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A mostrar mensagens de abril, 2010

O Maio que aí vem

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Aí vem Maio, para nós, católicos, o mês de Maria. Talvez pelas flores, como diz o ditado "Mês de Maio, mês das flores; Mês de Maio, mês dos amores". Mês de Maria e mês dos santos. Senão vejamos: logo no primeiro dia do mês, a sociedade celebra o dia do trabalhador; a Igreja celebra São José, na sua profissão de operário. E ligado a Maria e, talvez, às flores, logo no dia dois, por ser o primeiro domingo do mês, celebramos o dia da mãe. Dia seguinte o do grande Apóstolo Filipe, aquele que pediu a Jesus que lhes mostrasse o caminho para o Pai e a quem Jesus respondeu: " Quem me vê, vê o Pai ". Dia de São Filipe e de São Tiago, bispo de Jerusalém. Passamos uns dias e temos, a 12 de Maio, a festa de Santa Joana Princesa, filha de D. Afonso V. No dia seguinte , outra festa portuguesa, a de Nossa Senhora de Fátima, no 93º aniversário da primeira aparição, este ano com a presença do Papa, que vem a Portugal. No dia 14 celebra a Igreja São Matias, que integrou o grupo dos D

Santa Catarina de Sena

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Hoje, toda a Igreja celebra a festa de Santa Catarina de Sena. Nós, Dominicanos, de maneira especial. Catarina foi uma Terceira Dominicana, do século XIV, Virgem, Doutora da Igreja e co-Padroeira da Europa. Celebrei duas Missas. A primeira com as Irmãs Dominicanas de Santa de Sena, que vivem no Hospital de Sant'Ana, na Parede. Uma pequena comunidade com uma presença de 100 anos no hospital, junto dos doentes, como Santa Catarina, aos 23 anos que se dedicou a tratar dos doentes e dos moribundos. Além de ser dia da sua Padroeira, uma irmã celebrava as suas bodas de ouro de consagração. A segunda foi no Convento, porque hoje parte um dos nossos irmãos para fazer o caminho francês de Santiago de Compostela, que lhe demorará um mês. Em jeito de partilha, aqui fica o que disse hoje às Irmãs sobre Santa Catarina de Sena: Falar de Santa Catarina parece fácil mas não é. Falar da sua vida sim, é fácil, até porque ela está bem documentada, mas sobre o que ela viveu, que nós podemos vislumbrar

Lição de amor

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Estão os dois no mesmo hospital, por doenças diferentes, em pisos diferentes, mas une-os o mesmo amor: estão casados há 58 anos. E ele visita-a. Ela na cama, ele na cadeira de rodas. Ela pouco reage mas ele fala-lhe, deixa cair as lágrimas, dá-lhe a mão e pediu-me que, na semana que vem, fizessemos a celebração do 59º aniversário ( Deus volendo ). E aqui se vê que o amor é mais forte que as tristezas, que o sofrimento e que a doença. As fotografias já o insinuavam, mas duas mãos que se apertam têm mais força.

Ser Dominicano

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O Dominicano é um homem de oração : fala com Deus e de Deus; reza no quarto, no coro, sozinho e em comunidade; reza pelos que sofrem, pelos pecadores, sendo ele o primeiro; dá graças a Deus pelos bebefícios recebidos e pede pelos que nada têm. O Dominicano é um homem de comunidade : vive da comunidade e para a comunidade; gosta de dar e receber, de partilhar a vida; quer bem aos seus irmãos mesmo se pensam diferente; perdoa e pede perdão com humildade; entrega a sua vida nas mãos dos seus irmãos e implora deles misericórdia. O Dominicano é um homem de estudo : estuda para pregar a Verdade do Evangelho; o seu estudo é oração e contemplação; é um estudo fecundo, para servir a Igreja e o mundo; O Dominicano é um homem de pregação : fala de Deus aos homens; prega a justiça e a paz como os profetas; anuncia o Evangelho como os apóstolos; prega com a Bíblia numa mão e o jornal na outra; tem a Graça da Pregação e prega o Evangelho da Graça; com a sua pregaçaão exorta, converte, liberta e c

Ser consagrado

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Para mim, ser consagrado é ser como o Bom Samaritano da parábola que Jesus contou. Estar atento ao mundo e aos seus problemas, estar próximo de quem precisa de um conforto de Deus. Servir, dar, distribuir, levar Deus aos outros. Estar disponível. Não passar ao lado. Uma realidade? Não. Um desafio.

O Bom-Pastor

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Ofereceram-me, ontem, uma imagem de Cristo Bom Pastor. Também, ontem, começou a semana de oração pelas vocações que terminará no próximo domingo, chamado do Bom-Pastor. O tema desta semana é " O testemunho suscita vocações ". Para mim é uma das mais belas imagens que poderíamos ter de Jesus, apesar de hoje já poucos saberem o que é um pastor. Saber que Deus cuida de mim... pode parecer beatice, mas é conforto. E os padres poderem ser bons pastores à imagem de Cristo, Bom Pastor? Um desafio. Nesta semana, ao rezar pelos bons pastores, rezo também pelo mau testemunho dos maus pastores: não só os da pedofilia, mas os intolerantes, dominadores, que se acham donos do rebanho. E rezo também pelas ovelhas, as que se afastaram pelo mau testemunho dos maus pastores e pelas que, apesar de tudo continuam no rebanho, porque conhecem a voz do seu verdadeiro pastor. Todos precisamos de rezar e de que rezem por nós. E, que todos nós, cada um à sua maneira, seja bom pastor para o seu próximo

Três velas

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Estou em Fátima. Num fim-de-semana com as Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Venho falar-lhes de crise de vocações e como podemos continuar a ser sinal de esperança e aprender a envelhecer e até a morrer. Mas vir a Fátima, para mim, tem os seus rituais e as suas tradições. Um deles é o de acender três velas. Não sei porquê. Sei que o faço há metade dos anos da minha vida; sei que são três, e que nelas estão sempre muitas intenções. Outra coisa que gosto de ver em Fátima são as azinheiras. Diferentes das oliveiras e das carrasqueiras, as que rodeiam o Santuário estão grandes, troncos com musgo, folhas verdes e mais largas que as da oliveira, hoje molhadas porque em Fátima, hoje, choveu muito. Mas hoje despertou-me outro detalhe: o canto dos melros. Ao final da tarde, quase por toda a área do Santuário, se ouvem melros a cantar. Bem escreveu o autor do Livro da Sabedoria quando disse que pelas criaturas se pode chegar ao Criador.

Os fumos sagrados

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No domingo passado, perguntaram-me no fim da Missa, o porquê do incenso e porque é que a umas coisas se incensam de uma maneira e a outras de outra. Prometi escrever sobre o assunto e cá vai. É uma ideia errada a de que os turíbulos (defumadores de metal presos a três correntes onde se queimam grãos de incenso) começaram por se usar nas igrejas para eliminar maus odores. Esta ideia, muito ligada ao Botafumeiro da Catedral de Santiago de Compostela - aí sim poderia estar incluído esse objectivo - é muito circunstâncial. A principal razão, anterior ao cristianismo e até ao judaísmo, é a de adoração às divindades. Há registos das religiões orientais em que se fala de queimar resinas e outras plantas aromáticas em louvor das divindades. Mas podemos atribuir, na Igreja Católica, a origem do uso do incenso ao povo judeu. Na Bíblia temos algumas narrações deste ritual de queimar incenso em honra do Senhor. Baste-nos como exemplo o que se narra no Livro do Êxodo sobre a construção do Templo e

O outro lado

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Ontem, na minha Comunidade, celebrámos uma Missa por alma do fr. Vicente, que faleceu no passado dia 3. No final da homilia li um texto que encontrei entre as suas coisas. O texto é de Santo Agostinho, imaginariamente escrito por um cristão que, passando as barreiras da morte, agora goza da presença de Deus. Cada um de nós, dos que vê partir, fica com as suas memórias. Eu, deste frade, tenho as minhas. Partilho o texto encontrado: A morte não é o fim... Sempre acreditei na ressurreição, simplesmente passei para o outro lado. O que fomos uns para os outros continuaremos a sê-lo sempre. Tratem-me sempre pelo nome que sempre me trataram. Falem de mim como sempre o fizeram. Continuem a rir daquilo que sempre rimos juntos e cantem o que sempre cantamos juntos. Pensem em mim e rezem por mim, porque a lembrança também é presença. Quando estiverem tristes pensem em mim, chamem por mim pelo meu nome, que eu estarei lá para vos ajudar e consolar e vão ver como é bom terem-me do lado de cá. Esper

Os outros mudam... e nós também

Foi bom revê-lo onze anos depois. A imagem de então agora é diferente. Não sei quem mudou, talvez os dois, ou talvez nenhum. Hoje foi possivel conversar, rir juntos, coisa que no passado não aconteceu. E foi mais que tolerância. Hoje foi sanado o passado. Talvez lhe devesse dizer mas fica aqui escrito.

Bendita manhã

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O tempo, esta semana, tem-nos dado dias radiosos. Cada manhã, assomamo-nos à janela, e vemos um céu azul e um sol limpo e alegre. E a mim lembra-me aquela manhã em que Jesus sai vitorioso do túmulo. Cada manhã lembra-me a vida nova, cheia de luz, que Deus me quer dar para que as trevas se afastem. Cada manhã percorro os passos da Madalena, dos discípulos de Emaús, de Maria e dos Apóstolos. Todos eles, desorientados com a notícia da Ressurreição não sabem que fazer. E Jesus aparece-lhes, sem que eles o reconheçam. Bendita manhã que nos trazes a notícia de que a noite passou, de que o Morto ressuscitou e de que a alegria voltou ao nosso mundo e ao nosso coração. Bendita manhã que me convida a cantar Aleluias, a fazer dobrar os sinos em compasso de Páscoa, a sentir o calor do Ressuscitado. Bendita manhã que se torna, em cada dia, um desafio ao testemunho. A sentir em mim as marcas da cruz, agora gloriosas, e a dizer ao mundo que afinal ele não está na cruz mas em mim, em ti, onde nós o pe

Olhos embargados

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Senhor, como haveríamos de te reconhecer, se os nossos olhos não vêem o para além do corpo, e a nossa inteligência para além do racional? Não te reconhecemos porque temos os olhos embargados de lágrimas, e o coração dorido das experiências que magoam, das amizades corrompidas, do fraco testemunho e da nossa pouca fé. Mas há uma voz e um gesto, que os olhos e os ouvidos reconhecem; e ouvimos o nosso nome, dito por ti, naquele timbre, o timbre do amor, que nos faz estremecer, e voltar ao amor. Há um gesto, o da entrega e da partilha, em que te reconhecemos como pão de vida, corpo ressuscitado. Nesta noite eu te peço a luz que me faz ver para além do visível, para além do racional, para além de mim próprio. Então as lágrimas converter-se-ão em sorrisos, a tristeza em alegria e volta o coração a arder no fogo do teu Amor. A ti Ressuscitado, que iluminas o caminho de Emaús, ilumina também a minha vida para que te reconheça não só no pão e no vinho, mas também na partilha de irmãos. Ámen.

Os novos Santos Óleos

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Todos os anos, por estes dias, faço a distribuição dos Santos Óleos para os vários sítios onde são necessários: Convento, Hospital e ainda a Comunidade das Irmãs do Ramalhão. Este ano calhou no dia de hoje. Estes Óleos, vindos da Sé, benzidos pelo bispo, em quinta-feira santa, são três: Catecúmenos , Crisma e Enfermos. Dizemos óleos mas, na verdade são azeites. Os dos catecúmenos e dos enfermos são puros, enquanto que o óleo do crisma, o mais "importante" e mais que benzido é consagrado, tem uma mistura de perfumes e, portanto, torna-se um azeite perfumado. Não é por acaso é que é azeite. É o suco da oliveira, que contém todas as virtudes. Foi usado para muitas coisas, como para iluminar (as candeias de azeite), e até para curar. No mundo bíblico era usado para ungir os reis , sacerdotes e profetas. Actualmente os óleos são usados para circunstâncias muito especiais: o dos catecúmeos para os que vão ser baptizados; o Crisma para a unção pós baptismal, para o Sacramento do

Ressuscitou, Cristo, minha esperança

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Senhor, vivemos dias gloriosos. A tristeza converteu-se em alegria, a morte em vida, a dor em gozo, o desespero em esperança. Cristo, minha esperança, ressuscitou! Assim dizia a Madalena, chorando de alegria, assim dizia para si e para os que por ela passavam. Cristo, minha esperança, está vivo! Digo eu, hoje, nesta noite clara da tua Ressurreição. A partir daquela noite, tudo tem sentido e nova cor: o sol e a lua, as flores e os animais, toda a humanidade e o seu destino, tudo tem novo sentido. Um novo rumo para a minha vida é o que me pedes. Viver como tu: ressuscitado. Ó Cristo da esperança, que a luz da tua santa Ressurreição, ilumine a minha vida, para que te possa amar mais e dizer a todos que tu, além de vivo, estás no meio de nós. Ámen.

In memoriam

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Faleceu, no sábado passado, um irmão da minha Comunidade. Assim de repente. Homem sempre bem humorado, com o seu feitio muito especial, de grande carácter, admirado e reconhecido pelos vários sítios por onde passou, desde Moçambique, hospital da prisão de Caxias, paróquia de Caxias, Comunidade neocatecumenal que o apoiou e nos apoiou muito nestes últimos anos da sua maior debilidade. Foi também o primeiro frade que morreu desta minha comunidade desde que sou prior. Foi ontem o funeral. Depois de alguém morrer chegam as partilhas de quem viveu com ele, situações engraçadas, os inevitáveis "coitadinho do fr. Vicente", que são culturais e não de sentido literal. Uma coisa que ontem me disseram foi que ele gostava muito de uma canção dos neocatecumenais e que andava a pedir que se cantasse quase todas as semanas. E como não há acasos, a música chama-se "leva-me ao céu". Não consegui encontrar a música mas tenho a letra. Em memória deste homem de quem cuidei - mal ou bem

Compasso de espera

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Não vale a pena chorar por Cristo. Choremos antes por nós. Choremos porque os nossos pecados são ainda muitos, choremos porque o mal continua a ser mais forte que o bem. Choremos porque somos do grupo dos fracos, que o Evangelho narra. Choremos porque somos como Pedro, que na hora da verdade prefere a mentira. Choremos como João, que se vê sem o seu Senhor. Choremos como Maria, que, apesar de ver também aqui a vontade de Deus, vê também o corpo macerado do filho que gerou no seu ventre. Deixemos que as lágrimas caiam, sem medo de as mostrar. Choremos lágrimas de esperança, a mão de Cristo virá resgar-nos. Choremos lágrimas de amor, porque o túmulo fechado é continuação do amor de Deus por nós. Choremos por nós que esperamos a luz forte da Ressurreição. Choremos por nós enquanto Cristo, no sepulcro, vai resgatar a humanidade cativa nos infernos. Choremos lágrimas de consolação, porque o dia da Passagem chega apressado. Nesse dia, as lágrimas converter-se-ão em alegria, o luto em cor, o

Que palavras nesta noite?

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Senhor, entrámos na noite do grande silêncio. O mesmo silêncio de há dois mil anos: o silêncio de Maria depois de ter o seu filho morto nos braços, o silêncio dos discípulos com as ilusões desfeitas sobre o seu Mestre, o silêncio de um túmulo escavado na rocha, perto do lugar da morte. Noite e silêncio. Hoje, diante do mal, do sofrimento e da tragédia, só o silêncio pode ser fecundo e consolador. Se houver palavras a dizer, serão as de solidariedade por quem sofre. Já não há vestígios de morte: a cruz foi retirada, Maria retirou a coroa de espinhos, estancou o sangue do lado, João traz-lhe o lençol de linho para embrulhar o corpo do Senhor, José de Arimateia já comprou os perfumes e preparou o túmulo. Hoje o silêncio é mais forte que as palavras. E nós esperaremos também em silêncio a grandiosa notícia de que a morte não foi a palavra final, de que a cruz, afinal, tem sentido, de que Cristo sai vivo do sepulcro. Ajuda-me, Senhor, a sair dos meus túmulos, dá-me força para fazer rolar a

O dom da mansidão

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Senhor, nesta noite em que só o luar ilumina esta noite de trevas e de espadas, ilumina-me o teu rosto calmo e sereno, diante dos traidores e dos que te julgam. Travas a violência com o perdão, a guerra com a paz, o barulho com o silêncio. Nesta hora de agonia, em que os mais próximos adormecem, mas sentes o consolodo anjo, quero pedir-te pelos que são injustiçados, pelos que são vítimas da guerra e da violência, pelos que andam por caminhos sem saída. Nesta noite e nesta hora, em que dás a maior prova de amor, sentes o frio da traição e do abandono. Nesta noite e nesta hora em que rezas ao Pai, ouves já as vozes do terror que vêm para te prender. Nesta noite e nesta hora és julgado por Anás, Caifás e Herodes, tu que nunca julgaste nem condenaste ninguém. Senhor, nesta noite e nesta hora, ensina-me o dom da mansidão. A ter paciência, a saber ouvir, a calar quando o impulso quase obriga a falar. Venha em minha ajuda o anjo consolador, que me abraça e me devolve a confiança. Nesta noite