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A mostrar mensagens de janeiro, 2016

Acção de Graças

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A Comunidade celebrou hoje a festa de São Tomás de Aquino. Passou para hoje por ser sexta-feira e por ser a minha despedida. O Cardeal Nascimento, que pertence às fraternidades sacerdotais também veio. Concelebrou. Aqui deixo a homilia que fiz na minha última Missa em Angola. Apesar de ontem termos celebrado liturgicamente a festa de São Tomás de Aquino, reunimo-nos nesta tarde, nesta igreja e convento que tem como padroeiro o Doutor Angélico, para o fazer de um modo mais solene. Se calhar nunca seria demais lembrar em pequenos traços a vida de tão grande santo, mas, no entanto, queria apenas reflectir alguns episódios da sua vida que podem ajudar a nossa vida e a nossa maneira de ser dominicano, hoje, na Igreja. O primeiro episódio que gostava de partilhar convosco é o da primeira pergunta que conhecemos de São Tomás. Diz a sua vida que sendo oblato beneditino, ainda muito novo, durante uma aula, ao ouvir falar de Deus questionou: Quid est Deus? Que é Deus? São Tomás conviveu tod

Ontem e hoje

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O dia de ontem foi passado na clausura do mosteiro. As irmãs convidaram-me a entrar, para podermos estar na sala do noviciado, que é mais fresca e espaçosa. Mas o dia começou às cinco e meia da manhã, quando acordei ao som das vozes das monjas, que cantam Laudes a esta hora. Em Benguela não há janelas de vidro. No quarto onde estou há uma persiana de madeira e uma rede para os mosquitos não entrarem. Ouve-se tudo o que no pátio falar. E como as irmãs, por causa do calor, abrem as janelas da igreja, os seus cânticos entram em todos os espaços. Nós, pelo cansaço da viagem, fomos dispensados de acordar tão cedo (acabámos por acordar). Mata-bicho às sete da manhã e, ás nove, primeira sessão sobre liturgia, que acabou por durar a manhã inteira. Ao meio dia rezámos a hora intermédia e o Angelus. Depois pausa para almoço. No fim do almoço atravessei a estrada e fui visitar a Casa do Gaiato. Não estava nenhum dos responsáveis mas os rapazes sim, estavam. Uns a lavar a loiça do almoço, outro

Por fim Benguela

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(Por impossibilidade de acesso à Internet não consegui passar por cá. Aqui fica o que escrevi na segunda-feira) Já saímos tarde do Kuito. A viagem foi também mais longa do que a as irmãs diziam. Demorámos sete horas. Atravessar parte de Angola, de um meio interior para a costa, onde Benguela foi plantada. O caminho é de rara beleza. Nada de deserto, montanhas iguais às que vimos desde a Gabela até ao Wako: uma mistura de morros com pele de elefante ou de baleia e as planícies, grande parte delas cultivadas. Passámos por vários rios. Olhando para as margens vemos mamãs a lavar roupa e os mais pequenos a tomarem banho, tentando refrescar-se. É comovente a alegria que têm. A partir do Huambo começam a ver-se, outra vez, os embondeiros e os altos cactos. Sempre pessoas na estrada: umas a caminhar, outras a carregar. O som do carro é música de Angola, em Umbundo, creio. Vemos crianças a malhar o milho com uma espécie de martelo de madeira, vemos mulheres a vender ananás, vemos menina

Do convento para o Mosteiro

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(Por impossibilidade de acesso à Internet não consegui passar por cá. Aqui fica o que escrevi na segunda-feira) Viagem de quase cinco horas entre o Wako Kungo e o Kuito, no Bié, onde estão as nossas monjas dominicanas. Angola tem dois mosteiros. O primeiro foi fundado em Benguela e este há oito anos. Uma comunidade ainda pequena, maior parte angolanas mas com duas espanholas e uma portuguesa. A viagem foi boa, apesar de alguns buracos. Agora percebo porque é que se medem as distâncias em horas e não em quilómetros. Depois das boas vindas o almoço e começar a trabalhar. As irmãs pedem o mesmo que fiz em Luanda para os da formação. Querem saber sobre liturgia. Repeti e adaptei o que tinha preparado. Quase duas horas a falar. Depois Vésperas e jantar. As irmãs rezam bem. Digo-lhes que têm a grande missão de conservar o espírito e a liturgia dominicana. De facto elas vão mantendo as tradições de uma maneira discreta. O que é bom. Depois do jantar uma breve apresentação ensaio de cânti

Encontrar as mamãs

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(Por impossibilidade de acesso à Internet não consegui passar por cá. Aqui fica o que escrevi no Domingo) Hoje é domingo. Aqui no Wako os freis dividem-se pelas várias comunidades onde têm de celebrar. Há comunidades que raramente têm Eucaristia ao Domingo. Sempre assegurada a celebração da Palavra pelos catequistas mas a Missa é mesmo uma graça. A mim, pediram-me que assegurasse a da paróquia, às 7.30h. Concelebrou comigo o fr. Gil. O coro, que altera em cada semana, era hoje de um grupo de 20 senhoras, o grupo Aleluia. Voltei a ouvir os sons harmónicos dos cânticos quimbundos e umbundos. A Missa demorou uma hora e meia porque fui eu a celebrar. Normalmente as Missas têm de demorar mais, sobretudo nas aldeias, para justificar a deslocação de longe, e muitas vezes a pé, de quem vem celebrar a fé. A homilia é escutada com muita atenção. E participada. Se damos espaço as pessoas terminam as nossas frases. Até um catequista, quando falei da união da comunidade, tirou um papel e esc

Para além de Luanda

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(Por impossibilidade de acesso à Internet não consegui passar por cá. Aqui fica o que escrevi no sábado) A viagem de Luanda ao Wako, onde estou, foi mesmo de oito horas, sendo que se as estradas fossem boas teria sido mais rápido. Para não demorarmos mais pelo caminho mais curto mas mais problemático, tivemos que dar uma volta maior e os últimos 75 quilómetros a penar porque não havia cem metros sem um buraco. Parecia aqueles jogos de carros de computadores. Mas a viagem, apesar de tudo, foi bonita. Por um lado, a primeira parte a acompanhar o oceano, uma vez que íamos pela costa; por outro a natureza africana que a Europa não conhece: os irreverentes embondeiros, que se impõem pela grandeza e pela “anormalidade” dos seus ramos, os esguios e formosos cactos, as palmeiras reais, a terra vermelha da Gabela, as cachoeiras do rio Queve rio que mudam radicalmente a ideia que temos de uma África seca, sem vegetação. Ao chegar ao Waco vemos as montanhas com pele de baleia que parecem

Fim de uma etapa

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O retiro acabou, é tempo de fechar a mala e preparar nova etapa. Amanhã, pelas cinco e meia da manhã parto para o interior de Angola, Wako Kungo, oito horas de viagem. Esta etapa foi concluída, com sucesso. Graças a Deus.

Sucessão de dias

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A calma do retiro faz bem e ajuda a descansar. O horário do retiro está coordenado com o da comunidade. Laudes às sete da manhã, conferência às 9h, terço às 12h e almoço às 12.30h. À tarde, conferência às 15h, preparação da liturgia e do jantar (à noite somos nós), e Eucaristia às 18.30h. À noite, completas às 21h. No total, somos 14: 4 frades e 10 postulantes. Pediram-me para fazer algumas refeições "portuguesas", o que vou fazendo mais com massas porque arroz e pirão é o pão nosso de cada dia. As questões culinárias são muito melindrosas: o arroz tem que ser seco (o malandrinho aqui não entra), os molhos são sempre bem-vindos, um sucesso e, se meter quiabo, tanto melhor. Ontem foi-nos apresentada uma instituição do Vicariato de Angola, sediada nesta comunidade, o Mosaiko. E um Instituto de promoção e defesa dos direitos humanos. Dá trabalho a 25 trabalhadores, e é o único instituto em Angola que trabalha nesta questão tão social e tão religiosa. Uma apresentação, uma

Dias quentes e sossegados

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Começou hoje o retiro dos postulantes. Na realidade foi ontem mas foi um início muito acelerado porque, na comunidade onde estamos o gerador desligava-se às 23.30h e, como jantámos mais tarde, tudo se atrasou. Mas hoje, sim, tudo foi vivido com calma. Impera o calor sem chuvas. O Vicariato pediu-me este retiro para lhes falar do Ano da Misericórdia e do Jubileu da Ordem. Foi do que nos ocupámos hoje. Também, ainda ontem, pedi-lhes que respondessem a duas perguntas: O que é para mim um dominicano e, a segunda, Porque é que quero ser dominicano. Depois do encontro da tarde partilhámos o que cada um tinha escrito. O horário do retiro também é calmo. Começamos cedo, às 7 da manhã, com Laudes, e terminamos depois das Completas, às 21h. Todos os dias, às 18.30h, celebramos a Eucaristia com as Irmãs Missionárias do Rosário, que têm casa aqui mesmo em frente à nossa. A animação litúrgica está sob a responsabilidade dos postulantes que, na parte da tarde, depois a conferência, a preparam e,

São José do Calumbo

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Ontem à tarde, depois do almoço, juntamente com um frei e três postulantes, fomos a um santuário perto de Luanda, a São José do Calumbo. Não é que seja dos mais conhecidos - aqui a grande referência é a Muxima - mas um dos noviços que é de lá perto, ao saber da minha vinda a Angola ia sempre dizendo: frei, não pode não ir. E lá fomos. O frei que nos ia levar tem a carta há pouco tempo, ainda andou um ou dois quilómetros, quando o postulante que sabia o caminho para lá nos disse: temos de ir mais depressa senão não chegamos lá. E foi a vez de fazer a animada experiência de conduzir em Angola! Só há, praticamente duas regras: cuidado com os buracos e cuidado com os taxis. De resto, vale tudo. Lá fizemos os vinte e tal quilómetros, sem grandes engarrafamentos e chegámos ao local... bem, perto do local. O carro tivemos de o deixar à entrada do mercado e fazer a última parte a pé. O Calumbo já é uma zona mais pobre e mais rural: vacas, porcos, galinhas, tudo solto a comer o que houver e

Primeiro domingo

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Este foi o primeiro domingo em Angola. Celebrei na igreja do convento, onde, apesar de ainda ser novo, já tem uma comunidade numerosa que aqui vem rezar. A Missa foi às oito horas, com muita crianças, as meninas com missangas nos cabelos e os bebés ao colo ou às costas das mães, como é normal acontecer. Presidi à Missa, porque era também de conclusão do encontro de formação em liturgia, que aconteceu nestes dois dias para os que estão em formação. Eram cerca de trinta frades e freis, e também já alguns postulantes. Falámos de princípios básicos de liturgia, falámos do que nos é específico, e ensaiámos cânticos de Taizé e também dos que cantamos em Lisboa. Por ser pouco tempo não deu para ensaiarmos tudo a vozes mas as vozes aqui não é problema; facilmente encontram os outros tons e seguem a melodia. A Missa foi, então, com dois coros, um destes formandos e o outro o coro local que cantou algumas coisas em português e outras em Umbundo. No fim da Missa alguns gestos de acolhimento:

Alguns cânticos

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Consegui publicar no Youtube alguns cânticos da Missa de ontem. Dá para ter uma ideia... Aleluia e Evangelho, Ofertório e Tambula e Bênção

As mangueiras

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Como escrevi ontem, hoje acordei pelas cinco e meia para sairmos pelas seis para evitarmos o engarrafamento para podermos chegar às jornadas dos religiosos, que acontecem estes dias. Chegámos pelas sete ao Carmo, onde deixámos o carro e fomos a pé até às irmãs de São José de Cluny, onde era o encontro. Ao principio os cumprimentos e apresentações, sem grandes formalidades e o encontro lá se passou. Quando fizemos a pausa para o almoço e já eu com funge no rato, começaram a aparecer as irmãs que já tinham ouvido falar de mim em Portugal, ou me tinham conhecido lá. Depois do almoço, com um calor que não é o mesmo da Europa, tentei apanhar uma ventoinha sem ninguém por baixo para poder secar. Sim, secar. Estava literalmente encharcado do suor. Da parte da tarde só pude estar até às 15.30h porque ia concelebrar no Carmo (aqui diz-se ir rezar) com o movimento das mil Avé-Marias. É um grupo de senhoras, "mamãs", muitas delas, que vêm de longe e vão manhã cedo para a igreja rezar

As memórias

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Hoje foi dia de visita. Ao convento - é um complexo enorme, com futuro e atraente - e também ao centro da cidade de Luanda. O caminho até ao centro é rápido, apesar do muito trânsito e das conduções não tão certinhas como estamos habituados. As pessoas passam pelo meio dos carros, os carros viram e andam de um lado para o outro com alguma, depressa se passa de uma estrada de alcatrão para uma de terra batida cheia de buracos... sempre vendedores e vendedoras, desde frutas a plásticos, rádios... até um, no meio da estrada, a vender ténis. A crise, aqui, já chegou e já faz os seus efeitos. E lá chegamos ao centro. Juntamente com dois freis, fomos visitar a Fortaleza de São Miguel. A Fortaleza é agora o Museu Nacional da História Militar. Desde o século XVI até ao presente, a cobiça pelas terras de Luanda, antigamente pertencente ao Reino do Congo. A história é o que é, não se pode apagar nem distorcer, as memórias ficam, cada vez menos dolorosas como terão sido as daquela família que

Do lugar onde estou - Primeiro dia em Luanda

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O dia de hoje foi calmo. Não saí do convento onde fico a viver até domingo. O Convento fica no chamado "Projecto Nova Vida", tem dois anos e fica do lado oposto ao centro da cidade, a 20 quilómetros do centro. O bairro ainda está em construção mas notam-se grandes contrastes: deste lado da rua, em terra batida e com buracos da água, estão os prédios como este em que vivo. Ao lado já podem estar umas casas mais simples e pobres, e, do outro lado da rua, campos a serem cultivados. Passam carros, motas, mas também muita gente a pé que vai e vem, senhoras com roupa à cabeça para vender... Ao lado do convento há uma espécie de mini mercado e, ao lado, na estrada de terra batida, uma senhora com uma tenda montada a vender roupa.  Como disse, hoje não saí. É o único dia livre. Fiquei por casa para preparar a próxima actividade que será uma formação litúrgica (mais prática que teórica, pedem) a cerca de 30 religiosos e religiosas da Família Dominicana, a começar na sexta e termin

Em Luanda

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Uma nova viagem, esta mais longe mas com mais expectativa. Estou em África, vim a Angola, numa visita que não é nem pastoral nem missionária. Ou, se calhar, até é. Venho para conhecer as comunidades e para pregar um retiro, fazer algumas conferências, de acordo com o que se pode aproveitar de mim: liturgia, espiritualidade dominicana, Jubileu da Ordem e da misericórdia. Claro que, ao deslocar-me, vou visitando, sempre a partir de Luanda, O voo, apesar das sete horas, foi agradável. Pensei que fosse pior. E, agora é descanar, que amanhã começa esta minha "missão" por terras angolanas. Podendo, e havendo condições, passarei por aqui para "postar". Amanhã mostro o convento.

Em dia de Reis

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Apesar de, na Igreja portuguesa este dia não ser celebrado como Dia de Reis (já o fizemos no domingo passado por hoje não ser feriado), a tradição e a piedade popular não conseguem deixar em branco este dia. E também eu o quero assinalar, mostrando o último presépio, que este texto acompanha, que me foi oferecido ontem, por um amigo, para juntar aos presépios da montra e da vida. E, a acompanhar, deixo aqui um dos versos de um poema (ou ode) muito bonito de João de Lemos: Jesus da minha alma Do céu tenra flor, Dos justos a palma, Dos anjos amor, Da Virgem a glória, Do Padre memória, Da crença vitória, Salvai-me, Senhor.

Eu te adoro

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Senhor Jesus, tal como os magos também eu me ajoelho diante de ti. Também eu te reconheço como meu Rei, como meu Deus e como meu Irmão. Também eu quero seguir a luz que ilumina o caminho da minha vida. Também eu quero ser testemunha da tua luz para os meus irmãos. Senhor Jesus, luz da minha vida, ensina-me os caminhos do teu amor.