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A mostrar mensagens de junho, 2017

Tudo e nada

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No sábado passado celebrei missa na igreja do mosteiro das monjas dominicanas de Olmedo. Na sacristia encontrei sobre a mesa um texto de São Norberto (sec. XI) sobre o sacerdote. Li-o na Missa do Campo Grande, a propósito do Evangelho que falava da nomeação dos Doze e do seu envio. Deixo-o aqui como partilha: " Sacerdote, tu não é tu porque és Deus. Tu não és para ti porque és servo e ministro de Cristo. Tu não és teu porque és para a Igreja. Tu não és para ti porque és o mediador entre Deus e os homens. Tu não te bastas porque és pecador. Tu não és para ti mesmo porque não és nada. Oh sacerdote! Quem és, então? Tudo e nada! Tem cuidado contigo, para que não se diga de ti o que disseram de Cristo na Cruz: «salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo »".

A infância de São Domingos

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Estive em Caleruega na semana passada com os noviços. A última vez que tinha estado foi em 1999, como noviço. Para dos dominicanos há três lugares "dominicanos": Caleruega, lugar do nascimento de São Domingos, Toulouse, lugar da pregação de São Domingos, e Bolonha, onde está sepultado. Caleruega é uma pequena aldeia que pertence a Burgos. Não tem muito que ver para se estar uma semana. Tem o convento dos frades, o mosteiro das monjas e a igreja paroquial. Mas tem história e espiritualidade. A história contam-na as pedras e as construções; a espiritualidade conta o coração de quem lá vive e de quem visita. O que me fica desta viagem é a infância de São Domingos. Uma infância que explica a sua vida adulta. Uma infância envolvida por um bom ambiente familiar em que todos sobressaem pelas virtudes humanas e cristãs, em especial a atenção aos doentes e aos pobres. Perguntando a um frade que nos fez a explicação de Caleruega, sobre quem tinha mais devoção, se a mãe se o fi

Frei Francolino Gonçalves - um irmão

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Estou em Caleruega com os noviços a visitar os lugares dominicanos. O tempo é pouco e, consequentemente, os acessos à internet limitados. Mas recebi ontem, manhã cedo, a notícia da morte do frei Francolino Gonçalves, dominicano e biblista. Dos frades mais velhos era o único a quem tratava por tu. E isso mostra a simplicidade e proximidade nas relações fraternas. A primeira vez que estive com ele foi numa ida a pé à universidade católica, talvez pelo ano 1998, era eu postulante, ceio. E foi a primeira vez que, destemido, fiz as minhas perguntas "escondidas" sobre a Bíblia. E ele, com simplicidade, - nem todas  as perguntas seriam adequadas a um grande exegeta - foi respondendo. É assim foi até ao fim quando vinha a Portugal. Eu ou outro irmão íamos fazendo perguntas que ele respondia e acrescentava com outros contornos mas sempre com muita simplicidade. Falávamos da terra. De forma apaixonada, dos seus montes e das suas histórias, da inquietude em ir para a terra, do dizer-me

As cerejas!

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Não tive tempo e já vai tarde a minha homenagem às cerejas! Em Resende vão fazê-la no próximo fim-de-semana. Estive na semana passada em Lamego, onde as cerejas, boas, rijas e abundantes, se colhiam e vendiam por todo o lado. Uma monja ao olhar para as cerdeiras, dizia-me: pára, frei, que elas estão a pedir misericórdia! De facto, estavam as cerdeiras carregadas na estrada de Bigorne para Lamego. Provei as de Sucres e as de Lamego (da cidade e do mosteiro). Não tive oportunidade de ir às de Resende...  Em Feirão não há cerdeiras. Ou pelo clima ou sem motivo aparente válido, aquele enclave não produz cerejas. Temos as amoras e muitas graças a Deus. Mas veio-me à mente que há uma zona agrícola em Feirão que tem o nome de "Sardeiras". Lá a terra é fértil, numa pequena colina, haviam umas pequenas hortas, perto da aldeia, com abundância água, onde as pessoas iam (agora está tudo praticamente abandonado) buscar os produtos da época desde as batatas às cebolas e couves e coisa