica o meu orgulho de Marvila. A última vez que reconheceram que era a melhor foi em 2008... vamos lá ver se este ano também ganha. E aqui deixo a conhecida marcha da grande Marvila cantada pela grade Amália Rodrigues. E viva o Santo António sem desmaios.

Actos 20, 35

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1. Movo-me muito por frases da Bíblia. Dou-lhes muita importância, sobretudo quando me vêm parar à mão por qualquer motivo inesperado. Por exemplo, na última Vigília da Quaresma, no Campo Grande, distribuíram-se frases soltas da Bíblia. A mim calhou-me esta, de Isaías, que mantenho perto de mim: " O Senhor te guiará constantemente, te alimentará no árido deserto, renovará teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, como uma fonte de águas inesgotáveis ". Não a decoro como outras, bem mais curtas mas não menos fortes. Lembro-me da frase que escolhi quando fui ordenado diácono, da de padre, da que me acompanhou nos últimos dois anos... e tenho tido muito presente, talvez pela intensidade de encontros e da vida apostólica, a passagem de Actos 20, 35: " Lembrai-vos das palavras que o próprio Senhor disse: A felicidade está mais em dar do que em receber ". Lembro-me muitas vezes desta frase, sobretudo quando, como digo, depois de um dia ou de um acontecimento inesp

Principado das Astúrias

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Tive que ir a Espanha nestes dias. Mais propriamente ao Principado das Astúrias. E cheguei no dia em que o Rei de Espanha aparece na televisão a dizer que abdica da coroa e que o seu filho está mais que preparado para assumir. O filho, futuro Felipe VI, até agora Príncipe das Astúrias, título que passará para a sua filha e futura rainha. A coisa não está nada fácil para o Rei que sai e, muito menos, para o que entra. Estará a monarquia espanhola condenada? Para já não mas o futuro não está assim tão garantido. As Astúrias têm muito que ver e apreciar. Desde as cidades aos montes, paisagens únicas, que ainda nos lembram os quadros que os pintores pintavam das vistas que viam. Mas não julgue o leitor que fui em férias ou coisa parecida. Fui em missão. E dela venho. Voltei a Oviedo, à sua Catedral, à capela de São Melchior Garcia Sampedro, mártir dominicano por quem tenho grande admiração. É também o primeiro santo das Astúrias, e concretamente daquela cidade. E regressei a Portu