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A mostrar mensagens de agosto, 2009

Um Menino na praia

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Sempre gostei de passear à beira-mar. Sentir o sol, o mar, a areia e a brisa que refresca nos dias quentes. Depois da minha conversão tornou-se um lugar especial. É certo que a minha vida não permite passear tanto como queria. Afinal tenho a minha comunidade, a minha cela, os meus sermões, as pessoas que me procuram... Mas preciso da beira-mar. Sobretudo quando tenho mais dificuldades. Sempre fui um homem de estudo, primeiro profano, agora religioso. E, quer queiramos quer não, as coisas de Deus são mais fáceis de viver do que entender. E há lugares escondidos onde a minha mente nunca chegará. Mas a história que vos quero contar passou-se, exactamente, à beira-mar. Pediram-me que escrevesse sobre o mistério da Santíssima Trindade. Um pedido exigente mas necessário. As heresias andam por aí e não podemos deixar que elas alastrem. Isto de andar a dizer que temos três deuses, ou que o Filho ao encarnar deixou de ser Deus não se pode admitir. Percebi que seria uma empresa muito difícil. No

Mães que choram os filhos

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Hoje a Igreja celebra Santa Mónica, mãe de Santo Agostinho. Pelo que se apresenta desta mulher, ela tornou-se conhecida pelas lágrimas que chorou pelo seu filho, Agostinho que não era cristão e que andava desencaminhado. A oração de santa Mónica que se rezou na missa, parece um pouco desactualizada. Nela pedia-se a Deus que, assim como ela chorou pelo filho, assim nós saibamos chorar os nossos pecados para alcançar a graça do perdão de Deus. Parece um pouco desfocada esta intenção. Se calhar deveríamos pedir pelos filhos que entristecem as mães ou pelas mães que sofrem pelos filhos desnorteados. Mas aqui o que se realça são as lágrimas que se choram. A importância das lágrimas. Elas aparecem em dois extremos, quando são verdadeiras: ou choramos de alegria ou de tristeza. Ovídio dizia que a nossa existência está envolvida em lágrimas: " Nascemos com lágrimas, entre lágrimas nos decorre a existência e epilogamos com lágrimas o nosso último dia ". Os emocionados dizem que choram

Os nossos fantasmas

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Não acreditamos em fantasmas mas temo-los na nossa cabeça. De vez em quando a consciência traz-nos à memória coisas do passado, aquelas que nós pensávamos já estarem resolvidas e arrumadas na nossa cabeça. E assaltam-nos o pensamento, perturbam-nos, cismamos nelas e chegamos à conclusão que, afinal, apesar do passar dos anos, de até ter sido uma coisa de somenos, estão por resolver. O que fazer? Exorcizar. Sem padre. Só com Deus. E com Ele fazer o caminho catártico para que voltarmos à paz que perdemos. Deixar que Ele afugente o passado pecado mas perdoado. E então veremos o céu azul, sem nuvens nem fantasmas, porque eles, afinal, não existem.

Os Dominicanos e a pregação

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Recebi um mail de um historiador amigo que me pedia alguns esclarecimentos sobre a pregação, que faz parte do carisma da Ordem Dominicana, e como nos Mosteiros das monjas contemplativas ela se pratica. Respondi-lhe assim: 1º Franciscanos e Dominicanos. O que nos une não é o carisma, ainda que pudesse ser parecido, mas o estilo de vida. De facto, com São Francisco e São Domingos, surge um novo modo de vida religiosa: as Ordens mendicantes. E é isto que nos une. Assumimos um mesmo estilo de vida pela mendicância, diferentemente da vida monacal que até então era a única. A forma de governo e estrutura diferem em bastante dos beneditinos que foram, desde o século IV até ao XII a grande referência. 2º Pilares da Ordem de São Domingos. Para ser preciso, a nossa Constituição Fundamental, baseada no espírito de São Domingos diz que o que nos é especifico é: vida comum, estudo, oração e pregação. Vem resumido no nosso parágrafo IV da referida Constituição. Já no século XIII, quando o Papa Hon

Diário de Miguel Torga I

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Estou a terminar a leitura do segundo volume do Diário de Miguel Torga. Fui sublinhando algumas reflexões que me fizeram pensar. Aqui deixo uma, esperando ir colocando ainda outras. " Coimbra, 1 de Março de 1972 - O amor do próximo, que os discípulos oficiais de Cristo pregam de cor, é isto que a profissão diariamente me ensina: estar sempre disponível para acudir ao semelhante, de dia, de noite, a toda a hora, com a mesma solicitude, a mesma paciência, a mesma compreensão. Ouvir queixas, enxugar lágrimas, minorar sofrimentos, incutir confiança. Dar a cada alma aflita uma solidariedade real, a ser-lhe concretamente prestável, como o Autor do mandamento o foi, a impor as mãos, a exorcizar, a curar e a ressuscitar... "

Até aqui se escreve da gripe A

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Este fim-de-semana dois padres escreveram, em dois jornais, sobre o vírus H1N1. O P. Anselmo Borges no Diário de Notícias de sábado e o P. Gonçalo Portocarrero de Almada no Público de ontem. Dois padres com ideias diferentes. Este último, muito sarcástico, ataca não só o vírus (chama-o de Anti-Cristo, imaginem!) mas também aqueles que promovem comportamentos de prevenção nas celebrações religiosas. O P. Anselmo, mais reflectido e até pedagógico aproveitou o tema da gripe para abordar o porquê dos ritos em causa, em especial o da comunhão na mão. Identifico-me mais com este. O P. Gonçalo queria que se tomassem todas as medidas de prevenção, mas fora da Igreja. Não se toquem nos ritos senão fica tudo vazio! E vemos que alguns ritos, nas nossas celebrações caíram num banalismo tal que o rito da paz, com muita frequência entra numa balbúrdia que perturba a comunhão (reparemos que, desde o ofertório o povo está de pé, pode ajoelhar na consagração, está concentrado e depois vem o 'saudai

A vida de São Macário

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Já cheguei a Lisboa. Mas na véspera de vir embora, na noite de quinta-feira, a minha mãe contou a vida de São Macário, como se fazia antigamente quando não havia televisão. Esta história é uma tradição oral. Não se sabe quem é este são Macário. O que diz a tradição é que vivia na serra que tem hoje o seu nome, que fica perto de São Pedro do Sul. A imagem que pus é a capela do santo onde se diz ter vivido. Vou aqui contá-la tentado ser fiel ao que ouvi e ao que a minha mãe ouvia, quando era pequena, do pai dela. " O santo São Macário era almocreve. E por isso passava muito tempo fora de casa. E era muito tentado pelo diabo. Numa das vezes que regressava à sua terra, um amigo disse-lhe: 'Macário, andas tu fora de casa e a tua mulher deitada na cama com outro homem'. Macário ficou indignado. Entretanto os seus pais tinham ficado doentes. A mulher de Macário trouxe-os para sua casa para tratar deles. Eles estavam de cama. A mulher saiu para ir à fonte e Macário chegou a casa.

A lenda dos moínhos de Feirão

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Hoje, entre as folhas de um livro sobre a serra de Montemuro, encontrei uma lenda de Feirão que agora partilho, já em jeito de despedida destas férias de 2009: " Existiam em Feirão, três moinhos. Trabalhavam e cantavam. A água, mesmo sendo pouca, ainda dava para cantar três canções diferentes. Cada um dos moinhos tinha, também, o seu modo de cantar. A mó de um, ao rodopiar dizia: - Sou de Feirão… sou de Feirão… sou de Feirão… A mó do outro explicava-se melhor: - Não há pão… não há pão… não há pão… A mó do terceiro moinho era a que melhor se confortava: - Sempre assim foi... sempre assim foi...sempre assim foi... "

O filho da promessa

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Não havia quem a consolasse. Os gritos, vindos da da Relva ouviam-se em todo o povo. O menino da Olinda tinha morrido afogado. Culpa de ninguém, porque a culpa morre sempre solteira, descuido de todos ou melhor, nunca ninguém pensava que aquele menino, de apenas três anos, fosse sozinho até ao tanque e no meio da brincadeira ficasse naquele tanque e ali se afogasse. A vida é dura mas mais dura fica quando se perde um fruto das entranhas. A mãe estava na cozinha a arrumar a cozinha; o pai tinha ido com o gado para o monte, e os filhos estavam na escola. Nunca mais a mãe ficou igual. Ainda hoje, quando olha para um outro rapaz, nascido um dia antes deste que se afogou, ela chora e pensa: o meu seria assim se fosse vivo. Mas a dor, já que não se podia sarar, porque dores destas não saram, tentou pelo menos aliviar. E pensa em ter outro filho, talvez em substituição do que morreu ou talvez porque a casa tinha ficado muda e nada melhor que os risos e os choros de uma criança para lhe de

Dois teólogos conversam

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Um velho abade e um seminarista em fim de curso, conversavam assim numa procissão aos campos durante uma ladainha : - Não podemos renovar - prosseguiu o Abade. - Acima das nossas manias de novidade está a disciplina teológica de cujos preceitos os pontífices são os inflexíveis vigilantes. Quando for cardeal, dou-lhe o meu voto para o senhor ser papa e permitir aos párocos e pregadores quebrar as cadeias do dogmatismo que os prende. Aurélio tornou-lhe a graça com responder: - quem me dera ser papa... mas livre das prisões do Vaticano... - Que faria? - Que faria?... Talvez restaurasse o reino de Deus na Terra. - Com que orientação, senhor reformador? - Na duma religião campo aberto a toda a verdade científica, tribunal armado em defesa dos que sofrem. - Pai da vida, seria a morte do cristianismo ! O senhor ficava enterrado até aos escombros. - Deixá-lo, acabaria em beleza. Que fim extraordinário ser sepultado debaixo das pompas eclesiásticas de vinte séculos! - Sancte Antoni !... -

Um episódio dos anos cinquenta

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Já foi capela e depois casa de uma família o monte de pedras que agora se vê junto ao largo da igreja. Lá está uma pedra a indicar a data: 1878. Diz-se que foi construída em honra de Nossa Senhora dos Milagres que ali mesmo aparecera. Já morreu quem sabia a história e o homem mais velho da aldeia já não se lembra da antiga capela. E porque o povo começou a crescer, já depois da malina , aquela epidemia da década de quarenta, que, como o Anjo exterminador, passou em todas as casas e em todas elas levou alguém consigo, lá se construiu a actual igreja onde então era o cemitério. Os homens do povo, comandados pelo Tio Albano, homem alto, dado às coisas da Igreja, que armava o palio, os guiões e os pendões no dia da festa, fizeram a trasladação dos corpos, com lenços a tapar a boca para não sentir tanto o mau cheiro da decomposição dos corpos, prepararam a terra para se começar a construção. Mandaram vir os pedreiros de Picão e, juntamente com os homens da aldeia, em pouco tempo levanta

O dia da Assunção

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O pároco destas freguesias pediu-me ajuda para as Missa de hoje e de amanhã. Celebrei duas Missas: uma na terra onde estou e a outra na freguesia do lado. Um ano de mudança de Pároco e nota-se a diferença. Em Gosende, na terra da segunda Missa, grande qualidade em tudo. Foi dia também de visita ao Santuário de Nossa Senhora do refúgio (aqui é mais conhecido por Senhora do Fojo). Recentemente restaurada, esta igreja, do século XVIII, é uma verdadeira catequese. O tecto do altar-mor tem quadrados com as representações da ladainha Lauretana (a tradicional Ladainha de Nossa Senhora). No corpo da Igreja outros santos desde os Apóstolos com Jesus, Mestre dos Apóstolos ao centro, passando pelos santos fundadores e outros de devoção. No centro o glorioso São Domingos. É pena que este santuário só tenha culto uma vez ao ano, no primeiro Domingo de Setembro, e nos outros domingos só se visita se tivermos sorte de encontrar por lá os mordomos que têm cuidado com muito aprumo esta pequena jóia da

Trasladação

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Pode parecer estranho ou até bizarro, andar a mexer nos corpos sepultados. Foi o que aconteceu ontem, nesta pequena aldeia de Feirão. O motivo foi simples: juntar um casal separado pela morte. A morte que tudo leva, até o amor, junta agora o que ficou de uma existência terrena. Como já disse, para mim não fazia sentido haver qualquer cerimónia. Mas a família assim o quis; dar dignidade a uma trasladação. Mas quem deu sentido foi um genro, que lembrou acontecimentos da Bíblia, tirados do Antigo Testamento. E lembrou Abraão que, quandoo morreu a sua mulher, Sara, comprou uma gruta sepulcral para ela e onde ele próprio, anos mais tarde, quando morreu, foi sepultado. Lembrou ainda Jacob, emigrante no Egipto, que fez jurar ao seu filho José que não o deixaria sepultar no Egipto mas que o faria enterrar junto dos seus antepassados. Lembrou por fim Moisés, que morreu e foi sepultado à entrada da terra prometida, “ num vale da terra de Moab, defronte de Bet-Peor, mas ninguém até hoje soube do

Outro dia em Lamego

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Venho de Lamego. Desta feita para visitar as Irmãs Dominicanas de Clausura. Uma pequena Comunidade num Mosteiro, discreto, atrás da Senhora dos Remédios. E a visita foi para pôr a conversa em dia: escutar as irmãs, falar do dia de São Domingos, do capítulo Provincial... Partilha fraterna, como costumamos dizer. É uma Comunidade envelhecida. Vem sempre à ideia o pedido de Jesus: Pedi ao Senhor da Messe que envie trabalhadores para a sua messe. Um outro facto curioso deste dia foi uma Missa que celebrei, para além da habitual, por motivo de uma trasladação de restos mortais do cemitério antigo para o cemitério novo. Nas grandes cidades é uma coisa que passa despercebida mas aqui valoriza-se. Eu próprio me perguntei o porquê de uma Missa diante de ossadas e com a família. Um dos familiares, numa pequena introdução que fez, fez-me ver o sentido. Num outro post vou tentar reproduzir o sentido.

Vida do campo

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Quem me dera poder transmitir, de alguma maneira, o que vou vendo... A minha tia que tinha embraçado estas cebolas, acabadas de arrancar A debulhar a semente das couves Enquanto conversávamos, lá ia o pastor com o seu rebanho. O meu tio a ir para o monte: quatro vacas e uma égua: a Carriça.

A feira de Lamego

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É caso para dizer: quem a viu e quem a vê. Cada quinta-feira, onde antes se faziam todas as vendas, desde os legumes ao gado, passando pelas alfaias agrícolas, agora é um corredor de uma avenida onde só se encontram roupas ao molho, de marca fasificada e uma ou outra tenda de panelas e alguidares de barro. Desilude ver como uma feira que era uma referência se torna num bazar sem ordem e sem jeito. Mas ao menos dá para rever Lamego. É sempre bom passear em Lamego. E hoje, para fugir às ruas e avenidas principais, deparei-me com a beleza da porta lateral da pequena capela do Espírito Santo. Não pelos grandes ornamentos nem pelo grande estilo arquitectónico. Achei muito interessante a inscrição na pedra em que se lê: " Louvado seja o Santíssimo Sacramento ". Louvado seja.

A outra terra

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Os meus pais não são da mesma terra. A apenas três quilómetros de distância, pertencem a freguesias e concelhos diferentes: o meu pai ao de Castro Daire e a minha mãe ao de Resende. Mas há que ir às duas terras porque as duas me ligam afectiva e efectivamente. Efectivamente porque tenho lá família; afectivamente porque nos une os caminhos, os espaços, aquela fonte que ali nasce, entre duas pedras e que nunca secou. Ela lá está entre o milheiral, numa gruta, com água fresca e saborosa. Gosto de ir beber às fontes. Lembro-me sempre daquela quadra popular que diz: Não me inveja de quem tem / carros, parelhas e montes / tenho inveja de quem bebe / a água em todas as fontes . Hoje, movido talvez pela partilha, neste blogue, da minha vida, aqui deixo um pequeno filme daquela fonte escondida. Mais do que as imagens fica o registo sonoro daquela bica que sempre soou da mesma maneira. Peço desculpa pela má qualidade mas tentei o meu melhor. Daqui vou para a Missa. Hoje é à noite. Amanhã, quinta

Férias

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Finalmente de férias. Que valem não tanto pelo descanso mas pela mudança de ares e pelo aconchego da família: mãe, irmão e cunhada, tios e primos. Agora começa o tempo da leitura, dos passeios a pé, visita e revisita de lugares que se tornam obrigatórios cada vez que cá venho. Hoje a fotografia é do alto do monte de S. Cristóvão. A 1145 m de altitude, uma pequena capela erguida em honra deste santo. Uma vista única e deslumbrante. O rio que se vê ao fundo é o mais bonito do país, o Douro. Faço aqui outra experiência. Pároco nesta freguesia. A Missa às oito da manhã, as confissões, as visitas às pessoas… Aqui, à semana, é o padre que toca para a Missa. Fica aqui o vídeo do sino a chamar os fiéis. (Por lapso e por falta de net não consegui colocar o vídeo. Penso que agora já está operacional...).

O meu dia de São Domingos

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Já se passou o dia de São Domingos. Pela primeira vez celebrei no Convento. Costumo estar de férias neste dia... Mas apesar do trabalho e da canseira valeu a pena. Cerca de 400 pessoas, 120 das quais, malta nova do Encontro Internacional de Jovens dominicanos. Partilha de sabores e de alegria, de afectos e de espiritualidade dominicana, este dia fez-me valorizar a importância de ter uma comunidade e de ter um Convento que, de vez em quando, abre as suas portas para acolher. Partilha que ultrapassou as paredes do convento. Sobrou tanta comida que acabámos por partilhá-la depois com uma ou outra instituição bem mais carenciados que nós. E fez-me pensar: O que nos sobra faz falta a outros. Mas o que mais gostei neste dia foi a Missa das 8, só com a Comunidade, e a ceia com os que estivemos até ao fim. Agradeço a Deus este dia e a quantos o tornaram feliz e alegre.

Música para descontrair

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Escrevo este post ao som de um cd acabado de comprar. Música clássica, a minha preferida, a que me concentra e a que me acalma e a que me entende num dia muito ritmado como o de hoje. Oiço a 5ª sinfonia de Widor, em órgão. Embora a data da morte de São Domingos seja o dia 6 de Agosto, a Igreja só o celebra a 8. Vai ser amanhã. Normalmente não o festejamos porque muitos irmãos estão de férias (eu próprio era para estar já no meu casulo da aldeia serrana de Feirão...); mas este ano foi diferente. Acolhemos um encontro de jovens de todo o mundo, ligados aos Dominicanos. Está a ser em Fátima. E amanhã vêm a Lisboa para celebrar, no "meu" convento, o dia de São Domingos. Eles que são um pouco mais de 100 com mais cerca de 300 pessoas, portuguesas, que se juntam a esta celebração. É, portanto, um dia grande e celebrado em grande. Mas preocupa-me o lanche que se segue depois da Missa... A logística sempre me preocupou e me alterou. O receio de correr mal... Será que a comida vai che

São Domingos

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" Ser-vos-ei mais útil e proveitoso depois da morte do que fui em vida ". Foram estas as últimas palavras com que Domingos de Gusmão se despediu dos seus irmãos naquela tarde do dia seis de Agosto do ano de 1221. Pouco antes tinha-lhes entregue o seu testamento espiritual numa simples frase: " Tende caridade, guardai a humildade, possuí a pobreza ". Dava em herança o que tinha vivido: o amor por todos, a humildade da sua vida, a pobreza que o acompanhava. Tinha nascido há cinquenta e dois anos, em Caleruega, uma pequena aldeia da província de Burgos. Descrevo apenas dois ou três episódios em que podemos ver o grau de santidade deste Homem de Deus. 1. Palência, 1184. Com catorze anos vai estudar para Palência. Aí dá-se conta, talvez pela primeira vez, do sofrimento dos mais necessitados. Conta-se que um dia desfez-se dos seus livros (pergaminhos). Para quê? para os vender e distribuir o dinheiro pelos pobres. Dizia: " Não posso estudar em peles mortas enquanto h

O desencanto da política

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Escrevia assim Miguel Torga, no seu diário, há trinta anos atrás: " Metem medo, estes nossos políticos. Dá-se-lhes a confiança e o voto na melhor boa fé, e quando esperamos deles uma palavra de clarividência, fruto de um pensamento amadurecido no conhecimento das realidades pátrias, roem-nos a corda. Sobem a uma tribuna e deixam-nos boquiabertos com os repentismos de uma demagogia desmiolada. Em vez de serem os enviados redentores em que acreditámos, parecem pragas de Deus. " Acrescento a definição de política para Aristóteles: " Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as acções de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem; se todas as comunidades visam a algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas, e que inclui todas as outras, tem mais que todas este objectivo e visa ao mais importante de todos os bens; ela chama-se cidade e é a comunidade política. " T

Frutas no meu quintal

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Hoje o dia está muito límpido. A claridade realça os tons da natureza. O verde das árvores, o amarelo dos limões, o vermelho das romãs e das camélias. Vivo no segundo andar do convento. Da minha varanda vejo estas cores iluminadas pelo sol. Em especial a romãzeira, árvore tão presente no mundo bíblico também na vida de um grande santo português, São João de Deus, que, tentando resolver a sua vida, lhe aparece um menino, na verdade era o Menino Jesus, com uma romã na mão (granada em castelhano) e lhe diz: " João de Deus, Granada é a tua cruz ". Mas, mais bonita é a passagem do Livro do Cântico dos cânticos onde se lê: " Eu pertenço ao meu amado e o seu desejo impele-o para mim. Anda, meu amado, corramos ao campo, passemos a noite sob os cedros; madruguemos pelos vinhedos, vejamos se as vides rebentam e se abrem os seus botões e se brotam as romãzeiras. Ali te darei as minhas carícias ."