Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2018

Roma revisitada

Imagem
Vim a Roma. Mais uma reunião da comissão litúrgica, esta com menos dias porque todos andamos ocupados. Mas deu para ter uma tarde livre. E aproveito para visitar as igrejas que mais me dizem e que quero aqui registar. Igreja de Santa Maria Sopra Minerva . Uma Igreja dominicana em todos os sentidos. Pinturas de Fra Angelico (de tal maneira surpreendentes que Michaelangelo depois de as admirar disse: este homem viu o céu). Os seus anjos e os seus azuis inconfundíveis, a delicadeza das formas e a harmonia estética fazem daquela igreja uma joia de Roma. Fra Angelico está lá sepultado e Santa Catarina de Sena também. Grande Dominicana, esta, que sem saber escrever tão mulher e mística foi. Fui rezar-lhes para lhes pedir inspiração para as coisas que digo e faço. Por curiosidade, o nosso Cardeal Marto é o Cardeal desta igreja e ontem esteve cá a tomar posse dela. De lá, nuns não sei quantos mil passos que o telemóvel contou, basílica de São Pedro . Gosto de celebrar lá mas é raro ac

A última carta

Imagem
 Não queria deixar passar e4ste dia 24 de Novembro sem fazer referência a um grupo de mártires (127), quase todos da Família Dominicana, que durante mais de 100 anos foram perseguidos e executados por ódio à fé. Um deles, bispo, Valentín Berrio-Ochoa, morre com apenas 34 anos, decapitado, por ter fé cristã e por a anunciar. Neste dia nós, dominicanos, lemos a última carta que São Valentín escreveu à sua mãe. Mostra a ternura de um filho e a força de um bispo. Aqui a deixo, como partilha. Querida mãezinha do meu coração: Recebi uma carta sua no princípio deste ano. Que alegria ver a letra da minha mãe! O meu coração ficou muito contente quando soube que estava uma velhinha vivaça e que ainda fiava com prazer. Com gosto soube que todos os dias vai à Missa e que reza por todos a Jesus amado. Pergunta-me, minha mãe, pelo meu modo de viver e que comidas como… Querida mãezinha, eu vivo muito bem, como um senhor Bispo, e não me falta nada de comer. Aqui não há pão. Se tiver uma f

Teresa de Saldanha e João 13

Imagem
Na passada semana, dia 13 de Novembro, as Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena comemoraram os 150 anos da primeira Comunidade da Congregação. Esta comemoração terminou no NAL+ São Vicente, gerida pela Associação João 13, que nasceu, também ela num convento dominicano: Há 150 anos no nº 5 da Calçada do Cascão e, agora, no nº 39, a João 13 continua ali a fazer o bem. O Presidente da Câmara foi convidado para o evento e visitou também o NAL+. A Agência Ecclesia fez uma pequena reportagem que aqui deixo, para ver (a que nos diz respeito termina no minuto 4.53). Da minha parte um obrigado às Irmãs, por unirem os mais pobres a este acontecimento e a todos os que, na João 13, fazem o bem ao próximo, que é, em cada rosto, o próprio Jesus.

Dia mundial dos pobres: todos os dias!

Imagem
Ontem, um pouco por todo o mundo se celebrou com os pobres o dia mundial dos pobres. Muitas iniciativas individuais e também institucionais. Este dia nasceu de uma proposta do Papa Francisco, que quer que contagie o mundo. Por isso, mesmo que o mundo o não celebre, nós, cristãos, devemos celebrá-lo e agradecer a possibilidade de os pobres nos ajudarem no bom testemunho da prática da caridade. Dar, partilhar, acolher e escutar são verbos e atitudes que vão entrando no dicionário cristão, imitando o mandamento e o exemplo de Cristo. Como ontem disse o Papa e bem: Os pobres não são a moda de um pontificado mas sim uma tomada de consciência de que eles são a opção preferencial de Deus e também da Igreja. É um dia de acção de Graças. O Papa Francisco celebrou-o no Vaticano, com cerca de três mil pobres: Missa e almoço. Destaco aqui um parágrafo da sua homilia, muito apropriado e muito desafiante: " Jesus ouviu o grito de Pedro. Peçamos a graça de ouvir o grito de quem vive em

Deus é um bom gestor

Imagem
Nas últimas semanas tenho pensado muito nas voltas que a vida dá e de como Deus também dá as voltas que nós nem pensamos que sejam a sua vontade. Para muitos nada é mais que coincidências, para outros também ocasiões que se proporcionam mas, para mim é isso mesmo: as voltas que Deus tem de dar para que a sua vontade se cumpra em nós e através de nós. A Bíblia dá-me razão, ou eu apoio-me nela: Quando Deus pede a Samuel para ir a casa de Jessé para ungir um dos seus filhos, Samuel fica convencido que o mais velho seria o escolhido; mas Deus diz-lhe: o homem olha à aparência mas Deus olha o coração. Lendo a Bíblia e lendo a nossa vida numa perspectiva de fé, notamos claramente as voltas que Deus dá – sem ninguém entender e às vezes até com apreensão – para que as coisas aconteçam no tempo e ocasião certa e não quando nós queremos. A Bíblia ensina-me que os obstáculos da vida são oportunidades de conquista que Deus nos dá, se não nos deixarmos prender pelo medo e pela angústia. Nós,

Anno histórico: Frei António de Sousa

Frei António de Sousa, da Sagrada Ordem dos Pregadores, natural de Lisboa de ilustríssima geração, neto de Martim Afonso de Sousa, Governador da Índia, de quem acima falámos; foi Varão muito pio e douto, Mestre em Teologia, Deputado da Inquisição de Lisboa, e do Conselho geral. Imprimiu um livro de Aforismos dos Inquisidores; mais outro de Casos, mais outro sobre a Constituição do Papa Paulo V contra os solicitantes, e sobre outros Decretos Pontifícios; mais hum Sermão do Auto da Fé do ano de 1624. Morreu em Lisboa neste dia , ano de 1632. (Anno Histórico, vol. III, par. II, p. 336)

Chorar pelos defuntos?

Imagem
Escreveu assim São Cipriano, nos finais do século III sobre os mortos: Também a mim, ainda que seja o menor de todos, quantas vezes me foi revelado, quantas e tão claras vezes me foi ordenado pela bondade de Deus que clamasse sem cessar, que pregasse em público, que não se deveria chorar pelos nossos irmãos já libertos deste mundo e chamados pelo Senhor, sabendo que não os perdemos mas apenas no precedem; que, como viajantes, como navegantes, vão adiante dos que ficamos para trás. Podemos ter saudades deles, mas não chorá-los ne vestir-nos de luto, porque eles já se vestiram de branco; que não se devem dar motivos aos gentios de que eles nos censurem, e com razão, de que vivendo eles com Deus os choremos nós como perdidos e aniquilados; assim não damos provas com verdadeiros sentimentos, do que pregamos com palavras. Somos prevaricadores da nossa fé e da nossa esperança se parecer como fingido e simulado o que andamos a afirmar. De nada serve mostrar pela boca a virtude e desacred