Retalhos da vida de um padre

  O frei Elias Manuel Salguero nasceu em 1949, na Amareleja, Moura. Em 1988 professou na Ordem dos Pregadores, onde foi ordenado presbítero em 25 de Julho de 1993. Fundou o Centro São Martinho de Lima, para apoiar os doentes de SIDA e os grupos de risco de contaminação. Foi prior do Convento de Nossa Senhora do Rosário, no Corpo Santo. Técnico de Iluminura Medieval, deu cursos de miniatura e ilustração de textos no Instituto Rainha D. Leonor. Faleceu a 18 de Janeiro de 2022.

 No mês passado uma amiga minha recomendou-me a leitura de um livro de crónicas de António Lobo Antunes. Em especial esta, que agora transcrevo. Dá para rir porque a descrição é muito fiel à época, mas com a maturidade do autor, que a interpreta não com motivo de escárnio mas sim de leveza de bom humor. O engraçado da crónica prende-se ainda com duas coisas que hoje, ao ler reparo: Se naquele tempo não havia animais domésticos e os pobres substituíam-os, agora é exactamente o contrário: os animais domésticos substituíram os pobres. Mais depressa temos pena de um cão abandonado do que de um pobre, enchemos de cuidados os animais com idas ao veterinário e comida de marca e não nos esforçamos por dar comida aos pobres e de os levar a uma consulta do SNS. A segunda coisa, essa sim, transversal no tempo, é a mania de quem tem querer domesticar as pessoas pobres: porque não têm, têm que aceitar tudo, não podem escolher; porque precisam não podem dizer que não gostam desta ou daquela comida;

Um novo  espaço onde ando a escrever umas coisas. Também nos podemos encontrar por lá.