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A mostrar mensagens de outubro, 2018

Em cima desse penedo

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Há 32 dois anos que não vinha a Feirão aos Santos. O meu avô morreu em 1980 e a minha avó vinha todos os anos, religiosamente, limpar e compor a campa do meu avô. Até que, num ano, vim com ela. As memórias são algumas: frio e chuva, uma casa inóspita (ainda em construção e sem aquecimento), o cemitério cheio de flores e, à noite, com velas, tal como o acabo de ver. Teria eu dez anos e terá sido, muito provavelmente em 1985. Tantos anos depois, o ritual repete-se nesta tarde: as pessoas vão ao cemitério compor as campas e acender as velas. Amanhã, a Missa dos Santos e a ida ao cemitério e, na sexta, para quem pode, a Missa dos Defuntos. Aqui a ideia da morte está muito presente. Não se pode dizer que há um culto dos mortos mas é, sobretudo memória e gratidão dos que nos precederam na vida e na fé. Também eu, hoje, fui aos dois cemitérios acender as minhas velas. Pelos meus avós. E rezar por todos. Lembrei-me durante o dia de hoje de uma cantiga que a minha mãe nos cantava em

Anno histórico: Trasladação do corpo da Princesa Santa Joana

No mesmo dia, ano de 1711 foram trasladadas para novo e magnífico Mausoléu, mandado fazer por El Rei Dom Pedro II, as Relíquias do corpo da Princesa Santa Joana, filha dos Reis Dom Afonso V. e D. Isabel, sepultada no Mosteiro de Jesus, da Ordem de São Domingos, da Vila de Aveiro. El Rei Dom João V nosso Senhor mandou fazer esta trasladação pelo Bispo de Coimbra Dom António de Vasconcelos; o qual assistido do seu Cabido, do Senado da Câmara, do Provincial, e de mais alguns Religiosos de São Domingos, e da Comunidade das Religiosas do mesmo Mosteiro, abriu o cofre das Relíquias, que estava no Coro, e depois de as reconhecer pelas mesmas, que examinara e atestara o Bispo de Coimbra, Dom João de Mello, quando deu informação delas à Sé Apostólica, as incensou de joelhos o Bispo Conde Dom António, e deu a cabeça da Santa a beijar a todas as pessoas, que se achavam presentes; as quase formadas em Procissão: com tochas acesas, cantando as Religiosas Hinos e Salmos, e pegando no caixão as prim

O final da tarde em Feirão... no Outono

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Cada época é diferente nas nossas vidas e nos vários lugares. Feirão, como não poderia deixar de ser, também tem os seus ritmos, sempre de acordo com o sol (apesar dos relógios). O final da tarde em Feirão começa um pouco antes das 18h, quando se toca o sino para o terço. Nestes meses de Outubro o terço é rezado e prolongado com meditações e leituras (Outubro, o mês do Rosário, Novembro, o mês das almas). Entretanto, vai a sombra do sol subindo pelo Penedo Gordo e, o escurecer transforma a atmosfera: na igreja o terço, no firmamento a lua, que sobe timidamente, os pássaros que se fazem ouvir e os animais, cada vez menos, que chegam do monte, ouvindo-se as campainhas e os guizos a avisar o retorno. Um pouco antes das 19h - porque estou cá - subo eu ao sino para anunciar que vai haver Missa: as 7 rituais badaladas. No fim da Missa, volta a tocar o sino para o rezo das Trindades, fechar-se a igreja e cada qual ir para sua casa tratar da ceia, nunca excluindo o caldo que aquece o corp

Finalmente Feirão!

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Fim de dia em Feirão. Directamente de Campo Maior, onde fui casar um casal de amigos. De lá, atravessando montes e vales, saltando pelas montanhas, cheguei ao meu berço. Feirão está calmo e já frio. Recebido com um forte aguaceiro, aqui estou eu, no serão da aldeia onde só se ouvem as campainhas dos animais e o latir de um cão, se passa alguém. Mas tudo é calma nesta pequena aldeia da serra de Montemuro. Por aqui me vou ficar, uns dias, para aproveitar para descansar, ler e trabalhar um pouco, porque em férias trabalho o que não consigo trabalhar em Lisboa e que pede concentração e tempo. Assim Deus me ajude. Feirão vai ser aqui falado e recordado porque em Feirão a minha memória do passado fica muito presente. Para já, aproveitar o frio de que tinha saudades. E uma fotografia do lugar do casamento de hoje.

Uma bonita oração

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Por vezes as pessoas queixam-se que as orações da Missa são muito elaboradas ou até que nem se consegue perceber o que se está a pedir. Uma vez, numa conferência sobre o Concílio Vaticano II, um bispo dizia que as orações da Missa eram belas no latim mas que não chegavam ao coração das pessoas. Há um quê de verdade nestas afirmações. Algumas orações presidenciais são de difícil entendimento, como, por exemplo, pedir a Deus "o que nem sequer ousamos pedir". Mas hoje tocou-me uma oração, rezada depois da comunhão, no dia em que se celebra Santo Inácio de Antioquia. A oração reza assim: " Fortalecei-nos e renovai-nos, Senhor, com o pão celeste que recebemos neste sacramento, ao celebrarmos o martírio de Santo Inácio, para que, pelo nome e pelas obras, sejamos verdadeiramente cristãos ". Porquê esta oração neste dia? Santo Inácio de Antioquia faz parte da segunda geração de cristãos. A tradição diz que a comunidade de Antioquia foi fundada por São Pedro. Quando foi

Ó Jesus, fica connosco

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Nas músicas que acompanham o meu trabalho sedentário, ouço uma melodia muito antiga, que em português se canta a Nossa Senhora. Mas o original canta-o na Quaresma, num pedido insistente a Jesus de estar connosco. Interrompo o trabalho para aqui deixar as quadras, que no original francês rimam e que nesta pobre e apressada tradução só consegue transmitir a ideia de oração: 1. Quando amanhece sobre a terra / Nós vemos-te já acordado Tudo renasce com a luz / Fica connosco, ó Jesus! 2. Se às vezes no nosso caminho / nos ameaça o desgosto Na noite da nossa dúvida / Caminha connosco, ó Jesus! 3. Tu procuras os miseráveis / O teu amor está em todos os lugares Vens sentar-te à nossa mesa / Vigia connosco, ó Jesus! 4. Se a tua cruz nos parece dura / Se as nossas mãos são frágeis Que a tua glória nos tranquilize / Sofre connosco, ó Jesus! 5. Para além do teu Calvário / Tu paras e falas connosco Na alegria, junto do teu Pai / Acolhe-nos, ó Jesus!

Anno histórico: Madre Soror Maria do Sacramento

No mesmo dia, ano de 1659, faleceu preciosamente no Mosteiro do Sacramento de Lisboa, da Ordem de São Domingos, a Madre Soror Maria do Sacramento, no século Dona Maria de Mendonça, Condessa de Vimioso, Marquesa de Aguiar, filha de Dom Cristóvão de Moura, Marques de Castelo Rodrigo e de sua mulher Dona Margarida Coutinho Corte Real, casou com Dom Afonso Coutinho, Conde de Vimioso, depois Marquês de Aguiar. Em idade de sessenta anos se viu viúva e entrou logo Religiosa naquele reformadíssimo Mosteiro, onde já tinha duas filhas, levando consigo três criadas para Freiras. Não lhe foi novo o estado religioso, porque nos de donzela e casada viveu sempre muito devota e religiosamente, com grande exemplo, penitência, edificação e do mesmo modo fazia viver a toda a sua família, de sorte que o seu palácio parecia um reformado Mosteiro. Quando entrou no do Sacramento, era sua filha, Soror Margarida da Cruz, Mestra de noviças, e o foi de sua mãe, vindo por este modo a ser mãe de sua mesma mãe e e

Na simplicidade

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Há percursos e ocasiões na vida que nos pedem simplicidade e essa simplicidade torna sublime os mesmos percursos e ocasiões. Foi o caso dos últimos dias em que fui com a João 13 a pé a Fátima. Fátima porque sim e a pé porque sim também. Há simplicidade em tudo. Desde a simplicidade das vidas à simplicidade das conversas, passando também pela simplicidade das orações e celebrações. Este ano descobrimos um pequeno campo, limpo e murado, com uma grande pedra no meio onde celebrámos Missa num dos dias e onde quisemos voltar para a Eucaristia de domingo. A simplicidade de tudo, a começar pelo lugar aprazível e acolhedor que, para mim, foi mais eloquente que a maior das catedrais ou mosteiros. A simplicidade dos cânticos e das orações, das leituras e das alfaias. Tudo simples, tudo belo, tudo marcante. E sentir a presença de Deus numa sombra, num sorriso ou numa lágrima, a força da fé que nos faz caminhar juntos, rezar juntos, e comungar na fé o corpo e o sangue de Cristo. Tenho ouvido no

Anno Histórico: Frei Duarte de Travassos

O Venerável padre frei Duarte de Travassos, da Ordem dos Pregadores, natural de Lisboa, passou à Índia e na ilha de Timor, com as suas pregações e exemplos converteu inumeráveis almas ao conhecimento do verdadeiro Deus. Neste dia, ano de 1660, pregando contra a falsidade dos ídolos, no mesmo acto lhe cortaram a cabeça por ordem do Rei daquela terra. (Anno Histórico, volume III, 2 de Outubro, par. II, p. 124)

O que Maria jovem diz hoje aos jovens

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Estive este fim-de-semana na Peregrinação do Rosário e da Família Dominicana. Há 14 anos que não o fazia em pleno. O tema deste ano foi "Maria, jovem, e os jovens com Maria". Foi muito interessante e belo tudo o que se passou nestes dias e, sobretudo, os testemunhos dos jovens e do "jovem" D. Gilberto Canavarro, bispo emérito de Setúbal que, presidiu à peregrinação. Ontem fiz uma pequena conferência com o tema deste post: o que é que Maria, jovem, diz hoje aos jovens. Aqui a deixo para quem tenha interesse em a ler: A vida de Maria quer na vida de Jesus quer na vida da Igreja é inspiradora, como modelo a imitar e mãe a quem rezar. Aquela pequena frase que o Papa Francisco aqui disse em Fátima, é das mais belas não por ser extraordinária, mas por ser simples e tudo o que é simples é belo: Temos mãe! Gostava, nesta manhã, de vos lançar alguns apelos, a partir de Maria, certamente, mas tendo em conta os momentos fortes que a Igreja e o mundo estão a viver.