A poesia da Quaresma - 3

Que coração tão duro, seco e frio
Se poderá livrar do sentimento,
Vendo num vagaroso movimento
Fugir as claras águas deste rio? 

Tamanho mal em tantos males crio,
Que não fica lugar ao pensamento
Para chorar sequer um só momento
A secura, a dureza, em que me esfrio. 

A corrente das águas, branda ou tesa,
Mal pode desfazer minha secura,
Pode mal abrandar minha dureza; 

A saudade d’alma branda, e pura,
Em que há-de acender minha frieza,
Consiste na divina formosura.

(Frei Agostinho da Cruz)

 

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