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A mostrar mensagens de fevereiro, 2015

Os nossos sonhos

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Já não é só uma vida que é feita de retalhos. Já o dia-a-dia o é. Começaram as celebrações da Palavra nos Maristas, que começam a ganhar energia. Começaram ontem, com uma turma do 8º ano, que quis ver, à luz da Palavra de Deus, a unidade e a diversidade, esta manhã, com uma do 11º ano, reflectindo as diferenças e o mesmo caminho, e ao final da manhã uma do 9º ano, com o tema mudanças. Mas a do 11º ano marcou-me. E digo porquê. No final das celebrações há sempre a distribuição de uma lembrança. Nesta turma decidiram distribuir uma vela e um nome aleatório de um da turma. A ideia era escrever por baixo da vela o nome e, de lado uma mensagem ou uma palavra que caracterizasse a pessoa em questão. Não contaram comigo - afinal não pertenço à turma - mas deram-me uma vela. Lá me queixei a dizer que não tinha a quem entregar nem quem me entregasse. Então um deles, simpático, disse, não se preocupe, se quiser eu escrevo. Lá lhe agradeci, o gesto e a vontade. Depois, na sala, onde iam passa

Tudo fechado

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Hoje tive um dia de excepção. Talvez não volte a ter outro assim até Junho. O que estava destinado a ser um dia cheio de actividades e compromissos tornou-se, ao final do dia de ontem, um dia livre. Coisa rara, há que aproveitar. Peguei em mim e fui até à Península de Setúbal, não para fazer a volta saloia mas sim a rota conventual. Tinha curiosidade em visitar o Convento dominicano de Azeitão e também de revisitar o da Arrábida. E lá fui eu. Apesar do trânsito meio caótico de uma manhã de greve do Metro, cedo cheguei a Vila Nogueira de Azeitão e, mais concretamente, ao convento de Nossa Senhora da Piedade. O dono e morador do Convento não estava mas não houve impedimento de estar no exterior e tirar algumas fotografias. Este convento, bem como o de Benfica, Alcáçovas, Almada e Ancede, e de certa maneira, contrariando os de Almada e Viana do Castelo, são pequenos, isolados, tão convidativos à vida monástica. Não faltam sonhos quando vejo um convento destes, quase abandonado, como

Outra vez o deserto

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Uma imagem comum ao tempo do Advento e da Quaresma é a do deserto. No Advento é João Baptista que vive no deserto e chama ao deserto as pessoas que querem mudar de vida. Com Jesus é o contrário: vive na cidade, e o deserto é o lugar onde se pode isolar para rezar. Diz-nos o Evangelho de Marcos, muito sucintamente, que Jesus esteve no deserto durante quarenta dias. Diz também que foi o Espírito Santo que o enviou para lá. Neste ano de 2015 o mesmo Espírito manda-nos percorrer este deserto de 40 dias, como Jesus o fez. Não vamos sozinhos, vamos impelidos pelo Espírito de Deus, até chegarmos ao oásis, à terra prometida, à Páscoa. O deserto não é meta, é caminho. Não levemos muitas coisas nem muitas preocupações para não nos cansarmos nem desanimarmos: que o bastão seja a Palavra de Deus e no alforge levemos a Eucaristia, o verdadeiro pão que nos sacia. Bom domingo!

Atenção à Missa

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Ontem, no fim da Missa, uma menina ofereceu-me este desenho. Fê-lo durante a Missa, não distraída mas bem concentrada. Flores e corações, um Jesus crucificado bem glorioso e as frases que ouviu na homilia.

Godés de doce

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Há uns anos que, durante a Quaresma, fazemos aqui no convento, as sextas-feiras da Quaresma. Um tempo de oração, de partilha e de silêncio. Em cada sexta-feira, dia que lembra a morte de Jesus, tentamos por em prática a oração, o jejum e a esmola. Ontem, durante a refeição - uma sopa, um pão com qualquer coisa e fruta - ao ver a caixinha do doce distraí-me com o nome que lhe deram (godé de doce de cereja) mas, como disse uma vez um aluno à professora, quando esta o chamou à atenção por estar distraído: não estava distraído, estava concentrado noutra coisa, o godé de doce levou-me às minhas primeiras recordações da minha vida (à volta dos quatro anos). Lembrei-me do meu avô, hospitalizado no ano de 1980 no hospital Curry Cabral, poucos meses antes de morrer, e das visitas que lhe fazíamos. Lembro-me das camas metálicas e das mesinhas de cabeceira, também metálicas de cor branca. Na gaveta o meu avô guardava os godés de doce e dava-nos quando o íamos ver. Para nós, pequenos e sem gran

Que sentido dar à Quaresma?

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O pior que pode acontecer na liturgia é ela tornar-se um ritual, uma exterioridade. Fazer por fazer, fazer porque fica bem, é entrar na ritualidade e exterioridade que Jesus condena naqueles que vivem para e em função dos outros, em vez de viverem para Deus. Que sentido, então, devemos dar à Quaresma? Que ela seja simples. Que ela seja sincera, que ela seja profunda. Que os jejuns que fizermos sejam jejuns perfumados, que as nossas esmolas sejam revestidas do desejo sincero de partilhar. Já nem se pede partilhar o que temos mas, ao menos, do que nos sobra, ou do excesso que nestes quarenta dias vamos reter. Que as nossas orações sejam encontro com Deus; no segredo, eu e Deus, mesmo se for em Igreja. Que as abstinências que nos impusermos não sejam uma prova de superação de nós próprios, mas sim um contributo à santidade da Igreja. Que a Quaresma, seja um caminho de humildade, simplicidade e modéstia; sem máscaras, mas em verdade, diante de Deus.

Capelão dos sem-abrigo

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Recebi esta manhã a triste notícia da morte de fr. Pedro Meca, dominicano espanhol, há muitos anos a viver em Paris, junto dos sem-abrigo. Ficará certamente conhecido como o capelão dos sem-abrigo,  como já o chamavam. Conheci-o pelo ano dois mil. Veio a Lisboa e ficou cá no convento. Confesso que, apesar de os meus confrades o acharem o máximo, eu na altura não lhe achei muita graça: vivia quase à margem da comunidade, cabelos compridos, roupa desarranjada... Falou à Comunidade sobre a obra que tinha fundado, "La moquette" (o tapete), uma instituição que está junto aos sem-abrigo. Para além da higiene a alimentação, na impossibilidade de lhes dar casa, abriu uma grande casa, onde desde o final da tarde até meio da noite, para os ouvir, para debaterem (dizia que muitas vezes ficava impressionado com o grau cultural de muitos sem abrigo e, nestes últimos anos, que tínhamos muito a aprender com os sem-abrigo). Ao longo dos anos, sobretudo nos últimos dois ou três, ganhei

As rotinas de Jesus

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Quando nos olhamos ao espelho vemos o nosso rosto. Se a Igreja se visse ao espelho, teria de ver o rosto de Cristo. Seguindo o seu Mestre, a Igreja assume e testemunha a vida de Cristo vivendo-a e pregando-a. No Evangelho deste domingo, que continua o relato da semana passada, conta-nos um dia da vida de Jesus. Certamente que, como nós, Jesus terá tido as suas rotinas, mesmo que cada rotina estivesse cheia de novidade e de esperança. Por este dia-tipo da vida de Jesus, percebemos que se entregou plenamente ao Reino de Deus, entrega essa que não dispensava falar ao povo (pregação), confortar e curar os mais fracos e doentes (milagres) e, sobretudo, não dispensava falar com Deus (oração). Três colunas essenciais para a Igreja como um todo e para cada um dos seus membros. Sempre que falamos de Jesus com palavras e obras, mas sobretudo com a própria vida, sempre que nos aproximamos dos mais fracos e desprotegidos, sejam eles quem forem, sempre que nos retiramos para dar tempo a Deus, es

Maravilhados com Jesus

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O Evangelho deste domingo dá-nos informações importantes sobre o dia-a-dia de Jesus. A primeira é que, depois de sair de Nazaré, a terra onde tinha sido criado, Jesus passa a viver em Cafarnaum. É a sua referência, o seu local de partida e de chegada e também o lugar de permanência. Vários milagres e conversões acontecem nesta cidade. Uma segunda informação diz respeito à pregação de Jesus: falava como quem tem autoridade e não como os escribas. Esta "autoridade" que derivaria naturalmente dos fariseus e dos escribas, é reconhecida não neles mas em Jesus. A pregação de Jesus diferencia-se e distancia-se da das classes sacerdotais de Israel, porque não é proibitiva nem de exclusão mas sim de aproximação a Deus que a todos ama com um amor eterno. Finalmente, a terceira informação é a de que Jesus, na sinagoga, a um sábado, faz um milagre, libertando um homem de um "espírito impuro". Se os que assistiram ao milagre ficaram maravilhados com o que Jesus fez, hoje, cad