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A mostrar mensagens de agosto, 2012

Último dia de férias

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Consagrei este último dia de férias a um bom passeio a pé. Desde os primeiros dias que estava a pensar fazer o "Trilho dos Carvalhos", um percurso pedestre, ne freguesia de Gosende de cerca de 8 Km. De hoje não podia passar. Adaptei-o, pois saí de Feirão, e serviu-me de despedida das férias. Andei pelos montes, rezei pelos caminhos, tirei fotografias aos pormenores e ouvi música. É dia de agradecer a Deus e a quantos com quem cruzei estes dias de descanso em que também trabalhei. Agora regresso a Lisboa para mais um ano difícil, pelo menos assim o prevejo. Adeus Penedo Gordo, adeus Feirão, adeus Cotelo, até para o ano. (espantalho no meio de um milheiral, Gosende)

A crise na serra

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Venho de apanhar amoras. Elas amadureceram quase um mês depois do que era antigamente. Quando era pequeno, no final de Julho já se comiam as amoras das silvas e, mais tarde as do silvão. Este ano só agora se começam a comer. Doces, de diferente sabor, não sei se será da espécie, da água ou do terreno onde estão… Falando com várias pessoas, vão dizendo que ainda assim não sentem muito a crise. Em vindo as reformas para comprar o que não se produz, tudo o resto está garantido: batatas, cebolas, hortaliças, carne de porco, cabrito, galinhas, coelhos e patos, alguns até vitela, é tudo biológico, verdadeiramente fruto da terra. Até estas amoras, que estão ao dispor de quem as quiser apanhar. Antigamente estava tudo rapado e nem as deixávamos amadurecer bem; agora, caem de maduras. As deste cesto, apanhadas à beira da estrada, vão comer-se em menos de um ai: as minhas sobrinhas vão encarregar-se delas.

Uma visita agradável

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Estes dias têm sido cansativos. Não estava programada a minha ida à novena do Fojo. Não é que esteja obrigado mas é uma maneira de me juntar às pessoas desta zona e de ser útil, em caso de necessidade. Têm sido, portanto, três missas por dia. Hoje tive a alegria ter comigo o André, um rapaz de Lisboa, que quer ser dominicano. A visita não teve nada de extraordinário se bem que, o normal da vida e da paisagem são para mim de uma beleza e simplicidade extraordinárias. Encontrámo-nos em Cotelo, onde estava por causa do João Paulo, que fez hoje anos, e que fez uma sobremesa ótima e que merece aqui uma referência. De lá subimos à capela de São Domingos, não poderia ser outra a volta e, depois, como não há locais de interesse turístico, levei-o pelos meus caminhos. De lá fomos a pé para a novena. Com a ajuda dele consegui tirar os nomes dos santos que estão no teto da capela, e no fim da novena, tivemos direito a um belo lanche, caseiro, até à despedida, pelas 20 h. Começam também j

Os dias que vão correndo

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Deixo aqui o que vivo desde há uns dias. Episódios da vida, quadros que poderiam fazer parte de uma sala de exposições. Nada de siginificante mas cada coisa só tem o significado que cada um lhe dá. 1. Conversas com as pessoas. Estes dias são-me gratos pelas conversas informais com as pessoas. Como ando sempre a pé dá tempo para dizer bom dia às pessoas, perguntar como vão e como estão, algumas provocam a paragem para nos contarem ou desabafarem algum assunto. A mesa é bom espaço de convívio e conversa. Cada vez mais admito a hospitalidade das pessoas. O gosto que têm em receber, a alegria, as lembranças… 2. O meu pai. A figura do meu pai ainda está presente em Cotelo. Muita gente se lembra dele e por bem. Descobri episódios da vida dele que me comovem. Do meu pai, muito menos expansivo que a minha mãe, pouco ou nada sei da sua infância e dos seus tempos na aldeia. Compreendo. As infâncias difíceis não trazem recordação. Que o meu pai valeu a uma senhora por três vezes, que quand

A tia Clarinda e a minha mãe que também é Clarinda

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Hoje foi um dia de rara beleza. Para começar, esteve mais fresco, o que torna os dias mais leves. Depois pelo que estava combinado já ontem, em Cotelo: visitar a única tecedeira que ainda lá tece. Tem 82 anos, chama-se Clarinda (a minha mãe chama-se assim por causa dela), e tece num tear de 1837, tem lá a data registada; contas fáceis de fazer: o tear tem 175 anos! Não consigo descrever os diálogos nem explicar os nomes das peças porque foram entrelaçados com outras conversas e os nomes são assim porque sim. Uns sabia, outros não e outros cheguei lá por dedução: por exemplo, o lugar onde se senta a tecedeira (na fotografia é o pau que está mais à direita) chama-se sedeira, de Sé, assento. Combinei às 10 horas na capela. Ela lá estava a acabar de rezar o terço. Lá me levou à sua casa, humilde, como quase todas, e é orgulho: humilde mas asseada. Enquanto subíamos as escadas lá me explicou que tinha tecido muito para a minha avó materna, sobretudo mantas e passadeiras. E que um i

Os lugares mais altos

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O bispo de Lamego escreveu uma nota pastoral a convocar toda a diocese para a Festa de Nossa Senhora dos Remédios, que calha sempre no dia 8 de Setembro. Achei muito interessante o segundo parágrafo em que ele explica o porquê dos santuários estarem situados, normalmente, em lugares muito elevados. Há muitas teorias sobre as situações dos oragos, normalmente relacionam-se com aparições ou milagres, mas a bíblica é, de fato, fascinante: é que, na Bíblia os santuários de Deus, “lugar alto”, tem o significado de “mais alto do que eu”. Lembro-me há uns anos, teria eu uns 12 anos, de participar numa festa em honra de Santa Bárbara, em Gosende. A capela lá está, no alto da montanha, isolada, mas já não se lá vai. Naquele ano lembro-me da Missa que começou com o cântico “Subiremos montanhas sagradas, colinas suaves do amor cristão. Lá do alto Jesus nos acena mostrando o caminho da salvação”. Lembro-me que, a seguir houve almoço partilhado e baile. Hoje estas festas já não se fazem: a

Deus na vida

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A palavra Deus está na boca destas pessoas. Sem nos darmos conta saem expressões do mais natural da vida. Desde o “até amanhã, se Deus quiser”, passando pelo “até logo, vão com Deus” ou ainda “temos que aproveitar o que Deus nos dá”, manifesta aquilo que nós aprendemos como Dom do Espírito Santo, o santo temor de Deus. Não se trata de medo mas de reverência, saber que de Deus nos vem o que temos e somos. Hoje em dia estas expressões tendem a desaparecer. Somos autossuficientes, achamos que é tudo obra nossa e tudo depende de nós. Que Deus está mas poderia não estar e torna-se o reduto das emergências, o escape antes do impossível. Por aqui as pessoas são agradecidas. A Deus e a quem lhe faz bem. Agradecem a atenção, agradecem o parar para falar, agradecem o padre vir rezar umas missas pelos seus. É para mim impressionante os pedidos de intenções de Missa pelos defuntos. Comovente o não esquecer ninguém e até pedir uma intenção de Missa por aqueles que não têm quem reze por eles. C

Do cimo do monte

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Do cimo deste monte vejo a minha vida passar. Com povos espalhados caminhos curvados rios serpenteados para chegar a algum lugar. Do cimo deste monte vejo a vida caminhar. Sou estranho de mim próprio: vendo-me não me conheço nem sei onde vou parar.

São Jacinto da Polónia

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Para nós, dominicanos, m mês de Agosto é também o mês de muitos e grandes santos. A começar por São Domingos, no passado dia 8, passando por São Jacinto da Polónia, que hoje celebramos. Na basílica de Santa Sabina há uma capela, diferente de todas as outras, dedicada a São Jacinto: a capela onde, segundo a tradição, São jacinto recebeu o hábito das mãos de São Domingos. A imagem que ilustra este post é um detalhe do fresco desta capela. Aqui fica a notícia hagiológica, que constará no futuro num pequeno livro litúrgico sobre os Santos da Ordem: Tiago, conhecido desde o século XIV por Jacinto, nasceu nos finais do século XII em Kamién, diocese de Breslau (Polónia). Cónego da diocese de Cracóvia, abraçou a Ordem em 1220, em Roma. Em 1222, São Domingos designou-o com frei Henrique da Morávia, para propagar a Ordem na Polónia. Logo em 1222 foi fundado em Cracóvia um convento de Pregadores. Em 1225, Gerardo de Breslau, primeiro Provincial da Polónia, espalhou os irmãos de Cracóvia em

Feno, centeio e tojo

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Diz-se que o trabalho da mulher nunca acaba. É verdade e aqui no norte vê-se bem. Mas o trabalho do lavrador não é mais brando. Se bem que as tarefas estão bem definidas, o que é certo é que, salvo raras exceções, o trabalho mais pesado é para os homens e o mais leve para as mulheres. Não quero com isto dizer que os homens trabalham mais, até porque considero que as mulheres são bem mais sacrificadas, mas são trabalhos diferentes. Terminou há poucos dias o trabalho do feno: cortá-lo, virá-lo, colhê-lo e guardá-lo no palheiro. Depois veio a recolha do centeio: cortá-lo, enfaixá-lo, malhá-lo e guardar o grão e a palha. Agora, enquanto se esperam pelas batatas, que estão já estão quase prontas para arrancar, fazem-se trabalhos “intermédios”: durante esta semana vi sair carros de vacas com o estrume das lojas para levar para os campos. Hoje vi outro carro com o arado que, às 8.30h, já vinha de lavrar um campo, e via ainda outro que trazia tojos para forrar as lojas dos animais. No caf

Os santos de Agosto

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Depois de um dia cheio, em que acabei por almoçar já passava das 15h, venho só aqui dizer que gosto dos santos de Agosto. E gosto de os celebrar por aqui. As pessoas gostam de ouvir a história, “sempre a mesma que eles só tiveram uma”, como me disse esta tarde uma senhora. Mas gostam de ouvir. Falar da piedade do Santo Cura de Ars, da espiritualidade São Domingos, da força e bondade de São Lourenço ou da bondade de Santa Clara… E é bom ver as pessoas atentas e contentes por terem ido à Missa mesmo à semana. (imagem: martírio de São Lourenço)

O Samuel

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O Samuel é um dos dois acólitos de Cotelo. Em Feirão também há um com o mesmo nome. Mas este Samuel, o de Cotelo, rapazito que deve andar pelos 11 anos, é tímido mas divertido. Faz tudo a correr e ninguém espera por ele. Ontem, enquanto eu esperava na Capela para celebrar a Missa de São Domingos – Cotelo tem São Domingos como padroeiro – ele veio ter comigo e diz-me ao ouvido: O senhor padre desculpe, mas podia benzer um balde de água que eu ia busca-la ali fresquinha à fonte? Eu respondi que sim, que a fosse buscar num balde limpo. E ele lá foi a correr e trouxe o balde cheio de água. Mandei-o colocar o balde debaixo da pia de água benta para depois da Missa a benzer. Estávamos a preparar as coisas para a Missa – ele sabe onde está tudo e como se costuma fazer e voltou a dizer-me: O senhor padre não a podia benzer antes de Missa? É que assim o povo podia já benzer-se. Perguntei-lhe se a pia não tinha água, ao que respondeu: Não, senhor padre, está sequinha . Então lá o mandei

Liturgia da festa de São Domingos - IV

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As segundas vésperas de São Domingos são como que um resumo de tudo o que se viveu. A estrutura das horas é a mesma. Os salmos, próprios desta hora, ajudam a perceber as dimensões espirituais que as antífonas cantam em honra de São Domingos. O primeiro salmo deste dia, o salmo 115, é tipicamente vespertino. O salmista fala do sacrifício de louvor, um sacrifício de ação de graças, oferecido a Deus. A introduzir este salmo a antífona diz-nos que São Domingos, “acolhia a todos no seu coração e, porque a todos amava por todos era amado”. O segundo salmo, também ele desta hora de vésperas, exalta dois desejos de São Domingos: a conversão dos pecadores e o desejo do martírio: «os que semeiam em lágrimas recolhem com alegria». A antífona correspondente lembra um dos episódios da vida de São Domingos, enquanto estudante: “movido de compaixão e caridade, vendeu os livros e quanto possuía para ajudar os pobres”. O cântico do Novo Testamento, o mesmo do dia anterior, é introduzido por um

Liturgia da festa de São Domingos - III

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A oração da manhã da Igreja tem o nome de Laudes. Uma palavra latina que significa louvores. São os louvores da manhã, os primeiros, endereçados a Deus, lembrando sempre a alegria da Ressurreição. O ofício de São Domingos começa com o salmo invitatório, o salmo 94 que, em cada dia, nos convida ao louvor de Deus e à adoração. No dia de São Domingos este salmo é antecedido com a antífona própria, alegrando-nos em Deus, o Senhor dos Apóstolos, por ter a São Domingos como arauto do Evangelho. O hino de Laudes, louva São Domingos pela sua vida e obra na Igreja. “Todo de Deus, no nome e na vida / amaste os teus irmãos e todos os homens. A verdade de Deus que ensinaste / é nova e edifica-nos”, canta a primeira estrofe. Os salmos são os próprios das festas da Igreja, comummente chamados os do Domingo I. O primeiro salmo, o 62, canta os louvores de Deus, desde aurora, e as ânsias de Deus. A antífona que precede este salmo atesta-nos que “São Domingos era assíduo à oração, quer de dia q

Liturgia da festa de São Domingos - II

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À noite, antes do descanso, e antigamente a meio da noite, as comunidades dominicanas reúnem-se para celebrar o ofício de leituras. Antes do Concílio, este ofício tinha o nome de Vigílias, porque era demorado, pela sua extensão e intensidade. Agora, com a reforma conciliar, tem o formato da hora normal do Ofício de Leituras. O Ofício começa com o hino Novus athleta Domini (O novo atleta do Senhor). Os hinos do Ofício de São Domingos, são retirados do Protótipo de Humberto de Románs. Por isso se pode falar de uma tradição dominicana ou até de um rito dominicano. Este hino, que proclama São Domingos como atleta de Deus, vai narrando ao longo das suas estrofes as várias dimensões espirituais de São Domingos: Atleta do Senhor, Homem evangélico de intacta pureza, de oração incessante e plangente. E é neste ambiente noturno, lembrando São Domingos, que dedicava os dias à pregação e as noites à oração, que as comunidades recordam o que dele se dizia, no que diz respeito às vigílias, q

Liturgia da festa de São Domingos - I

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A vida de São Domingos pode ser explicada e estudada a partir de vários pontos de vista. Todas as abordagens são úteis para a espiritualidade dominicana, rica pela história e pelo seu carisma. Uma delas pode ser a partir da liturgia da festa de São Domingos. Na liturgia a espiritualidade manifesta-se pela oração. Os hinos, antífonas e orações, que na liturgia se chama eucologia, são um bom contributo espiritual para a boa celebração da festa do fundador da Ordem dos Pregadores. Na Igreja, a celebração dos santos faz-se no dia da sua morte ( dies natalis ) ou no mais próximo, se nesse dia não se puder celebrar. Foi o que aconteceu com São Domingos, que morreu no dia 6 de Agosto do ano de 1221. Como nesse dia a Igreja celebra a festa da Transfiguração do Senhor, colocou-se a sua celebração para o dia 4 de Agosto que, na época, era o dia disponível mais perto do da sua morte. O Concílio Vaticano II, nos seus ajustes litúrgicos, e na reorganização do calendário litúrgico, mudou no

Vigília de São Domingos

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Por todo o mundo, muitos conventos e mosteiros dominicanos celebram esta noite a vigília de São Domingos. Aqui em Feirão não a posso fazer, pelo menos comunitariamente. Uno-me espiritualmente aos meus irmãos e irmãs que, na doçura da comunidade, celebrarão o nosso fundador. Amanhã celebrarei Missa, à tarde, na capela de Cotelo, a terra do meu pai, dedicada a São Domingos. Haja alguma consolação. Nesta noite de vigília e de oração, que é tempo de graça, peço a São Domingos que nos seja útil no céu. Ele assim o prometeu. Que fortaleça a nossa vocação dominicana, que nos envie vocações para continuarmos a anunciar na Igreja e no mundo o Evangelho da graça e da misericórdia. Que nós, dominicanos, à imagem de São Domingos, consagremos a nossa vida a falar de Deus aos homens pela pregação e a levar os homens a Deus pela oração. Orate pro nobis.

Fim das festas

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Está a festa a chegar ao fim. O tempo não ajudou muito. O frio esteve presente quase todo o dia, acompanhado de um céu bastante nublado com umas nuvens bem escuras. Lá fiz o sermão em honra de Santa Luzia. Já o tinha feito há uns anos atrás. O pároco desta freguesia ficou contente por me ter ao pé e por o substituir nestes dias, que ele vai aproveitar para fazer férias. No fim da Missa a emocionada procissão. Digo emocionada para mim porque me lembro sempre daquela famosa procissão de que já falei logo no início deste blogue, em que, diante do Santíssimo Sacramento, a minha avó ia de joelhos, numa rua de estrada batida, a principal da aldeia, a cumprir uma promessa, e os filhos mais novos e eu, o neto mais velho, íamos também vestidos de santos (podem ver a fotografia no post “Já fui Santo António”, de 13 de Junho de 2009). A banda a tocar melodias processionais, o povo com respeito e devoção, lembro-me sempre desta fotografia que, por muitos anos que viva, não me hei-de esquecer.

Sábado de festa

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Feirão triplicou. Não em casas mas em gente. Desde quinta-feira que, aos poucos, chegam as pessoas que se juntam às famílias, abrem as suas casas e há mais agitação. Quando era pequeno, em que não havia nem luz nem televisão, um dos nossos passatempos era irmos para a varanda da casa e olhar para a estrada que vinha de Gosende e tentar adivinhar para onde iam os carros. Ao fundo da estrada há uma bifurcação; ou Cotelo, que é fim de estrada ou Feirão, lugar de passagem para outras terras. Agora, a construção de casas impede-me de ver a estrada toda. O dia de hoje, que foi calmo, deu-me para ultimar o sermão em honra de Santa Luzia, que amanha terei de pregar. (Fotografia da igreja de Feirão, dedicada a Santa Luzia)

Entre alegrias uma tristeza

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1. Começaram as festas em Feirão. Começam a chegar não só os que vêm só para a festa mas também os que já vêm de férias. Ontem foi dia de arruada: um conjunto de bombos percorre as ruas da aldeia, parando em cada casa aberta, saudando as famílias. Em tempo de crise consegue-se fazer uma festa em honra de Santa Luzia de quatro dias. Em relação a estas festas mais populares que religiosas sinto um sentimento ambíguo: por um lado acho que não, que é exagerado, que uma coisa mais modesta só beneficiaria; mas, por outro lado, estas festas têm o dom de congregar. Os que cá vivem orgulham-se da festa, ou que cá vêm juntam-se à alegria. A mim, este ano, cabe-me o sermão em honra de Santa Luzia. Já o fiz duas vezes, esta será a terceira. Como o que importa é falar da vida da padroeira, parece-me repetitivo, porque a vida é sempre só uma. 2. Hoje foi dia da feira da Ouvida. A Ouvida fica a caminho de Castro Daire. Sempre a três de Agosto. É uma feira de gado, embora tenha sido contagiada po

Sou quem sou

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Quem me dera ser pintor para poder expressar o que vejo mais fiel aos sentimentos do que ao olhar velado. Quem me dera ser escritor para poder transcrever - já não digo dizer - as conversas de agora e do passado. Quem me dera ser poeta para poder escrever em palavras ordenadas, ilimitadas, o que leio no rosto dos outros e que as teclas prendem. Mas sou quem sou. Mesmo limitado contemplo as maravilhas de Deus.

A propósito do café

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A minha querida aldeia de Feirão é uma das freguesias condenada a desaparecer, por causa do reordenamento do território. Já era para se terem decidido os novos ajustes, junta-se a esta ou junta-se àquela, mas foi o prazo prolongado até ao final de Setembro. Mas para dizer que em Feirão, outrora um lugar de passagem e de comércio – alguns defendem que o nome lhe vem de uma grande feira que se fazia neste lugar –, está pobre na área em que nos antanhos se especializou. Está agora a começar uma nova Associação dos Amigos de Feirão, com sede na antiga escola, para ver se ao menos temos um café aberto. Mas comércio já cá não existe. Antigamente (no tempo dos meus avós e tios mais velhos) havia algumas tabernas que vendiam pouco mais que o vinho ou aguardente, e a mercearia ficava nas Dornas, atrás do Penedo Gordo, uns quarenta minutos a pé, para cada lado. Para não fazermos café em casa ou irmos sempre à Associação, hoje fomos tomar café a São Cipriano. Aproveitámos para descer mais um