Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2015

O segundo exame

Imagem
Fiz ontem o exame de fim de semestre de italiano. Escrito e oral. Correu bem, com o que "correu bem" tem de vago. Hoje foi o segundo exame. O Cardeal Ravasi, que está por Lisboa, veio visitar o convento. Cá o recebemos, um irmão e eu, para não ficar mudo, lá pus em prática o meu mau italiano. Sobretudo a frustração de não saber usar o registo informal! O Cardeal a tratar-me por você e eu a tratá-lo por tu! Mostrámos-lhe a igreja, que apesar da chuva, o impressionou pela luz e pelos materiais. Perguntou-me quantos éramos, respondi que somos onze. Perguntou-me se eu era português, respondi-lhe que sim, e perguntou-me como é que eu sabia falar italiano. Lá lhe revelei o segredo: tenho trabalhos em Roma, comecei há quatro meses a aprender italiano e ontem tinha feito o exame. O padre que o acompanhava disse em tom jocoso: e hoje é o segundo exame! Voltando à visita, gostou da austeridade do convento, gostou da calma e do silêncio. No final pedi-lhe que assinasse o nosso

A primeira mensagem

Imagem
Sai por estes dias, no seio da Ordem, o primeiro boletim da nova Comissão Litúrgica da Ordem. Traduzida nas três línguas da Ordem, e para mudar a perspectiva, optámos por um tema litúrgico-pastoral: a pregação. Eu lá tive que escrever a introdução, que cabe ao Presidente. Aproveitei também para apresentar a nova Comissão. Aqui deixo as palavras que escrevi para o nº 13 de InfoCliop: No dia 14 de Julho o Mestre da Ordem, fr. Bruno Cadoré, instituiu a nova comissão litúrgica da Ordem. Esta nova comissão é presidida por mim, da província de Portugal, e dela fazem parte os seguintes membros: fr. David Caron (Province of St Martin the Porres, USA), fr. Thomas Moller (Province of Teutonia, Germany), fr. Dominik Jurczak (Province of Poland), sr. Ragnhild Bjelland. (The Dominican Sisters of Notre Dame de Grâce (Chatillon) Oslo), fr. Joseph Nguyên Van Hiên (Province of Vietnam), fr. Manuel Eduardo Solórzano Zerpa (Vicariate of Venezuela, Province of the Holy Rosary). Estes dois últimos i

Voltar-se para a luz que ilumina e aquece

Imagem
Neste terceiro domingo do Tempo Comum ouvimos o relato da primeira pregação de Jesus. Duas frases: O Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho. Nestas duas frases está resumida a pregação de Jesus: O Reino de seu Pai, que Jesus vai semear no coração da humanidade, para que os valores do Reino não seja uma utopia mas uma realidade do nosso mundo. Acolher o Reino passa pela conversão a Deus. Conversão diária, tarefa de cada hora, como um girassol que, cada manhã se volta para o sol, que o ilumina e aquece. Converter-se significa voltar-se para Deus, significa querer ser mais de Deus, significa mudar de vida por causa de Deus. Por isso, depois da primeira pregação de Jesus, começa o relato dos primeiros chamamentos: conversão e arrependimento levam ao seguimento de Jesus, continuar uma outra pesca, a de Jesus, a pesca da salvação, feita com as redes do Reino, entrelaçadas com a justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Escuta da Palavra que nos leva à conver

O dom das lágrimas

Imagem
Palavras do Papa Francisco, durante a viagem de regresso ao Vaticano, depois de estar nas Filipinas, sobre o dom das lágrimas, mulheres e pobres: Outra coisa é o pranto. Uma das coisas que se perde quando se está demasiado bem, ou não se percebe bem o que se tem, ou estamos habituados à injustiça, a esta cultura do descartável, é a capacidade de chorar. É uma graça que devemos pedir. Havia uma bela oração nos antigos missais, para pedir o dom das lágrimas. Dizia mais ou menos assim: “ Ó Senhor, que concedestes que Moisés, com o seu bastão, fizesse sair água do rochedo, fazei que do rochedo do meu coração saia a água do pranto ”. Belíssima esta oração! Nós, cristãos, devemos pedir a graça de chorar, sobretudo os cristãos que estão bem, e chorar sobre as injustiças e chorar sobre os seus pecados. Porque as lágrimas abrem-te para perceber novas realidades ou novas dimensões da realidade. Foi o que disse a rapariga e o que eu lhe disse a ela. Ela foi a única a fazer aquela pergunta à

O Evangelho de Cristo-pobre

Imagem
Herdei há uns anos, não sei de quem, as Meditações sobre o Evangelho, do Beato Carlos de Foucauld. Homem de Deus, de vida fascinante, quis imitar Cristo-pobre. Não só na pobreza material, mas em todas as virtudes que via no seu Mestre. Quando viveu como mendigo, em Jerusalém, fez, a partir da leitura dos Evangelhos, um retrato de Jesus, com uns títulos, nos quais ia colocando as frases evangélicas que lhe faziam sentido. Carlos de Foucauld meditava escrevendo, porque gostava do silêncio, da pobreza e da humildade. Mas a obediência ao seu director espiritual fez com que esta e outras preciosidades espirituais fossem publicadas e chegassem até nós. Porque a questão da pobreza não é uma questão teórica, e porque o cristão, se imita verdadeiramente o seu Mestre, está "obrigado" à pobreza voluntária, quer isto dizer, à partilha de bens, aqui deixo as frases que o Beato Carlos anotou no título pobreza de Jesus: —Bem-aventurados os pobres! — Ai de vós, ricos! — Em verdade

Discipulado

Imagem
O Evangelho deste domingo, que narra o chamamento dos primeiros Apóstolos, é de uma naturalidade extraordinária. Os primeiros discípulos de Jesus vêm do grupo de discípulos de João. E um deles, André, é que vai levar Pedro a Jesus. Esta descrição do chamamento dos Apóstolos contrasta com as outras versões evangélicas, que parece ser sempre iniciativa de Jesus, no mar da Galileia, quase a começar o zero. Mas, uma coisa que acontece sempre em todos os relatos é que os nomes aparecem. Deus conhece-nos e chama-nos pelo nosso nome. E está sempre a chamar. O cristão é aquele que está atento à voz e ao chamamento de Cristo para o poder seguir, anunciar e, mais importante, trazer outros a Jesus. Grande missão a nossa. Bom domingo.

O que me leva à infância

Imagem
Os primeiros livros que li levam-me ainda hoje à infância. Escrevo dos livros a sério, dos escritores adultos que tentam escrever para crianças, sem serem infantis. Tenho três livros que me acompanham desde a infância. Não sei se foram os primeiros que li - certamente que não - mas foram os que trouxe dos anos em que se aprendia a juntar letras para ler palavras, perceber o sentido das frases para gostar da história. O primeiro que me lembro é o Romance da Raposa do meu estimado Aquilino Ribeiro. Infelizmente não tenho o que li, não sei o que foi feito dele, talvez numa das minhas mudanças tenha ficado para trás. Consegui há uns anos uma edição igual à que li pela primeira vez. Voltei a ler e adorei. As manhas dos humanos encarnadas numa raposa. Depois os Contos Exemplares da minha admirada Sophia, que por agora deixo só na ordem de leitura e voltarei a falar mais à frente. Também não tenho o original que li, comprei há anos uma nova edição. E o terceiro, o Principezinho. Quem não l

Mergulhou na nossa vida

Imagem
Celebramos hoje a festa do Baptismo de Jesus. Um episódio de transição na vida der Jesus: uma consagração por parte de Deus para anunciar a misericórdia e a ternura de Deus. O primeiro gesto é submeter-se ao baptismo de penitência de João Baptista. Ao colocar-se na fila dos que queriam ser baptizados e ao ser baptizado por João, Jesus mostra a grande solidariedade para connosco. Mergulha na nossa vida para tirar as nossas vidas do lamaçal e dar-nos a alegria da vida nova. Ao querer baptizar-se por João, Jesus vem cumprir, uma vez mais, as profecias: não há-de quebrar a cana fendida nem apagar a torcida que ainda fumega. O filho amado do Pai vem devolver-nos a alegria de sermos filhos, sermos amados e queridos por Deus, nosso Pai. Bom domingo.

Apesar do Natal ir alto

Imagem
Já o Natal chega ao fim dos seus dias. Aos poucos vão desaparecendo os sinais das luzes, desfazem-se as árvores e os presépios vão para as caixas, bem enroladinhos para nada se partir. Mas o mistério continua para além dos arrumos e das épocas. Porque Ele veio até nós para ficar, porque Ele é o Emanuel, O Deus-sempre-connosco, que tantas vezes procuramos fora de nós sem saber que Ele está dentro de nós. Este Menino que faz despertar a nossa infância e a sermos dóceis e puros como as crianças. Este Homem que faz despertar em nós palavras de acolhimento e proximidade, e nos pede que o ajudemos a libertar e a consolar os mais pobres e mais frágeis. Este Deus que merece o nosso louvor e adoração e nos traz a salvação. Ele é o Menino Jesus, o Filho de Deus, o Cristo da nossa fé. Numa das missas de Natal (pré-Natal), passou-se no momento de Acção de Graças um clip de uma música "Emmanuel", de que gostei particularmente. Um Irmão Marista acaba de mo enviar. Eu voltei a ouvir e

Uns magos... iluminados

Imagem
A festa da Epifania que hoje celebramos, encerra, por assim dizer, todo o mistério do Natal. Aliás, o caminho dos Magos é também o nosso: foram os primeiros a saber da notícia do grande Rei, não por sonhos ou visões mas porque estavam atentos ao céu, e são os últimos a chegar, de longe, com as peripécias narradas e as que possamos imaginar, para adorar o Senhor. Estes simpáticos homens, que a tradição diz serem três, são a esperança de que a alegria do Evangelho pode chegar aos confins da terra. Alegria essa que nós, cristãos, somos chamados a espalhar, a mostrar, como a estrela. E também nós somos convidados a oferecer ao Menino os nossos presentes: o ouro das nossas acções, o incenso das nossas orações e a mirra da nossa solidariedade. E seremos iluminados. Bom domingo.

Um dia de passeio

Imagem
Hoje foi dia de passeio. Fui com os noviços Angolanos e com mais outro frei de Angola a Fátima. Aproveitar a ocasião de estarem em Portugal pela primeira vez e, uma vez que coincide com o segundo dia do ano, ir a Fátima rezar. Começámos com a visita ao convento dos frades e depois uma visita às Monjas dominicanas de Fátima, sempre tão alegres, bem-dispostas e acolhedoras. Regressámos ao convento para a Missa Conventual e, depois do almoço fomos visitar os lugares-comuns de Fátima: Basílicas e Capelinha das Aparições. Depois rumámos aos Valinhos, pelo caminho da Via Sacra, rezando o terço. Regressados ao convento, com o entardecer e o frio a descer, viemos para Lisboa. Amigos nossos juntaram-se em Fátima, o que tornou mais agradável ainda o nosso dia. E bendito seja Deus pela simplicidade e beleza, pela alegria e pela novidade que vemos nos outros e pela fraternidade que vivemos entre nós.

Uma última palavra... para um novo ano

Imagem
Ontem, no Vaticano, o Papa despediu-se do Ano velho com uma celebração de Vésperas. Fez uma curta homilia, as últimas palavras oficiais do ano, que bem servem para este novo ano. Pedia que fizéssemos um exame de consciência, agradecendo o bem que construímos e pedindo perdão pelo mal que destruiu. E falou dos pobres. Uma vez mais. Para fim trago esta frase para o novo ano: " É preciso defender os pobres e não defender-se dos pobres; é preciso servir os fracos e não servir-se dos fracos. Quando, numa cidade, os pobres e os fracos são tratados, socorridos e ajudados a promover-se, eles revelam-se o tesouro da Igreja e um tesouro na sociedade ".