O Anjo da guarda



Coitados dos anjos que estão nas igrejas. Sempre ocupados. Ou a sustentar uma coluna ou a pia de água benta, a incensar ou a segurar alguma vela, lá estão eles, rechonchudos, rosados, meio desnudos, com uma faixa de tecido a tapar aquilo que não têm.
Bem diferentes são os nossos anjos da guarda. Esses não são nem estão estáticos. Bem vestidos, esguios, de cabelo comprido, delicados, olham por nós. Não nos controlam; acompanham-nos. São aqueles que Deus nos deu para que a nossa vida ficasse protegida dos laços do mal.
Pode parecer uma ideia pueril mas não é. E, se calhar deviamos estimá-los mais. Como estimamos um amigo ou alguém que gostamos muito. E falar-lhe, confiar-lhe a nossa vida e as nossas ações e, porque não, as nossas preocupações?
Eu tenho devoção ao Anjo da Guarda. Não é um mágico e eu não sou uma marioneta nas suas mãos. Somos amigos e isso basta.
(Imagem: Tobias e o Anjo, Jacek Malczewski, séc. XX)

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