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A mostrar mensagens de março, 2019

Ser paciente - Jean Vannier

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Nós não somos senhores da nossa sensibilidade, das nossas atracções, das nossas repulsas, que vêm dessas profundezas do nosso ser que controlamos mais ou menos bem. Tudo o que podemos fazer é esforçarmo-nos para não seguir essas tendências, que fazem barreiras nas relações com os outros. Temos que esperar que o Espírito Santo nos venha perdoar, purificar, podar os ramos tortos do nosso ser. A nossa sensibilidade foi constituída de mil medos e egoísmos desde a nossa infância; como também é constituída pelos gestos de amor e pelo dom de Deus. É uma mistura de trevas e de luz. E não é num dia que esta sensibilidade será endireitada. É esforço que exigirá mil purificações e perdões, força de vontade diária e, sobretudo, a graça do Espírito Santo renovando-nos por dentro. Transformar pouco a pouco a nossa sensibilidade, para poder começar a amar realmente o inimigo, é um trabalho exigente. Temos que ser pacientes com a nossa sensibilidade e os nossos medos, temos que ser misericordioso

Deserto - Carlo Maria Martini

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Ser Igreja no deserto significa antes de tudo que a Igreja procura o deserto e dele se nutre. Se tivéssemos tempo de explorar estes valores, descobriríamos numerosas grutas de eremitas e numerosas habitações de monges que ao longo dos séculos aqui viveram. De toda a cristandade vieram milhares e milhares de pessoas para o deserto para se nutrirem de Deus e nutrirem a sua Igreja. E ainda hoje a vida monástica continua neste deserto, no do Sinai, nos desertos do Egipto e nas regiões do monte Athos; cada um destes mosteiros decide retomar a experiência da Igreja no deserto. Também cada um de nós é convidado a nutrir-se de momentos de deserto na própria vida. Ser Igreja no deserto significa além disto preocupar-se com aqueles que, no deserto da nossa sociedade, estão abandonados na borda dos caminhos, como pobres, marginalizados, excluídos, doentes, esquecidos. Estar no deserto significa aperceber-se que aos lados da estrada existe quem esteja mais desesperado e mais só do que nós, isto

O pai, São José

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Ainda não se descobriu em profundidade a espiritualidade de São José. Há uns anos Leonardo Boff escreveu um livro bem interessante sobre São José. E, depois disso, continua a escrever sobre o que descobriu e sobre o que escreveu. Hoje deixo só esta imagem de São José, quadro de uma igreja do Canadá. Se repararem na cara de Deus e de São José é a mesma e até no pormenor da barba... Leonardo Boff fez, no Brasil, uma segunda edição do livro. Na primeira o título foi menos convidativo: São José e a personificação do Pai. Esta nova edição tem um título mais adequado à realidade: São José, o pai de Jesus numa sociedade sem pai. Actual, real e profundo.

Deus não pode deixar de amar!

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" Deus não pode deixar de amar! Esta é a nossa segurança. Eu posso recusar esse amor, posso recusá-lo como o recusou o bom ladrão, até ao fim da sua vida. Mas aí esperava-o esse amor. O mais malvado, o maior blasfemo, é amado por Deus com uma ternura de pai, de papá. E, como diz Paulo, como diz o Evangelho, como diz Jesus: "Como uma galinha com os seus pintainhos». E Deus, o Poderoso, o Criador, pode fazer tudo: Deus chora! Neste pranto de Jesus sobre Jerusalém, nestas lágrimas, está todo o amor de Deus. Deus chora por mim, quando eu me afasto; Deus chora por cada um de nós; Deus chora por aqueles malvados, que fazem tantas coisas horríveis, tanto mal à humanidade... Espera, não condena, chora. Porquê? Porque ama. " (Homilia do Papa Francisco, 29 de Outubro de 2015)

Vem procurar-nos, Deus

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Deus que escutas o mundo e o barulho dos nossos corpos contra o molhe vem procurar-nos ao fundo da nossa noite lá onde os fantasmas nos devoram e as belas palavras nos desmultiplicam. Vem procurar-nos ao fundo da nossa profissão de descontentamento e de exportadores de Deus. Não nos entregues aos nossos próprios discursos; dá-nos antes um corpo de escuta e de desejo para que te reconheçamos ao largo das nossas vidas. Livra-nos, Senhor, do medo de sermos encontrados diante de ti como uma chaga aberta ou fonte e concede-nos que te digamos toda a água e todo o sal da nossa vida hoje e em todo o tempo que há-de vir. (fr. José Augusto Mourão - inédito)

O pó que nós somos

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Senhor, começa hoje mais uma Quaresma. Tempo para me converter e, com o passar dos dias, tempo de pensar também no pó que sou, não mais que cinzas espargidas ao vento. Aceita estes quarenta dias, para que sejam oferenda agradável. Concede-me um espírito de oração, para que possa estar mais em ti e tu em mim. Concede-me a força do jejum da comida, do conforto, do excesso, para que possa dar valor e tempo ao que é verdadeiramente importante. Concede-me a alegria da esmola, uma partilha sincera e discreta, de bens e de tempo, para que possa ser presença de um Deus-amor e misericórdia. Dá-me, Senhor o perfume da discrição, o quarto do recolhimento, a mão direita da caridade não-revelada. Concede-me, Senhor, o teu amor, a tua alegria e a tua paz. Amen.