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A mostrar mensagens de junho, 2018

fr. José Maria Ribeiro, op (1939-2018)

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Partiu ontem, para junto de Deus, assim nos faz crer a fé, o frei José Maria Ribeiro, que nasceu em São João da Ribeira, no dia 21 de Novembro de 1939. Não foi fácil a sua infância e juventude. Nasceu anão, diferente das outras crianças, o que para uns causaria pena e a outros alguma graça. Mas, apesar da diferença nunca quis ser diferente. Fez tudo como os outros, como sempre recordava. Sei também que a sua catequista era também anã, porque a encontrei uma vez e falou-me dele e depois, ele de ela, com carinho. Como o frei José Maria tinha uma grande memória e muitas memórias, vou tentar aqui deixar algumas, contadas por ele, e outras que nós lembramos. [Quando há uns anos morreu uma senhora muito ligada a nós, dominicanos, e eu contei algumas histórias, ele pediu para eu as por por escrito para não entrarem no esquecimento. Não o fiz, mas hoje faço-o para que não se perca uma vida tão simples, humilde e dominicana.] Ainda criança veio a Lisboa com o pai. Dizia que o primeiro síti

Pinheiros de Roma

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Quando fazemos o trajecto entre o aeroporto de Fiumicino e o centro de Roma, para além das paisagens e igrejas há também uma espécie de pinheiros que, ou é de serem italianos, ou de eu achar que a galinha da vizinha é melhor que a minha, que são diferentes , para mim, muito bonitos. Parecem cogumelos gigantes em tom de verde. Esguios, com uma copa muito certinha (vista de longe), um tudo ou nada semelhantes às árvores dos montes alentejanos, mas com a diferença dos seis ou sete metros de altura. Estes pinheiros são mesmo grandes. Mesmo ao longe. Mas bonitos. E hoje cheirosos. Cheguei ao convento de Roma 10 minutos antes de uma senhora trovoada - as trovoadas de Roma são de fugir! - chovia pouco mas cheirava a pinheiro molhado. E como é bom o cheiro do pinheiro molhado. Em Roma estão um pouco por toda a parte estes pinheiros. Vemo-los em Trastevere, nas colinas da estação de Ostiense, na subida de Santo Anselmo, nos Foros imperiais... excepção feita ao circo máximo, que aí imperam os

Anno Histórico: frei João de São Tomás

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O Doutíssimo Padre Frei João de São Tomás, foi natural de Lisboa, baptizado na freguesia de Nossa Senhora dos Mártires. Passou a Castela com os seus pais, que eram da obrigação do Cardeal Alberto, e em Madrid recebeu o hábito da sagrada Religião dos pregadores, e nela foi um novo sol da escola tomista, como testificarão as suas obras, impressas em doze grandes volumes, que são outros tantos pregões das suas grandes letras. Por elas e por suas esclarecidas virtudes, o nomeou Filipe IV para seu confessor, sendo ele português, em tempo em que ardiam as guerras entre Castela e Portugal; mas sobre esses escrúpulos ou receios que podia afectar a política, prevaleceu a grande reputação em que era tido; aceitou aquela ocupação constrangido por obediência de seus prelados, e não viveu no exercício dela mais de um ano: faleceu santamente neste dia, ano 1644. (Anno Histórico, volume II, 17 de Junho, par. III, p. 222-223)

Anno Histórico: Introdução

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Volto ao Anno Histórico, editado em Lisboa 1744. O título oficial é Anno histórico, diário portuguêz, notícia abreviada, de pessoas grandes e cousas notáveis de Portugal . O seu autor é o Padre Mestre Francisco de Santa Maria, da Congregação de São João Evangelista. São três volumes, muito patrióticos, onde se fala de santos e veneráveis, ilustres da monarquia e da Igreja, fogos e tremores de terra, fenómenos normais e menos normais. E curiosidades também, quase sempre no último lugar, como a que termina o dia 21 de Agosto, que assinala: " No mesmo dia, em sexta-feira, pelas oito horas da manhã, ano de 1736, faleceu na cidade de Lisboa, em casa do Marquês de Abrantes, com perfeito conhecimento e muita conformidade cristã, e com mais de cento e doze anos de idade, Maria da Silva, natural da cidade de Tanger, que serviu mais de um século a casa do mesmo Marquês, desde o tempo de seus terceiros avós, vivendo sempre donzela e com muitas virtudes morais ". Pelos vistos era um f

O Santo noviço

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Tenho na minha mesinha de cabeceira um livro espanhol, publicado em 1921, sobre a vida de santos, beatos e veneráveis da Ordem Dominicana. Livro antigo, com vidas e histórias ainda mais antigas, como a que aqui vou contar, sobre um santo noviço. A história parece ter sido verídica, medindo a distância entre o verídico do século XIV com o verídico do nosso tempo. Esta história do santo noviço tem, pelo menos, duas réplicas: uma em Itália e outra em Santarém, Portugal, e o noviço tem nome e tudo: Beato Bernardo de Morlaas. Mas vamos primeiro à mais documentada e depois um breve apontamento à versão portuguesa. No século XIV, em Maiorca, há uma grande peste que dizima famílias de sangue e religiosas. Uma criança, que não teria mais de sete anos, vai viver para o convento dos Padres Dominicanos e aí cresce na fé e na virtude. Ganha especial devoção por uma grande imagem de Nossa Senhora que tinha o Menino Jesus nos braços e aí passava muitas vezes e muito tempo contemplando a Virgem Mar

Contextos Dominicanos

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Os Dominicanos devem a sua existência a São Domingos de Gusmão, nascido provavelmente em 1174, em Caleruega, Espanha, e morreu em 1221, Em Bolonha, Itália. A sua cronologia é relativamente curta, quer por falta de informação quer porque como escreveu um Dominicano, não sabendo se para se justificar ou para confirmar o que muitos confirmamos: Os dominicanos preocuparam-se sempre mais em fazer as coisas que em narrá-las. Assim foi com São Domingos. Não temos autobiografias e os relatos mais antigos só são escritos dez anos depois, já com vista à canonização do Santo Fundador. Mas a história tem a curiosidade como ingrediente principal e consegue-se cruzar vidas e acontecimentos. É o caso de um Bispo de Osma, onde São Domingos foi cónego, que nuns inícios da nossa história era só um bispo que gostava de São Domingos, que o chamou para Osma e que o requisitou para uma viagem à Dinamarca, onde então se deram conta da heresia. Com a investigação histórica mais recente sobre a Ordem, figur

Welcome home!

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Vinda do nosso antigo convento, no Corpo Santo, e tendo ido a restaurar, regressa hoje a casa São Domingos, limpinho e formoso! Aproveito para deixar aqui a descrição física de São Domingos, que uma monja sua contemporânea fez dele: " O aspecto exterior do bem-aventurado Domingos era o seguinte: estatura média, corpo franzino, belo rosto um tanto avermelhado, cabelo e barba ruivos, lindos olhos. Da sua fronte e entre as sobrancelhas irradiava um certo esplendor, que atraía a todos ao seu respeito e simpatia. Andava sempre risonho e alegre, a não ser quando se enchia de compaixão por qualquer aflição do próximo. Possuía umas mãos compridas e lindas. Era dotado de uma forte, bela e sonora voz. Nunca foi calvo, mas usava uma rasura íntegra, formando uma espécie de coroa com os cabelos, entre os quais apareciam algumas cãs. " Esta imagem não é uma réplica do relato mas uma interpretação barroca, feliz. Bem-vindo a casa, Pie Pater !