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A mostrar mensagens de maio, 2015

O que fica por dizer

Ligou-me uma irmã dominicana a dar-me os parabéns pela João 13 e a dizer que há uma semana que não escrevo nada no blogue. É um facto. Não é por falta do que dizer mas é falta de tempo para o fazer. Cada dia com as suas penas, ou tarefas, ou o queiramos chamar. São as compras e as contas do convento, são as celebrações dos maristas, são as dezenas de mails que precisam de resposta e levam atrasada respostas... são tantas as voltas da vida que algumas curvas vão mais a direito. Para não chegar aos dez dias sem dizer nada, aqui ficam estas linhas. E acrescento que ontem, uma amiga minha fez anos e convidou família e amigos mais chegados para uma Missa de Acção de Graças pelo dom da sua vida. Ofereci-lhe um poema de Miguel Torga - o Torga nunca gostou de fazer anos e nunca escreveu nada muito alegre sobre este tema. Mas encontrei um poema que gosto muito e que aqui deixo, até porque não é fácil encontrá-lo na net: O futuro é o meu reino, e eu caminho! Lágrimas? Tantas, só de ser a

Associação João13 - Já é oficial

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Foi hoje o dia da assinatura da Escritura da Associação João13. Alguns dos Fundadores fomos às assinaturas mas, mais importante que a oficialização foi a Eucaristia que celebrámos na Capela de Nossa Senhora da Conceição da Carreira, que nos acolheu e acolherá no futuro. Deixo aqui a homilia que escrevi para este dia: Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. (Fernando Pessoa) Queridos amigos, Quis Deus que fosse hoje o dia da assinatura da escritura da nossa Associação. Um princípio que tem orientado a minha vida é de me perguntar o que é que Deus quer de mim e o que é que os acontecimentos da minha vida me querem também dizer. E assim vamos vivendo. Procurando saber o que é que Deus quer e nós sonhando, as coisas acabam por acontecer. E não tenho dúvidas que o que hoje aqui nasce é porque Deus quer. Nós sonhámos ou acertámos com o querer de Deus. E porque é este dia e não o de ontem ou de amanhã? Só Deus sabe. Quando soube do dia a primeira coisa que fiz foi ir ao

Dias longos mas luminosos

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Dia especialmente pesado, o de hoje. Logo manhã cedo, depois das Laudes, enviar os mails que, se não seguissem cedo, já ficariam para amanhã. Começo a bater o meu record de mails, nunca menos de trinta ou quarenta, com pedidos, perguntas, informações... E ter de responder a tudo. Como diz um amigo meu, antigamente é que era bom: enquanto a carta era escrita e chegava, a resposta se fazia e se enviava, sempre se descansava. E depois dos mails, a meia-manhã, reunião com o Presidente e com o Assessor da Junta de Freguesia de Santo António. Têm preocupações e consciência social, o que me agrada. O Presidente da Junta passa os dias nas ruas, com as pessoas, encontrei-o num café quando estava a subir a rua.O motivo era avançar um pouco mais depois do nosso primeiro encontro: a elaboração de um protocolo, um espaço que possamos ter para deixarmos as nossas coisas e quais os limites, que são poucos, dada a abertura do Presidente. Une-nos a questão social. O que é óptimo. O factor cristão ta

Pequenos gestos que nos trazem a felicidade

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Ontem, alguns da João 13 fomos ao Centro de Apoio Social dos Anjos. Tínhamos pedido esta visita e foi importante porque tem as três valências que a João 13 vai também desenvolver: o banho, a roupa e a refeição. A Directora do CASA foi muito simpática e mostrou-nos tudo. Falou-nos da realidade teórica e prática. No refeitório estavam pessoas sem-abrigo a jantar: sopa, esparguete com carne assada e salada, fruta ou iogurte. Impressionou-me ninguém falar com ninguém. Mas é assim, não são um grupo, só partilham a mesma sorte, não há muito a contar. Mas no centro de acolhimento, onde estão 15 pessoas, fala-se. Encontrámos um senhor, de 59 anos, que contou-nos a sua história sem nós pedirmos: que tinha vivido no jardim do Campo Grande, que nem no Júlio de Matos o tinham aceitado de tão mau aspecto ter. Foi ali recebido e agora era outro. Estava despreocupado porque finalmente lhe tinham cortado as unhas dos pés, coisa que em três hospitais não tinham conseguido, mas estava preocupado porq

O caminho da vida

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Nestes dias tenho vindo a acompanhar um grupo de peregrinos a pé a Fátima. Um grupo de 50 pessoas, que arduamente vão caminhando etapa em etapa, até chegar às celebrações do 13 de Maio. Apesar de ser uma pergunta retórica, não a deixo de fazer quando passo por pessoas que vão a pé a caminho de Fátima: que levará estas pessoas a fazer esta caminhada? As motivações, obviamente, são da mais diversa ordem: cumprir uma promessa, ir a acompanhar alguém, pela camaradagem, porque sim... Mas Deus pede isto? Não. Como disse uma senhora: "Não é Deus quem quer, sou eu quem quero. E agora?" Boa resposta. Deus não quer, de facto. Ou melhor, a Deus agradaria bem mais o caminho interior que muitas vezes fica por fazer. No sábado tivemos a Missa da partida: às 4.30 da manhã. Cada um levava uma flor para colocar aos pés da imagem de Nossa Senhora. Depois da bênção lá foram eles, alegres a caminhar caminhos conhecidos. Ontem fui celebrar Missa com eles às 15h,  já perto de Santarém. Era fi

Nome já tem: João 13

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Apesar de ter de traduzir para português escrevo em latim: Gaudium magnum annuntio vobis. Habemus nomem: Ioanes tredicim! (Anuncio-vos uma grande alegria. Já temos nome: João 13). Acabo de receber, neste dia formoso de oito de Maio, a boa notícia de que o nome da Associação que, dentro de dias se vai oficializar, pode ter este nome. A ideia é decalcada numa outra associação, Mateus XXV, que é uma associação de voluntários cristão ao serviço dos doentes. Esta é diferente. É uma associação de inspiração cristã, aberta a todos, ao serviço dos sem-abrigo, para lhes proporcionar a possibilidade de tomar um banho, mudar de roupa e ter uma refeição sentados à mesa, num refeitório. Mesmo sem a certeza de que este nome poderia ser, foi adoptado desde o início, pelo grupo de fundadores, que serão trinta e três. Pelo que me contou a jurista que nos está a ajudar a oficializar tudo, nas associações que levam nome próprio é necessário que um dos fundadores tenha esse nome. Apesar desta est

E o melhor do mundo são as crianças

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Após uma grande ausência da Ajuda de Berço - sempre mais temporal que emocional - passei esta tarde lá para estar com os miúdos. Saudades de todos, muita alegria, novidades, e colo daqui, colo dali, uns cresceram, outros estão barrigudos e outros até dizem que já têm barba como eu (tudo expressões deles, claro). No final da tarde encontrei o meu amigo Rafael, sempre com muitas saudades, e ajudei-o a fazer os trabalhos de Matemática, colorir umas histórias e interpretar um trava-línguas: "Cose Casimira em casa, cada casa da camisa". Lá lhe expliquei o sentido da frase para ele poder fazer o desenho: uma senhora com uma agulha na mão e uma camisola ao lado. Tudo dentro de uma casa. Quando acabou de fazer as fichas colocou o nome e a data. Perguntei-lhe se sabia porque é que era o mês cinco e ele respondeu prontamente: porque é o mês de Maio. Mas não conseguiu explicar o porquê do 2015. A primeira resposta - lógica - foi a de: foi porque quando começou o mundo. E eu lá lhe dis

Permanecer

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O Evangelho deste V Domingo da Páscoa repete por oito vezes o verbo permanecer. É Jesus quem o usa para dizer como deve ser a nossa relação com ele: unidos, como os ramos à vide, deixando-nos podar por Deus, o agricultor, mas sempre unidos (permanecidos) em Cristo. Dele nos vem a seiva que nos alimenta (a sua palavra, o seu sangue, a sua força) e nos faz dar fruto. Deus quer que demos fruto e, podando-nos, possamos dar ainda mais fruto. Talvez hoje as nossas sociedades e a nossa cultura tenham perdido a força do que significa "permanecer". Não basta estar no mesmo lugar e não é ir e vir. Permanecer é estar junto em intensidade e imensidade. Que o Agricultor das nossas vidas nos ensine a permanecer junto a Jesus e aos irmãos. Bom domingo!