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A mostrar mensagens de março, 2015

Missa dos artistas

Ontem, na Missa da tarde no Campo Grande, celebrou-se a primeira Missa dos Artistas. A Fé, Simplicidade e Beleza estiveram muito presentes, num domingo que nos exigia humildade e amor. Pediram-me que escrevesse um texto a distribuir no final da Missa. Dei-lhe o título "Ao serviço da Beleza" e aqui o deixo, como partilha: Por ocasião do dia do teatro, que se celebra em cada ano no dia 27 de Março, pareceu bem a alguns actores que se comemorasse este dia, numa atitude de fé, fazendo memória dos que criaram e recriaram textos e pessoas, exprimindo-os e exprimindo-se, pelo corpo e pela voz, com o seu talento, tornando-se também eles criadores e artífices do Bem e da Verdade. E lembrar não só os actores mas os artistas. O Papa João Paulo II, na carta que escreveu aos Artistas, fazia a ligação e a diferença entre criador e artífice, explicando que o artífice (de onde deriva artista) é aquele que “utiliza algo já existente, a que dá forma e significado” (n. 1). Gostava de s

Gestos de Amor

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A narração da Paixão de Jesus na versão de São Marcos, que ouviremos hoje na celebração da Missa, fala de gestos e atitudes humanas que nos fazem reviver não só a Paixão de Cristo mas também os nossos gestos e atitudes. Por um lado os gestos e atitudes de indiferença e maldade: a traição de Judas, as negações de Pedro, o lava-mãos de Pilatos... Jesus, homem, terá sentido o desprezo, o abandono, a traição, a injustiça... Mas impressiona na narração da Paixão três gestos de amor: a mulher pecadora que perfuma os pés de Jesus, Simão de Cirene que, involuntariamente, tem de levar a cruz de Jesus e José de Arimateia, que cede o túmulo que tinha guardado para si, ao corpo de Jesus. Gestos nobres, humanamente falando, vindos de gente que não fazia parte directamente do círculo de Jesus. O Amor há-de ser a palavra de salvação da humanidade. Não um amor teórico mas o Amor que se traduz em gestos para com o próximo. Bom Domingo.

Mais um desenho

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Esta manhã baptizei o Diego. Rapaz bem disposto, atento à homilia que (lhe) fiz, numa celebração familiar mas com intensidade de fé e de amor. No final, o primo Gonçalo, veio mostrar-me o desenho que fez sobre o baptizado, E lá apareço eu, de vermelho, não sei se de cruz na mão ou de mãos em cruz. Mas sim, está tudo lá. Que os anjos protejam o Diego e que o baptismo que hoje recebeu o faça crescer no Amor. E ao Gonçalo um abraço e obrigado pelo desenho!

(in)diferença

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(vídeo com música para ouvir durante este texto ou mais tarde, quando aparecer a indicação) Já se vai divulgando a futura associação " João13 ", que vai nascer a partir do convento. Não vou hoje falar dela, até porque não faltarão ocasiões para dela falar. Mas tenho tido reuniões com os que agarraram este projecto para pormos em marcha esta nossa vontade de amar e servir a Deus , amando e servindo o próximo e, através desta associação, os sem-abrigo em especial, dando-lhes a possibilidade de tomar banho, mudar de roupa e uma refeição numa sala de refeições. Ontem tivemos uma reunião para ver a questão dos voluntários e voluntariado e hoje uma reunião com a "Comissão instaladora" para as questões de objectivos e motivações. Hoje foi também um dia de preparação da igreja para as celebrações da Semana Santa. Graças a alguns amigos do convento ficou tudo preparado para amanhã. E todo o dia esteve no convento, sem que se fizesse notar, o senhor Luís, que que

Uma questão de atracção

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Jesus sempre atraiu pessoas a si. Apesar da dura rejeição por parte das autoridades religiosas de Israel Jesus nunca deixou de atrair porque se aproximava das pessoas, quebrando regras, levando outros a pensar que deus tinham criado, tão distante do Deus-Amor. A atracção por Jesus não era pela exuberância mas sim pela sua pobreza de vida, pela simplicidade das suas palavras e pela força das suas acções. No Evangelho de hoje vemos como um grupo de gregos quer ver Jesus. Não se aproximam dele mas, através de dois discípulos, conseguem ver e conversar com ele. Que passagem tão actual nos nossos dias! Tantas pessoas que querem ver Jesus. E nós, discípulos? Como actuamos? Aproximamos? Afastamos? Temos Jesus escondido e só acessível a quem é certinho e tem uma vida imaculada e, pior ainda, de acordo com os nossos critérios? Dá tristeza como, algumas vezes, não só afastamos de Jesus como não o deixamos que ele se aproxime. Mas Jesus continua a atrair. No Evangelho diz que quando for

A melhor homenagem ao pai é ser pai

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Hoje é dia de São José. E em boa hora o dia do pai. Tenho devoção a São José e uma grande admiração pelo meu pai. Olhando para trás consigo perceber os sacrifícios que fez por mim e pelo meu irmão para que nas nossas vidas não se repetisse o que de trabalho e dificuldades tiveram de suportar. Graças ao meu pai (e à minha mãe) nunca soube o que era fome como eles souberam, nunca soube o que era estudar e trabalhar no campo, como eles eram forçados, nunca soube o que foi ter de sair da sua terra para melhor ganhar a vida. Hoje, em dia de São José, olho para os dois com emoção. Também São José deve ter abdicado de muita coisa da sua vida em função do seu filho, deve ter trabalhado bastante para que nada faltasse à casa, deve ter apanhado uns valentes sustos das ameaças contra o Menino. Olhando para São José dou graças a Deus pelo meu pai e por ser pai. Sim, mesmo padre sinto-me pai. Como no outro dia em que uma criança me ofereceu um desenho, ou na terça-feira em que uma bebé da Aj

A Sopa

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Entre Celebrações da Palavra e Confissões nos Maristas, havendo um intervalo maior ou um tempo lectivo mais livre, aproveito para ler alguma coisa. Na sala dos Professores encontrei um livro antigo, do Padre Américo, fundador da Casa do Gaiato. É uma antologia de textos que ele escreveu com regularidade num jornal de Coimbra e a coluna dele tinha o nome "A Sopa dos pobres". Nestes artigos o P. Américo fazia o seu apostolado junto dos mais pobres: denunciava situações de miséria e pedia misericórdia. Sempre a favor dos Pobres, a causa da sua vida. Esta manhã, enquanto esperava que alunos de uma turma viessem para se confessar, li um artigo que não resisto a partilhar aqui. Parece beato mas não é; é beleza e profundidade. Aqui fica, como homenagem e como exemplo para os nossos dias, não tão difíceis como os do P. Américo mas com outras dificuldades e desafios. Esta sopa de pobrezinhos tem sido, desde os dias do seu começo, uma constante conjugação do verbo amar, nas esmol

O sinal da Cruz

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A meio da nossa caminhada quaresmal, o Evangelho fala-nos do sinal da Cruz, das trevas e da luz. Infelizmente a cruz tornou-se, para muitos, um adorno. Trazemo-la ao peito, talvez à vista, se for valiosa ou de rara beleza.  Mas para um cristão que leve a sério o Evangelho,  a cruz é um sinal de luz, de amor e de redenção. São João, ao comentar a morte de Jesus na Cruz, vai lembrar a passagem bíblica "hão-de olhar para aquele que trespassaram". A cruz tem de ser lugar de confronto, de identificação, de resignação, até. O cristão, sobretudo aquele que sofre, aquele que está desprotegido, tem na cruz a cura e o descanso. Descansar à sombra da cruz, dizia São Rafael Araniz. A Cruz não será nunca um sinal de derrota. Ela estará sempre alçada no calvário do mundo para que, todo aquele que olhar para ela, sinta a força e o perdão de Deus. Bom domingo.

O Templo do corpo

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Não sei se o ser humano alguma vez entenderá o alcance da expressão das primeiras páginas da Bíblia, em que se diz que o ser humano foi criado "à imagem e semelhança de Deus ". Somos diferentes do resto da criação e, por isso mesmo, assim como Deus nos deu este mundo para que cuidássemos desse sem o estragar, também devemos cuidar de nós, do nosso corpo, sem excessos mas também sem desleixo. Cuidar do nosso corpo para que ele seja uma glorificação de Deus e não um exibicionismo. O Evangelho deste domingo fala-nos do tempo do corpo de Jesus e também o nosso. São Paulo, numa das suas cartas diz: o templo de Deus é santo e vós sois esse templo. O nosso corpo (a nossa existência) não está destinada à corrupção do túmulo mas sim à eternidade de Deus. Até lá glorifiquemos a Deus com o nosso corpo, não deixando de estar atento às desfigurações dos outros corpos, macerados pela doença e pelas injustiças. Ainda que desfigurados continuam a ser habitação de Deus. Bom domingo!

Entre ricos e pobres

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O Evangelho de hoje (sexta-feira) fala-nos da parábola do rico e do pobre Lázaro. Ricos e pobres neste mundo porque, no outro, como bem ilustra o relato, a riqueza torna-se pobreza e a pobreza riqueza. Parábola que, infelizmente não se ficou lá no tempo mas que continua presente nos nossos dias e nas nossas sociedades. Dou três exemplos actuais: 1. A parábola conta-nos que este homem rico, que se vestia de linho fino e se banqueteava, não se apercebia do pobre Lázaro, esquecido e com fome. Morreu um sem-abrigo. Podia não ser notícia mas acabou por ser porque este sem-abrigo, igual a tantos outros espalhados pelo mundo, vivia perto do Vaticano e chamava-se Willy Herteller. Católico praticante, de missa diária, dizia que a comunhão era o seu medicamento. Ia à Missa das oito, na paróquia de Santa Ana, no Vaticano, o padre que a celebrava conhecia-o bem, falava com ele, e deu-se conta que este sem abrigo tinha deixado de ir à Missa. Foi à procura dele e não o encontrava. Tinha mor

O exame de consciência do Papa

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Na semana passada o Papa Francisco fez distribuir na Praça de São Pedro, um pequeno livrinho sobre a confissão. Nele vêm algumas pistas sobre o exame de consciência. Traduzi e coloco aqui para reflexão e, porque não, como encorajamento para a confissão? Confrontando-me com Deus: Volto-me para Deus só em desejo? Participo na Missa dominical e nos dias de preceito? Começo e termino o meu dia com a oração? Invoquei em vão o nome de Deus, de Maria e dos Santos? Envergonho-me de me apresentar como cristão? O que faço para crescer espiritualmente? Como? Quando? Revolto-me diante dos desígnios de Deus? Pretendo que seja Ele a cumprir a minha vontade? Confrontando-me com o próximo: Sei perdoar, partilhar, ajudar o próximo? Caluniei, roubei, desprezei os mais pequenos e indefesos? Sou invejoso, colérico, parcial? Tomo conta dos pobres e dos doentes? Envergonho-me da carne do meu irmão ou da minha irmã? Sou honesto e justo com todos ou alimento a "cultura do descartável&q

Viver de Jesus e para Jesus

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A narrativa da Transfiguração de Jesus, que hoje escutamos na liturgia, tem um sentido diferente na nossa caminhada quaresmal. Deixamos de lado o acontecimento histórico, do tempo e do espaço, e concentramo-nos na mensagem deste mistério. Mais uma vez, ouve-se a voz de Deus: Este é o meu Filho muito amado, escutai-O. Esta frase, vinda do céu, é um apelo aos nossos corações, a percebermos uma vez mais da importância da Palavra de Deus, do Evangelho como regra de vida. Escutar Jesus, seguir os seus ensinamentos, não a lei morta do pecado mas a lei viva da graça. E depois, o próprio fenómeno. O corpo de Jesus altera-se, ganha uma outra luminosidade, transfigura-se. Mensagem de esperança para os discípulos de Jesus - depois da morte vem a ressurreição - mas também para nós que hoje seguimos os passos de Jesus: sempre que te deixares iluminar pela palavra de Deus a tua vida ganha um outro sentido; sempre que sais do teu conforto e vais ao encontro dos pobres e excluídos, os acolhes e tra