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Quando nos aparece Jesus ressuscitado...

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O evangelho deste domingo situa-nos ainda no dia de Páscoa. No entanto mudaram os sentimentos. Se bem recordamos aquela manhã de Páscoa não foi de alegria: não porque Jesus não tivesse ressuscitado, mas porque os discípulos e amigos de Jesus não acreditaram nas suas palavras sobre o terceiro dia da ressurreição. Vemos as mulheres dos perfumes preocupadas com a pedra pesada que tinham de rolar, os discípulos em casa, desorientados, a Madalena que chora à procura do corpo de Jesus e os discípulos de Emaús, derrotados e tristes, regressam à sua aldeia numa tentativa de refazer a sua vida. Todos estes sentimentos negativos se convertem em alegria e esperança a partir do momento em que Jesus lhes aparece: as mulheres dos perfumes vão a correr espalhar a boa nova da ressurreição, a Madalena agarra-se ao corpo de Jesus, os discípulos de Emaús, radiantes de alegria e de coração ardente, regressam nesse mesmo dia, à noite, a Jerusalém, e contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham

Desprendimento

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O desprendimento é uma virtude sucedânea da pobreza. Jesus, no Evangelho, coloca o desprendimento como condição irrenunciável para o seguir. Os relatos de vocação terminam quase todos a dizer que o chamado deixa tudo para seguir a vontade de Deus: Abraão deixa a sua terra, Eliseu a sua família, Mateus o posto de cobrança, os Apóstolos pescadores deixam a pesca e a família para seguirem Jesus… e Jesus acaba por dizer que quem põe as mãos ao arado e se volta para trás não é digno de o seguir. A atitude do desprendimento é não estar ligado a nada nem a ninguém. Na espiritualidade fala-se até de coração indiviso, não partilhado, exclusivo para Deus. A vida em geral convida-nos ao consumismo e ao acumular, mais ao ter que ao ser. No entanto, a espiritualidade apela à liberdade da renúncia: “não preciso”, “não me faz falta”. Uma espécie de “morrer para o desejo de ter”. Se é verdade que o amor prende, muitas vezes por amor temos de despossuir, deixar ir. É preciso uma grande liberdade interi

Confissão

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A confissão é um dos sete sacramentos da Igreja. No dia da Ressurreição Jesus entrega aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados. Ao longo dos tempos a confissão teve modos diferentes de ser celebrada. Os textos antigos falam na necessidade de confessar a Deus os pecados mas não fala do como o fazer. Desde a alta idade média que se assumiu a confissão como a temos hoje: individual e presencial. Todos gostamos de ser perdoados e quem tem fé percebe que as suas más acções têm impacto em si, no próximo e em Deus. Somos os primeiros lesados do mal que fazemos. A confissão é a garantia de que Deus me perdoa quando me arrependo e é ao mesmo tempo compromisso de ser melhor. O arrependimento leva à mudança e a mudança à amizade com Deus. O pecado afasta, o perdão aproxima. Mais do que a humilhação de ter de ir contar ao padre os pecados é a alegria de sentir a misericórdia de Deus na minha vida. Misericórdia que me liberta de um mal que fiz e me faz recomeçar.

Cristo vivo em nós

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O Evangelho de hoje narra-nos duas aparições de Cristo Ressuscitado: uma no próprio dia da Ressurreição, em que São João nota que Tomé não está presente, e outra, oito dias depois, já com Tomé, sem Tomé nem os outros saberem que Jesus lhes iria aparecer. No entanto, as leituras de hoje focam-se muito na importância da comunidade que se reúne com o Ressuscitado. Ele está sempre, como tantas vezes dizemos na Missa: “ele está no meio de nós”. Gostava de partilhar convosco a importância da comunidade na nossa vida cristã. Não há dúvida de que a comunidade é o lugar privilegiado do encontro com Jesus Ressuscitado, mesmo se entre nós temos laços que nos unem. A comunidade reúne-se à volta de Cristo Ressuscitado. Quem se quer encontrar com Cristo tem a certeza de que ele se revela na Eucaristia de cada dia, de cada domingo. O domingo é importante porque nos faz sair da nossa casa para nos reunirmos na casa da Igreja. E quem não vem, perde, como Tomé. Quem vem encontra-se com Jesus, quem não v

Perfumes de Páscoa

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O relato da paixão de domingo de Ramos terminava com o apontamento de que Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde Jesus tinha sido sepultado. No relato de hoje encontramo-las, apressadas e preocupadas: apressadas para ir ungir o corpo morto de Jesus e preocupadas porque não sabiam como é que iriam conseguir tirar a pesada pedra do sepulcro. O encontro com o Anjo, que lhes diz que o morto que elas procuravam afinal vivo, enche-as de alegria e de esperança porque, na verdade, nunca deixaram morrer o amor. E aqui temos, para nossa reflexão os três sentimentos da Páscoa, vividos pelas mulheres e celebrados nesta santa noite.  Alegria. As mulheres sentiram grande alegria quando o anjo lhes disse que o Mestre que seguiram e que agora procuravam estava vivo. A esta alegria junta-se a alegria desta Páscoa, tão bem descrita na alegria da criação da primeira leitura… mas também na alegria da libertação que o povo sentiu quando saiu da escravidão para a liberdade… a alegria da nossa

Cristo crucificado, hoje

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Hoje é dia de olhar para aquele que foi trespassado. Hoje é dia de olharmos para aquele que por nosso amor morreu na cruz. Hoje é dia de olhar para a Cruz e ver que o mundo continua a crucificar, com crueldade, homens e mulheres, inocentes e sem culpa.  Não podemos reduzir este dia a um dia de devoção. A narrativa da paixão continua actual porque também hoje vemos injustiças que crucificam os que, como Jesus, são hoje vítimas da violência das guerras. Vemos os que hoje, como Jesus, estão manietados, sem poder fazer nada da sua vida, porque dependem ou da generosidade ou da boa vontade dos outros, que às vezes têm pouca vontade em resolver os problemas. Vemos os que, como Jesus, são vítimas de esquemas, perseguição e difamação. Vemos os que, como Jesus, são traídos na amizade ou nas relações. Vemos os que, como Jesus, sofrem o abandono e são deixados à sua sorte. Vemos os que, como Pilatos, lavam as mãos ou encolhem os ombros não querendo saber do sofrimento e das injustiças que causam.

Dos Ramos à Paixão

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Começamos hoje a Semana Santa. A semana em que celebraremos de modo sacramental o que aconteceu realmente há 2000 anos. Não vamos ao passado, mas trazemos o passado para o presente porque o que aconteceu lá atrás continua vivo hoje em cada um de nós. Este domingo chama-se de Ramos na Paixão do Senhor.  Domingo de Ramos. Quando lemos a vida de Jesus narrada nos Evangelhos vemo-lo sempre a andar a pé ou de barco. Mas hoje Jesus pede aos discípulos que procurem um jumentinho para ele entrar em Jerusalém. A imagem é toda ela messiânica, ou seja, a da entrada do Messias na Cidade Santa. Porém, Jesus não escolhe o cavalo nem faz alarido com a sua entrada em Jerusalém. Jesus nunca se apresenta no espectáculo e na atitude superior mas sempre na humildade. É a multidão dos simples, dos que esperavam a libertação que mostram Jesus: arrancam ramos das árvores, colocam as suas capas no chão para Jesus passar e gritam hossanas (liberta-nos, salva-nos).  E é domingo da paixão. Porque sabemos que est