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A mostrar mensagens de 2023

E o Natal vai acontecendo

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E o Natal vai acontecendo Numa boa notícia que se recebe Nos laços que se vão tecendo Com tons de harmonia leve Na voz de quem nos fala E na saudade que ninguém cala. O Natal vai acontecendo Em vidas cheias de esperança Num passado que se torna presente Ou no sorriso de uma criança. Também na voz trémula de um doente Que tanto ama e tanto sente. O Natal vai acontecendo No presépio que se faz Com a alegria dos pastores. Lembra aquele lugar sagrado Onde ainda hoje a guerra Mostra ao mundo os seus horrores.

As memórias que este dia me traz

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Tendo morrido o meu avô materno em Feirão e lá sepultado, tornou-se obrigatório, como naqueles inícios dos anos oitenta, vir à terra aos Santos. Não sei porquê mas acompanhei várias vezes a minha avó e agora que cá estou, tudo me vem à memória com doçura e lucidez. Eram poucos os dias, três no máximo: vínhamos de Lisboa no dia 31 de Outubro - sempre numa carrinha que nos trazia a nós e a mais algumas pessoas - e regressávamos no dia 2 ou três, conforme fosse o feriado. O ritual era simples: no dia trinta e um ir ao cemitério, lavar a campa, pôr flores - aqui diz-se compo-la - acender a vela e assim se fechava o dia. A casa de Feirão, já de si inóspita - naquele tempo a casa estava ainda por acabar - a juntar ao frio e às chuvas que pela serra de Montemuro fazem questão de aparecer nestes outonos, fazia com que só estivéssemos na casa de cima, a mais arranjadinha, com camas velhas vindas de Lisboa, para dormir. Os serões eram em casa da tia Lurdes, que era tão tia como todas as outras m

O terço da Renascença

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  Este meu escrito mais que um protesto é um lamento. Ao fim de 55 anos a Emissora Católica Portuguesa, a Rádio Renascença, decidiu mudar a hora da transmissão do terço. O terço transmitido começou em 1953 e desde 1968, do directo às 18.30h passou agora para o diferido às 20.30h. As explicações explicam pouco, e pessoalmente não me convencem. Mas ilustro o meu lamento. Nasci em 1975, cresci e fui criado pela minha avó. Não havia um dia nem excepção -  a menos que a excepção viesse da própria rádio - em que na cozinha, enquanto ela preparava o jantar, religiosamente às 18.30h, a rádio não estivesse com som alto a transmitir o terço. Ao entrar no pátio já se ouvia o terço e não se falava; quanto muito “boa tarde”. Não havia perguntas nem respostas, conversas importantes ou o que fosse: estava-se a rezar o terço. E às vezes mandava-se calar. Ora, isto marca. Não só a minha avó mas tantas outras pessoas… mercearias, táxis, casas, aldeias, até igrejas. Quantas pessoas não sendo católicas re

Entre o palco e o altar... e fora dele

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Ah, e o que é que o frei acha da história do palco do Papa? Uma pouca vergonha. De uma ponta a outra. O palco acaba por ser só um pequeno pormenor do plano de alguns deslumbrados, que não sabendo quem são, nem dando a cara (e não há muito por onde fugir), vão sacudindo a água do seu capote. Agora que a casa caiu já ninguém acha piada a nada e até se diz que as jornadas deviam ser fora de Lisboa. Ainda assim é de louvar o Carlos Moedas pelo seu estoicismo: abandonado por todos (e de certeza que todos lhe foram dando palmadinhas nas costas) dá o corpo às balas, custe o que isso custar quer a ele quer aos munícipes. E, obviamente, não pode dizer tudo o que se passou, pelos compromissos… para que outros não fiquem mal, fica ele mal, mas não é normal terem até invocado exigências do Vaticano e o Vaticano vir demarcar-se de toda esta confusão. Neste despilfarro (palavra espanhola que em português poderia significar desperdício), como noutros que a nossa história recente pode comprovar, há

Testemunho, Papa Francisco, Papa Paulo VI e Evangelho

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Na Missa vespertina de hoje, ao contrário do que tinha programado, a homilia foi para a importância do testemunho cristão. Acabei por falar do importantíssimo documento escrito por Paulo VI, a Evangelii Nuntiandi , documento muito actual. O próprio Papa Francisco, neste vídeo que aqui coloco, diz isto mesmo. De modo que, na homilia, falei da importância de ler não só este documento, bem como um outro, escrito por Paulo VI, na área social, Populorum Progressio . Podem encontrar-se estes documentos no site do Vaticano. Aqui quero só deixar o parágrafo da Evangelii Nuntiandi , que nos fala da importância do testemunho discreto mas essencial do cristão (católico). É o nº 2, que diz assim: 21. " E esta Boa Nova há de ser proclamada, antes de mais, pelo testemunho. Suponhamos um cristão ou punhado de cristãos que, no seio da comunidade humana em que vivem, manifestam a sua capacidade de compreensão e de acolhimento, a sua comunhão de vida e de destino com os demais, a sua solidariedade

Porque caminho?

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As experiências de caminhar são para mim das mais profundas. Não só pela necessidade de andar nem pelos benefícios ambientais, que já por si seriam bons motivos, mas pela experiência de pisar o chão, de poder sentir e olhar a paisagem que me rodeia, de conversar, se vou acompanhado, e de rezar, se vou sozinho. Caminhar leva-me sempre mais longe, mesmo se não vou tão depressa.  Muitas vezes o meu caminhar tem também um trajecto interior. Os caminhos interiores levam-nos bem mais longe que os números de passos que o telemóvel me indica os os quilómetros expostos nas placas. Quantas decisões tomei a caminhar, quantas pessoas e conversas lembrei enquanto andava, quantas turbulências acalmei no meu interior quer falando com alguém que partilha os meus passos quer falando e andando às voltas comigo próprio. As caminhadas interiores são para mim, não poucas vezes, uma boa terapia.  Caminhar em grupo tem outras nuances. E muitas vezes revelamo-nos enquanto caminhamos. Lembro-me do que o Papa