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A mostrar mensagens de julho, 2014

Feirão ao longe

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O final do mês de Julho deixa-me já impaciente em relação a Feirão. Faço sempre esforços por ir quanto antes mas acabo sempre por ter que ir adiando. Esta impaciência justifica-se. Quando era mais novo passava quase dois meses em Feirão: ia com os meus pais em Julho, ficava em Agosto com os meus tios que lá iam passar uns dias e, no final de Agosto, ficava com a minha tia mais nova (mais velha que eu quatro anos), sozinhos, e dávamos conta do recado. Estou a falar dos anos oitenta, eu adolescente. A minha tia cozinhava, íamos os dois às compras a Lamego, de carrinha que na véspera se tinha de reservar lugar, e lá passávamos os dias até à data de regresso, ajustada de acordo com o início das aulas. Teríamos sempre que vir uma semana antes para comprar e forrar os livros e, assim, começar o ano lectivo. Depois da morte do meu pai mudou o ritmo das férias. Deixei de ir em Julho, e grande parte da família concentra-se em Feirão durante o mês de Agosto. De acordo com os planos de ca

O dom do acolhimento

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Hoje é dia de Santa Marta. Ficou conhecida na História como aquela a quem Jesus "repreende" por uma das vezes em que Jesus foi a casa dela e de Maria, Marta andar atarefada com muitas coisas. Lembro-me sempre de um comentário de uma irmã "Marta" que, depois de eu num retiro comentar o episódio de Marta e Maria, fez no refeitório: Se não fosse a Marta Nosso Senhor não tinha almoço. É um facto. Mas Jesus, como dizem os Evangelhos, amava Marta e Maria e era amigo de Lázaro, irmão delas. Antigamente a Igreja celebrava neste dia estes três santos; agora está reduzida a Santa Marta, talvez por ser a mais velha. É padroeira de quem trata das lides domésticas e dos que se dedicam a servir os outros, fazendo disso a sua profissão. Estão contabilizadas nos Evangelhos as vezes que Jesus entrou em casa de alguém. São nove as casas em que Jesus entrou. Em todas elas alguma revelação se faz, mas na casa de Marta é mais que isso. Na casa de Marta está o gosto de acolher e

A primeira carta

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Chega o dia de publicar a primeira carta a um noviço, do fr. Jerónimo Savonarola. Publico-a hoje, como que terminando um processo, ligeiro mas profundo e sério, de discernimento de dois pré-noviços. Terminaram hoje a terceira "experiência comunitária". Durante esta semana foram avaliados pela comunidade, fizeram o exame de admissão ao noviciado, pediram formalmente ao Provincial para os admitir, e hoje, depois de todas as confirmações e aceitações, foram inscritos no livro das admissões. É mais que um pro forma , é uma tomada de consciência do que significa ir-se dando, a Deus e aos imãos. Caro leitor, reze por eles. Chamam-se José Alberto e José Manuel. E peça para que Deus os confirme, em cada dia, no sim que vão dizendo. A frei Estêvão de Codiponti «A paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guarde o vosso coração em Cristo Jesus» (Fil 4, 7), queridíssimo irmão. A pressão de muitos compromissos impediram-me de satisfazer antes o te pedido. Porque, nem

Cartas a um noviço

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É célebre, nos dominicanos, uma carta que fr. Savonarola escreveu a um noviço, que encontrava na sua comunidade pessoas e exemplos menos bons. Durante a próxima semana irei aqui publicá-la, como mais um  "tesouro espiritual" da Ordem dos Pregadores. E, em 1986, o Capítulo Geral de Ávila decidiu também escrever uma carta aos noviços. Na verdade era uma carta para todos mas, talvez inspirados na célebre carta, dedicaram-na aos noviços. Hoje dois postulantes, ou pré-noviços, terminam o tempo de discernimento vocacional. Há algum tempo que o têm vindo a fazer, com as suas leituras, conversas, experiências comunitárias... esta tarde farão o exame de admissão ao noviciado. Decidi traduzir-lhes a carta do Capítulo Geral de 1986, para os ajudar, sobretudo, a comprometerem-se com a Ordem. Partilho-a também consigo, caro leitor. Mesmo não sendo noviço/noviça, certamente irá gostar de a ler. Querido irmão: Há já algum tempo que bateste à porta de um dos conventos sem saber e

Vender a vida

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Escrevo o post mil deste blogue. Durante a semana tentei deixar aqui alguma coisa que fosse significativa mas não tive sucesso. Ainda ontem aqui vim tentar escrever uma oração ao Agricultor das nossas vidas mas também não tive inspiração suficiente para fazer correr o texto. Mas hoje, baseado numa notícia que li, decidi escrever sobre um tema que, não honrando o número mil não deixa de (me) nos fazer pensar. Por aqui começo. Quando me procuraram para editar o livro " Retalhos da vida de um padre ", dizia para comigo: nunca pensei que a minha vida pudesse vender. Mas o título e o motivo deste escrito é outro: trata-se de vender a vida sem mais, nua e crua, doa a quem doer e sofra quem tiver que sofre. É pior que as tragédias gregas, que educavam e edificavam, mostravam a dimensão ética da vida, a sua grandeza e a sua classe. A notícia que li esta manhã é que a vida da mãe do Cristiano Ronaldo (a partir de agora CR7) ia sair em livro. Até aí tudo bem. Mas a coisa muda qu

Tanto que fazer

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Amar é a missão cuidar é atenção proteger é abraçar os que choram os que não percebem que apesar da vida mudar continuamos a viver. Amar é a missão que não é exclusiva do sangue ou da família. Amar é dizer e fazer ver que és importante para mim apesar dos defeitos e feitios do passado, do presente ou do futuro das doenças ou dos limites. Cuidar é ter atenção acompanhar sem medo sorrir diante do futuro incerto e não chorar sobre as cinzas sob as quais o lume que parece morto continua aceso e aquece. Ri, meu menino, não chores, sente-te amado, protegido, serás feliz porque Deus cuida de ti, protege-te e ama-te com um amor eterno.