Não há maior amor...

O mundo - não todo porque notícias destas não têm repercussão - teve hoje conhecimento da notícia de um padre, Giuseppe Berardelli, que cedeu o seu ventilador a um outro paciente mais novo que ele. Os dois sofriam de covid-19 mas este generoso padre, de 72 anos, abdicou do ventilador que a comunidade cristã lhe comprou para que outra vida, mais nova, se pudesse salvar.
Não o fez para aparecer nas notícias, nem sequer as viu... morreu no passado dia 16 e só ontem começaram a noticiar. O mundo cristão comove-se com isto. Porque este padre fez o que fez mas fê-lo porque sempre o fez ao longo da sua vida. Não é de estranhar. Ele que passou a vida a dar-se por amor, decidiu dar tudo. Não é o único, graças a Deus. Há dois mil anos Jesus Cristo deu a vida por nós, a história, escrita com sangue, tem inúmeros testemunhos de pessoas que deram a sua vida por outros; em 1945 Maximiliano Maria Kolbe cedia o seu lugar de libertação por um pai de família condenado nas câmaras de gás de Auchwitz... faz hoje 40 anos que era assassinado São Óscar Romero, que deu a vida pelo povo que lhe tinha sido confiado... e agora este simpático padre, santo ao pé da porta, como diria o Papa Francisco, que deu a vida por este rapaz que não saberemos se iremos saber alguma coisa dele. O gesto é heróico, poucos o faríamos mas todos o admiramos.
No tempos difíceis que agora vivemos, estar na linha da frente é uma forma de dar a vida. Não por quem sem ama ou se conhece mas por quem precisa. No meio de tanta angústia e desespero vemos pessoas que tentam de alguma forma contrariar este tsunami que vai avançando mundo fora: pessoal da medicina, matemáticos, cientistas, cuidadores, voluntários... todos somos chamados a dar a vida. Dar para ganhar. Isto não significa ser inconsciente ou leviano, mas o dever moral e para quem tem fé também cristão de socorrermos Cristo doente, Cristo com fome, Cristo sem casa.
Não há maior prova de amor do que dar a vida. Disse-o Jesus e a história comprova-o.
Esta força só pode vire de Jesus. Não desistir, não paralisar com medo, não voltar costas... Se queremos admirar estas pessoas, não é lendo as suas vidas ou rezando-lhes... se os queremos admirar tenhamos a coragem dos os imitar. É isso que nos é pedido: ir gastando a vida porque ir gastando é ir dando... sempre e por amor. Este padre deu esta vida para ganhar uma muito melhor: a eterna, junto de Deus. Achamos bonito e comovente, mas não saímos do adro do nosso egoísmo. E ainda mal.
Apontamento para a mulher que me deu vida e hoje fez anos: a minha mãe. Também ela foi gastando a vida por mim. Eternamente grato pode ser exagerado, mas não tenho dúvidas que ela hoje daria a vida por mim. Porquê? Porque não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles que se ama.

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