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A mostrar mensagens de novembro, 2014

Quando o Advento é poesia

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Gosto dos começos litúrgicos. Com mais gosto, ainda, quando começa o ano ou o Advento. Não é um eterno retorno, não é um ciclo que, não havendo imaginação para mais, se repete ano após ano, mas é o recomeço. Como o nosso Deus. O nosso Deus é um Deus de recomeços. Não nele próprio, porque Ele, sim, é o Eterno, o sem princípio nem fim, mas em nós. Deus recomeça, em cada ano, em cada dia, em cada hora, o seu projecto de amor e de salvação. O Advento traz consigo a poesia. Talvez porque se espera, evitando a todo o custo que o Natal não venha prematuro. Sentir o frio, trazer à memória as imagens das ânsias e das esperanças, cantar interiormente as músicas em tom menor, os Maranathás e os Vinde Senhor Jesus, transformando a música em oração. O Advento pede-nos paciência e fidelidade. A mesma paciência da mulher grávida que sente e espera o filho que traz no seu ventre. A mesma fidelidade da amada do Cânticos dos Cânticos, que procura sem desesperos o amado que vem. O Advento educ

Hoje nova apresentação

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Para onde vamos?

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Este título não quer ser uma pergunta metafísica nem ontológica. Bem mais simples e terreno. Para onde vamos pode ser a pergunta que cada um de nós vai fazendo quando entra em contacto com situações e modos de vida que nos surpreendem. Falo por mim e falo dos que tenho observado e que me pergunto, não querendo ser de modo nenhum um Velho do Restelo ou um desencantado deste mundo. Quando, às vezes me dizem que o mundo está pior, tento sempre corrigir, dizendo que mudou, é certo, mas para melhor ou pior ainda não podemos afirmar nem confirmar. Porque o nosso ponto de referência é o passado, e o passado teve as suas coisas boas e também as más. Estamos a mudar de comportamentos e de vidas, o que antes era impensável é hoje admissível e o que hoje é admissível poderá vir a ser no futuro impensável. Nalgumas reflexões de grupo tenho vindo a dizer que o homem se auto-destruirá. Não é uma visão pessimista mas a verdade é que, como se diz por Feirão e arredores, "andamos a arranjar

Elogios

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Fiquei admirado por este fim-de-semana algumas crianças terem vindo dizer-me que gostaram da missa. Também alguns pais mo disseram. Talvez por ter sido mais acessível, concreto, prático, psicológico... Mas anoto aqui a conversa que o João fez no final da missa de sábado, enquanto autografava o livro para a sua família: Frei, gostei  muito da missa de hoje. E eu perguntei: Ó João, e então das outras, não gostas? E ele justificou: é que hoje o frei disse coisas que eu percebi muito bem, coisas do dia-a-dia. E nós, adultos, que pensamos que os miúdos estão a leste do que dizemos... estão é muito atentos!

Apresentação do livro - o que disse

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Foi hoje apresentado, como um filho que acaba de nascer, o meu primeiro livro de homilias. Deixo aqui o que mais ou menos disse, para partilhar com quem gostaria de ter estado mas não pôde: Antes de mais gostava de agradecer a vossa presença, neste dia em que a Igreja celebra tão grande santo – São Martinho – um grande exemplo do amor a Deus e amor ao próximo. São Martinho ensina-nos que os pequenos gestos de amor como partilhar a sua capa com um pobre são construção do Reino de Deus. Este livro que estamos a apresentar – e agradeço desde já à Barbara as três paciências que teve para comigo: ouvir as homilias, ler o livro e fazer esta apresentação – dizia, este livro começa com uma apresentação que faço sobre a importância da pregação na Ordem dos Pregadores e, obviamente, na minha vida e no meu ministério de dominicano e de padre. Não vou aqui repetir o que lá está mas tenho de aqui dizer alguma coisa mais sobre o livro e como a homilia pode ainda ser útil depois de ser prega

Prendas

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Ontem a minha afilhada Clara veio à Missa e trouxe-me a prenda de anos: este desenho. A irmã também fez um  e, na terça-feira as crianças da Ajuda de Berço também me ofereceram um marcador e uma mão pintada.  Aqui ficam como recordação das belas prendas que se oferecem com um obrigado. Deixo ainda uma pequena oração do Ir. Roger: Jesus, nossa esperança, faz-nos pessoas humildes do Evangelho. Gostaríamos muito de compreender que o que há de melhor em nós se constrói com uma confiança muito simples... tão simples que até uma criança pode alcançá-la.

Novo livro de homilias - convite

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Pode seguir o percurso do livro em: https://www.facebook.com/pages/FreiFilipeHomilias/1541632412715362?fref=ts

Uma prenda

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Ontem passei a tarde na Ajuda de Berço. Já é quase uma tradição lanchar com estes meus amigos pequenos e mais crescidos. E, como sempre, surpreenderam-me. Ofereceram-me uma t-shirt com as mãos e os pés deles lá marcados. São estas coisas simples que, como disse a raposa ao principezinho, faz de um dia um dia diferente. Agradeço-lhes, bem como à Ajuda de Berço, onde, como digo muitas vezes, encontro Cristo, simples, humilde e frágil.

Como foi?

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Na minha família alargada, temos o costume de ir muito ao passado. Com muita facilidade lembramos histórias e anedotas do passado, lembranças e afins. Há também a "tradição" das fotografias. Mostrar aos mais novos, uma e outra vez, até eles saberem identificar quem eram os que naqueles longínquos anos ficaram registados numa fotografia. Eu próprio, algumas vezes o fiz com as minhas sobrinhas, mostrando e perguntando quem era que estava na fotografia. E assim a memória se tem mantido viva. Do meu nascimento só há uma cédula pessoal, preta, onde consta que nasci. Igual ao meu caso, milhões. Mas a família sabe mais que os dados oficiais. Tradições orais, que vão passando e que, no dia de hoje, se tornam presente. Como não tenho filhos e netos não hei-de ter, aqui fica, para a posteridade e por escrito o que sei do meu nascimento. Esta manhã, quando acabámos de rezar Laudes, um frade perguntou-me: a que horas nasceste? E eu, olhando para o relógio, respondi: a esta hora.

O oleiro da minha vida

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Deus, oleiro da minha vida, que em cada dia saiba agradecer o tesouro que depositaste neste vaso de barro moldado com as tuas mãos. Que a minha voz seja eco da tua Palavra e as minhas mãos traços de liberdade. Deus, oleiro da minha vida, molda-me no teu amor.

Opção por ser feliz

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Acabo de chegar de Sevilha, onde estive nestes dias, para a toma de hábito dos noviços ligados à Península Ibérica: 11 no total, entre os quais cinco pertencentes à Província Portuguesa: dois portugueses e três do nosso Vicariato de Angola. Embora não precise de motivos para ir a Sevilha, desta vez vários motivos me levaram lá e a viver dias de alegria e o de hoje com mais intensidade. Quem nos conhece mais de perto diz que as nossas celebrações são austeras e que o nosso hábito é o mais bonito. Não querendo ser juiz em causa própria, confirmo que sim. As nossas celebrações são "essenciais", ou seja, realizam aquilo que significam com uma simplicidade e beleza que as valorizam. Como a de hoje. Durante a celebração, onze homens são chamados pelo nome, à pergunta de quem preside: o que pedis?, respondem em uníssono: A misericórdia de Deus e a vossa; prostram-se por terra com os braços em forma de cruz e, depois da homilia, aproximam-se do provincial que lhes veste o