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A mostrar mensagens de dezembro, 2009

Fim do ano

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31 de Dezembro. Há já alguma anos que neste dia celebro duas Missas. Uma ao meio-dia, aqui no Convento, de Acção de Graças a Deus por todas as coisas que aconteceram durante o ano; a outra, ao final da tarde, com uma comunidade de Irmãs Dominicanas, em que se reza pela paz. Hoje, em vez da Oração dos fiéis usual, foi-nos dada uma imagem de Nossa Senhora com uma palavra para, a partir dela, construir uma oração. A mim calhou-me o perdão. Então o que peço para 2010 é que saiba ver no perdão um instrumento de paz. Bom ano de 2010! ---------------------------------- A FAMÍLIA A ORAR (Parte 3) Mas não se deve orar sozinho. «Vinde - disseram os pastores uns aos outros - vinde adoremos o Senhor». A liturgia repete-nos o convite deles. É juntos que devemos ajoelhar em volta do presépio, é em família que devemos cumprir esse magnífico dever. É possível , no vosso lar, a oração em família? É coisa tão bela, uma família que reza; um lar onde, à noite, acabada a lida da casa, antes de se i

A última noite

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Estou a chegar ao fim. Vivo a minha última noite. Mais umas horas e morro. O peso dos dias cansou-me. Trouxe muitas alegrias e muitas tristezas. Uns esperavam mais de mim, outros contentaram-se com o que lhes trouxe. Passei sempre fiel ao relógio, como quem passa as contas do rosário; não tenho emoções, simplesmente passo. Mas quem me viveu enche-me de sentido. Há pessoas que se vão lembrar de alguns dos meus dias com alegria e há os que se vão lembrar daquele dia em que estiveram tristes. Apesar de tudo, sinto que fui útil, e que me aproveitaram. Todos os dias tiveram lágrimas e sorrisos, nascimentos e mortes. Por todos passei e a todos alterei. Não sou só eu que estou cansado. Muitos hão-de acabar nesta noite como eu... é a vida, são os dias e sou eu, o ano de 2009, que me fino para que venha um 2010 cheio de esperanças, de paz e de realizações de sonhos. Não pensem que somos nós, os anos, que mudamos as vidas... quem nos vive é que que se vai mudando. Foi um prazer passar convosco e

Venho cansado

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Venho cansado de um dia em que preguei um retiro. O cansaço não é deste dia mas a acumulação de vários já de antes do Natal. Mas vou sentindo que vou sendo útil - embora servo inútil, como Jesus nos ensina no Evangelho - com uma palavra que possa ajudar a mudar. Na sala dos encontros do retiro encontrei um livro que me chamou à atenção " Vida quotidiana - Vida cristã " de um cardeal belga, Cardeal Suenes, que marcou a história da Igreja da Bélgica pela sua abertura ao mundo e ao papel dos leigos, coisa que nos anos quarenta ainda não era muito normal. Este livro, no tempo desactualizado (1965) mas actualizado na espiritualidade, continua a ser confortante para quem pode ler as suas pequenas meditações. Abri ao acaso e encontrei uma bela meditação sobre o Natal. Pedi o livro emprestado para poder lê-lo e partilhar agora convosco parte desta meditação de Natal. Entretanto ainda tive que passar no hospital confortar um doente que está de partida. Agora que tenho um bocadinho, é

Prenda de Natal

A todos os que por aqui passam, aqui fica uma prenda de Natal: Imagens de presépios com a tão tradicional música Adeste fideles, cantada pelo já não existente Coro de Santa Maria de Belém.

Dois Natais

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Depois do grande dia, as coisas parecem estar mais calmas. Tentamos despachar o que sobra da festa: comida, corrida aos saldos, prendas guardadas, últimas mensagens de Boas Festas... grande perigo do Natal caber só numa noite. Partilho dois textos de Natal, um de um místico e outro de um poeta e, por isso, místico também: "Já lá vão cerca de dois mil anos, entre aquela noite e os nossos dias e, também agora, se repete o milagre de Jesus. Já passou o dia de Natal. Dia em que fui adorar Jesus Redentor... Dia em que, também, como então, fazia frio na Terra, e ainda que a minha lama não tenha a castidade de José nem o amor de Maria... ofereci ao Senhor a minha pobreza absoluta de tudo, a minha alma vazia. E se não lhe entoei hinos como os anjos, procurei cantar-lhe canções de pastores..., a canção do pobre, do que nada tem..., a canção do que só misérias e fraquezas pode oferecer a Deus... (São Frei Maria Rafael, pensamento 945) ÚLTIMO NATAL Menino Jesus, que nasces, Quando eu morro,

Ele dorme, eu velo

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Silêncio. Ele dorme, eu velo. Já passou a euforia, já cantámos os louvores, já todos dormem, eu velo. O silêncio fala, a noite é dia, anda o sono alterado, e eu também porque velo. E vejo o Menino que dorme descansado; a Mãe contempla, o pai reza, e eu velo. Até quando? Até que adormeça com ele. Até lá... vou velando.

Natais antecipados

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O meu dia, hoje, foi de festas de Natal. Apesar de não ser muito adepto de antecipação de festas, celebro-as como uma caminhada mas afectiva para o Natal. Foram festas em duas instituições às quais estou ligado: a primeira na Obra de Santa Zita; a segunda no Externato Marista de Lisboa. pessoas diferentes, celebrações diferentes, carismas diferentes, une-nos o mesmo mistério: o Menino que vai nascer. Na Obra de Santa Zita fiz uma conferência sobre São José, o homem da presença silenciosa. Desmitificar e desmistificar aquele que foi, para todos os efeitos, o pai de Jesus. Damos muita importância a Maria, aos Magos, aos pastores e, por vezes, esquecemo-nos daquela figura que, embora sendo de poucas palavras foi de muitas acções. Nos Maristas é já uma festa familiar. Uma celebração da Eucaristia em que hoje a senti mais intensa. Com um gesto, no momento do ofertório, simples mas belo: cada um acendeu uma vela, pensou numa situação de trevas e numa de luz. E colocou a vela no altar. Falei-

Setecentos e noventa e três anos

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Foi num dia como este, talvez com mais frio, ou nem por isso, que São Domingos, em 1216 vê confirmada por Roma a fundação da Ordem dos Pregadores. Foi Honório III que confirmou com um Motu proprio - por sua própria iniciativa - o projecto e o ideal de São Domingos. Mandou escrever assim o Papa: " Honório, bispo, servo dos servos de Deus, ao seu querido filho frei Domingos, prior de São Romão de Toulouse, e aos seus frades que fizeram e venham a fazer profissão de vida regular, saúde e bênção apostólica. Nós, considerando que os frades da tua Ordem serão no futuro os atletas da fé e as verdadeiras luzes do mundo, confirmamos a tua Ordem com todos os seus domínios e possessões actuais e futuras, e Nós tomamos esta Ordem, as suas posses e os seus direitos sob o nosso governo. Dado em Roma, em Santa Sabina, no dia 22 de Dezembro, primeiro ano do nosso pontificado ". O que é que se tem vivido ao longo de quase oito séculos? Muitas luzes, algumas trevas. Temos personagens brilhant

A minha mensagem de Natal

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Por estes dias muitas pessoas escrevem e recebem postais de Natal. Hoje já não é como antigamente em que, cada postal tinha palavras pessoais, tinha o desenho da nossa letra, tinha os nossos desejos para o destinatário. Hoje a Internet resolve tudo com um power-point que se envia para uma multidão de gente que faz parte dos nossos contactos ou com um e-card, sms, até mensagens no Youtube ou no Facebook . Não sei se é de ter pena do antigamente mas eu sinto, pelo menos, nostalgia. O que se costuma desejar por ocasião do Natal? Os desejos gastos porque não passam de desejos triviais e utópicos: paz, saúde, trabalho e dinheiro. Não que eles não sejam importantes, até nos ajudam na felicidade: precisamos de saúde para trabalhar, o trabalho dá dinheiro e todas estas coisas podem contribuir para um pouco de paz. Desejos gastos porque os formulamos de modo inconsciente ou então, e isso é pior, pedimos para nós e para os nossos. O Natal não é uma festa só minha e só dos meus. O Natal é, antes

O acolhimento

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Nos últimos dias tenho pensado na atitude e no valor do acolhimento. Nas tradições monásticas passa a ideia de que, quando recebemos alguém em nossa casa, esse alguém é o próprio Cristo, o "divino peregrino". Acolher é partilhar. É expormo-nos, é mostrarmos aos outros a alegria e a fraternidade. Este tempo de Natal propicia-se ao acolhimento. Desde o acolhimento em família e dos amigos até à fasquia mais elevada que é a de acolher o próprio Deus. Amanhã vamos receber, aqui no convento, cerca de sessenta pessoas que vêm fazer um dia de retiro com a Comunidade. Peço a Deus que saibamos praticar o dom do acolhimento e da hospitalidade. Afinal, amanhã seremos um grupo de cristãos que quer parar um dia para perceber se somos nós que construímos o presépio ou se é o presépio que nos constrói a nós. Aos que por aqui passarem rezem por nós.

Pressa

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Ele aí vem. Digo, o dia de Natal. Se calhar diz-nos mais o motivo do que a pessoa que celebramos. O tempo é de Natal, a azáfama é porque vem aí o Natal, as preocupações para que tudo corra bem, por causa do Natal. Apesar de nos queixarmos - de eu me queixar - de que o Natal está a tornar-se vertiginosamente pagão, ainda vamos tendo atitudes e preocupações cristãs. É bom a partilha, é bom o encontro, é bom celebrar com a família - religiosa ou de sangue - este acontecimento que começou por ser uma festa pagã, convertida pelos cristãos em festa cristã e que agora, talvez por falta de convicção, não lhe encontramos a dimensão espiritual desejada e volta silenciosamente às origens pagãs... Começo hoje com minhas preocupações de Natal. A primeira é ouvir as músicas de Natal (as sérias, claro). A música clássica tem um repertório de Natal absolutamente delicioso. Com iguarias tão apeitosas como as que colocamos na mesa de consoada: desde Bach, passando por Corelli, e ainda as músicas tradici

O regresso

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Foi bom regressar. Partilhar com os frades onde estive e o que vi, encontrar as pessoas nas Missas, recomeçar aos poucos, e pôr em dia o que nesta semana ficou para trás. Nos colégios começam as preparações do Natal, no hospital as visitas aos doentes, em casa a preparação do retiro de sábado.

Ainda Paris

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Para além da arte e do turismo, Paris tem sido também um refrigério espiritual. Entramos nas igrejas e ficamos a conhecer quem faz o quê, quem é o pároco, quais são as actividades... o que nós poderíamos dizer: um bom acolhimento. Porque talvez a Igreja de França, com a laicidade imposta, tenha passado do comodismo e das lamentações ao aceitar o desafio e cativar não só os frequentes mas também os que andam mais afastados. E com alguma normalidade vemos anunciada uma exposição de Natal, um concerto, os horários das festas de Natal, catequeses na igreja durante a hora do almoço, e missas com grande simplicidade mas que enchem o dia. Agora compreendo o que dizia um professor sobre os avanços da Igreja de França; quando achava que estávamos com ideias muito liberais rematava dizendo "modernices de França". Dou-me conta que seria muito interessante adoptar algumas coisas daqui mas, ao mesmo tempo, cai tudo por terra... a sensibilidade é outra e a disponibilidade também. Ontem fui

Imaculada sem feriado

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" Que por intercessão de Nossa senhora saibamos escolher mais a vontade de Deus do que a nossa, escolher o amor de Deus do que o nosso e escolher o risco de Deus em nos dar a liberdade quando nos criou ". Foi mais ou menos com estas palavras que o Arcebispo de Paris terminou a homilia de hoje. Numa Missa espantosamente simples e bela (todos reparámos que foi pouco mais que uma hora), num dia de Imaculada Conceição que em França não é feriado, numa Catedral que se impõe na cidade de Paris, foi assim o meu final de tarde. Estes dias têm sido de muito andar e muito ver. Ontem foi dia de ver o cemitério do Montparnasse, onde estão sepultadas pessoas importantes de Paris como J-P Sartre e a esposa, Saint-Saëns, o Panteão nacional, onde estão ilustres como Voltaire, Marie Curie, Victor Hugo, Rousseau e muitos outros. O dia de hoje foi a subida ao Sacré-Coeur com a sua vista espantosa sobre a cidade e a igreja esquecida de Saint-Pierre de Montmartre onde Santo Inácio fundou a Compan

Para além do Louvre

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Estou em Paris com uns amigos. Outras gentes, outros ares, outro mundo. E o dia de hoje foi dedicado à visita do Louvre e outras igrejas. No Louvre indicam-nos o caminho da Mona Lisa que só se consegue ver ao longe. Até lá vemos todos aqueles quadros, mais ou menos conhecidos, desde o "meu" Fra Angelico , passando pelo El Greco , Georges de la Tour (com aqueles fantásticos pontos de luz a partir de uma vela), até ao Le Sueur com os quadros da vida de São Bruno. E depois as igrejas emblemáticas de Paris: Saint-Sulplice (onde Marcel Dupré foi organista titular), Saint-Germain-Des-Prés , e até na Rua de Saint Dominique passei. Difícil de encontrar é a capela da medalha milagrosa. E eu, que raramente pergunto a alguém alguma indicação, hoje ao tentar perguntar a uma senhora onde era a capela, ela responde-me em português, e mais, que me conhece e tudo! Como o mundo é tão pequeno! O pormenor da missa de hoje (bem me lembrei do "meu" rebanho), na Madeleine, de grande q

As três violetas

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Nos últimos dias tenho andado a ler, antes de me deitar, a biografia de São Marcelino Champagnat, fundador dos Irmãos Maristas, editada em 1856, escrita por um dos seus primeiros seguidores, o Irmão João Baptista. Ontem foi o funeral do Irmão José, de oitenta e sete anos e sessenta e nove de Irmão Marista. Hoje e amanhã estarei com mais dois ou três padres a confessar os alunos do Externato. Mas voltemos ao Ir. José. Era, certamente, o Irmão mais conhecido do Externato. Sempre sorridente, solícito, no seu posto de trabalho - a papelaria - sem ninguém esperar, de uma sexta para um domingo, morre. Talvez enquanto foi vivo pouca gente tivesse reconhecido a sua importância porque, às vezes, é preciso deixar de ter para dar valor. A Missa de ontem foi o mais belo presente que lhe poderíamos dar. Foi mais do que uma homenagem. A presença dos outros Irmãos Maristas, o silêncio dos alunos, as lágrimas que corriam na cara de algumas pessoas, os testemunhos que os representantes dos vários ciclo

Duas mensagens

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Hoje, dia feriado, foi um dia calmo. Mas duas mensagens me ficaram, cada uma delas na ponta do dia. De manhã, nas Laudes (oração da manhã), rezámos assim a Deus: " Abatei os montes e colinas do nosso orgulho e levantai os vales da nossa fragilidade ." Depois do jantar, fui à biblioteca devolver livros. Parei na estante da espiritualidade e, ao acaso (não há acasos), tirei um livrinho que tinha na lombada o título "A vida oculta em Deus". Estava fechado. É um privilégio ser o primeiro a ler um livro no meio de vinte e tal mil que temos. Requisitei-o e abri-o. Também ao acaso saiu-me este pensamento: " São necessárias duas coisas para alcançar a união íntima com Deus: tempo e paz ". Que prendas podemos pedir a Deus senão que, com a Sua ajuda, os nossos maus feitios se moldem para nos podermos unir a Ele? A conversão não é heroicidade humana. É trabalho a dois: de Deus que nos dá o dom e nosso que, com ele nos vamos tranformando. No entanto, como diz o autor