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A mostrar mensagens de novembro, 2015

Dor de mãe

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Pediram-me para substituir um padre num hospital. Fui, tranquilamente, para celebrar a Missa. No final, lágrimas e dor: um menino de 13 meses a morrer nos cuidados intensivos pediátricos. Os pais, ainda novos, desfeitos em lágrimas, vinham chamar a avó, para se despedir do menino. A avó agarrou-se a mim a chorar, eu ainda paramentado, e a pedir-me para que fosse com ela ver o menino e rezássemos juntos por ele. Lá fui eu, com os pais e a avó. Pelo caminho a avó rezava: Jesus, tu ressuscitaste Lázaro, não deixes morrer o menino. E o menino lá estava. Aparentemente a dormir mas o choque eléctrico de que foi vítima atacou-lhe o cérebro e não há nada a fazer. Impus-lhe as mãos, rezámos uma Avé Maria enquanto os pais cobriam o menino de beijos. Eu afastei-me e eles continuavam a implorar a Deus e ao menino que não fosse esse o final, que ele ficasse. São estas as dores incuráveis: pais que perdem os filhos, com poucos meses de vida. Também a mim, nestes momentos, vêm as nuvens do porqu

A vida escapa-nos

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Vigiai e orai

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Começamos hoje, na Igreja e em Igreja, um ano novo é um tempo novo. E o Evangelho deste primeiro domingo do ano e do Advento fala-nos do fim deste mundo para que venha um mundo novo. Todos fazemos esta experiência: quantas mortes têm que existir para que venha uma vida nova... Quantos nãos temos de dizer para que o sim possa ser dito, quantos males temos de evitar para que o bem nasça? De quantas coisas temos de abdicar, às vezes até contrariados, para alcançarmos outras mais úteis e mais benéficas? Também na fé acontece o mesmo: para que venha o novo tem de morrer o velho, para haver paz tem de morrer a guerra, para haver perdão tem de morrer o ódio... Mortes que geram vida. Li num cartaz de uma igreja: " a vida escapa-nos das mãos: ou como areia ou como semente ". E este é o desafio do que o Senhor nos pede: vigiai e orai. Vigiar é estar atento, é viver a vida com intensidade, não na loucura, não no excesso, mas atentos às necessidades dos irmãos. E rezar. Ontem, em Na

Um lugar de paz

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" Ubi Deus ibi pax ". Onde está Deus aí está a paz, estava escrito na ombreira de uma porta da pequena vila de Assis. Sim, fui hoje a Assis. De repente, ou não programada, tendo acabado ontem os trabalhos, disse que estava a pensar ir a Assis e dois irmãos quiseram fazer-me companhia e lá fomos os três. Saímos manhã cedo, fomos de comboio e chegámos a meio da manhã. As montanhas de Assis tinham neve. A distância entre a estação de comboios e a cidade antiga pode fazer-se a pé, em tempos de sol. Mas o frio e a chuva, que ameaçava mas não era persistente, fez-nos ir de autocarro. Tudo é bonito e encantador em Assis. A começar pela calma (dizem que nos fins-de-semana e no verão é mais complicado), envolvida pela natureza e peka cidadela antiga, tudo se faz com calma, emoção e devoção. Começámos por ir à basílica de São Francisco, onde ele está sepultado. A intimidade da cripta, onde está o sepulcro do pobre de Assis, faz com que aquele lugar seja mesmo especial. Nessa basí

Apresentação do livro em vídeo

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O fr. José Manuel gravou a apresentação do livro de homilias e editou este filme que aqui deixo para quem quiser ver/ouvir, ao mesmo tempo que lhe agradeço a dedicação.

Restaurado

Uma boa notícia: foi restaurado o blogue Preparar o Domingo (http://preparararodomingo.blogspot.com). A partir de quinta-feira pode encontrar as leituras do domingo, com pequenas introduções e uma partilha, feita por leigos, para ajudar à celebração e à prática do Evangelho, ao ritmo da liturgia. Visitem e adicionem aos favoritos.

Uma passagem discreta

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Entre o Convento de Santa Sabina e o centro da cidade, quem faz o caminho a pé, pelo lado direito do Tibre, se se quiser atalhar, pode ir pelo bairro judeu. A Sinagoga de Roma, conhecida e vistosa é a cara do bairro que passa discreto. Outrora um gueto, hoje tem umas lojas de revendas, de pratas e de comida kosher são o resquício de um bairro que, noutras épocas foi de grande movimentação. Mas na esquina da primeira rua, com as portas voltadas para a Sinagoga está uma discreta capela, que é conhecida como Igreja de São Gregório da Divina Piedade. Esta igreja, de fachada simples, apenas com uma pintura de uma Cruz e de uma inscrição em latim e hebraico. Esta inscrição, segundo as notas do bairro, é tardia, do século XIX, em que se faziam as pregações de porta aberta para que os judeus ouvissem e se convertessem. A inscrição, longe de ser uma tentativa de diálogo inter-religioso, era mais uma provocação. Trata-se de uma citação do Antigo Testamento, do profeta Isaías, no capítulo 65,

Última aquisição

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Em Roma, para mais uma reunião da Comissão Litúrgica. Os trabalhos, desta vez, poderão ser muitos se cumprirmos a agenda, que trás muitos assuntos pendentes. Assim, se houver decisão, apesar dos poucos dias, poderemos dar um grande avanço. Cheguei ontem a Roma, sem atrasos, o que fez com que pudesse passear por Roma, aproveitando o sol, mesmo com frio. E fui ao Vaticano, entrei em São Pedro, rezei pelas várias intenções (desta vez houve mesmo pessoas amigas a pedirem que rezasse lá por elas) e acabei por ficar para a Missa. Missa concelebrada, no altar da cátedra, que fica detrás do altar do Papa. Missa em latim, presidida por um cónego da Basílica, que me convidou para estar ao lado dele. Falámos dos Dominicanos e dos Jesuítas, e da presença dos portugueses no Vaticano. Missa cantada - entre o gregoriano dos cantores da basílica e a polifonia e um coro da Austrália que tinha vindo cantar a São Pedro. No fim da Missa, regresso ao convento, para as Vésperas e o jantar-pizza, como é

Apresentação do livro de homilias

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Para os que não puderam estar ontem, aqui deixo o que disse na apresentação do livro das homilias do Ano C: Amigos, voltamos a reunir-nos um ano depois, para a apresentação do meu segundo livro de homilias. Dois de três, se Deus quiser, daqui a um ano aqui estaremos para fechar o ciclo de homilias que tenho vindo a pregar, nos últimos anos, aqui e na igreja do Campo Grande. Como disse no ano passado, estes livros de homilias não dispensam a ida à Missa nem querem ser uma memória escrita do que se disse em determinado domingo ou festa. Não são para o meu elogio nem para acrescentar ao epitáfio. Aliás, foi na segunda-feira, em Lamego, ao falar com uma senhora, de quem vou ainda falar mais à frente, que dei importância a este tipo de livros. Ela mostrou-me o livro do ano B, marcado no domingo que vem, e disse-me: senhor padre, não falha a leitura do seu livro em cada domingo. À noite, na apresentação, um senhor pediu a palavra para dizer o mesmo: que preparava o domingo a ler a h

Pequenez

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Ontem, a caminho de Lamego, voltei ao Penedo de São João. Senti-me tão pequenino... Ora reparem.

Jesus volta sempre

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Ontem, no final da Missa, uma menina ofereceu-me uns desenhos e umas frases que foi escrevendo. Este que escolhi resume bem o que vou dizer na homilia deste domingo. E sim, Jesus volta sempre. Bom domingo!

Livro de homilias - Ano C

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Com alegria anuncio e convido para a apresentação do meu próximo livro de homilias para o ano C. A primeira apresentação será em Lamego, na próxima segunda-feira, dia 16, pelas 21h no salão da paróquia de Almacave. Dois dias depois, no dia 18, será no convento onde vivo, pelas 18.30h, e será o fr. José Nunes a fazer a apresentação. Os lucros direitos de autor reverterão para a João 13.

Oração com os que sofrem e pelos que sofrem

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Amanhã, na Capela da Carreira, oração com os que sofrem e pelos que sofre. Às 21.15h.

Jubileus

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No sábado passado nós, dominicanos, demos início, em Fátima ao Jubileu dos 800 anos da confirmação da Ordem. Começou num dia especial para nós, o dia 7 de Novembro, dia em que fazemos festa de todos os Santos da Ordem. E, por todo o mundo, começámos esta caminhada de alegria e de festa, sem esquecer os pecados e erros, que terminará em 2017, no dia 21 de Janeiro, dia em que o Papa Honório III assinou a Bula que confirmava a Ordem dos Pregadores. Como seu lê na Bula, uma Ordem que seja, de nome e de facto, de Pregadores. Caminho que vai encontrar no próximo mês o jubileu da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco. "Misericórdia", palavra tão familiar e querida a toda a Ordem Dominicana. A primeira que oficialmente pronunciámos quando quisemos entrar: que pedes?, perguntou quem nos admitiu, "A misericórdia de Deus e a vossa", respondemos nós. Viver, partilhar e pregar a misericórdia de Deus será a melhor maneira de celebrar o Jubileu e também o desafio para

A ternura dos 40

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Pode ser que ninguém mos dê mas também ninguém mos tira. Eis-me chegado à ternura dos quarenta. E como diz a canção, "Meus amigos o importante é o sorriso para seguir viagem com a coragem que é preciso". E aqui vos deixo o Paco Bandeira com a ternura dos quarenta.

A humildade como fonte de santidade

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Hoje de manhã, depois de vir das compras e enquanto estava a arrumá-las com um irmão, falámos da intelectualidade e da arrogância que às vezes os que se acham intelectuais têm. E chegámos à mesma conclusão: Só se é intelectual quando se é humilde. Nem a propósito do dia de hoje, em que nós, dominicanos, celebramos a festa do grande São Martinho de Porres. Homem simples e humilde, que soube conviver com o facto de ser filho bastardo e mestiço, porteiro do convento de Lima, pôs ao serviço dos irmãos e dos pobres o que tinha aprendido de medicina. Homem evangélico, aprendeu de Jesus a simplicidade e a pobreza, a humildade e a alegria de servir. Exemplo para a Igreja e para a Ordem Dominicana de que a santidade é multiforme mas que só se alcança trilhando o caminho da humildade.