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A mostrar mensagens de abril, 2024

Criados para dar fruto

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  O livro dos Actos dos Apóstolos é, na verdade, o livro do Espírito Santo. Em muitas passagens se lê que o Espírito Santo move e inspira, chama e escolhe, fortalece e congrega. Ainda há pouco, na primeira leitura, se ouvia que a Igreja gozava de paz e ia crescendo com a assistência do Espírito Santo. Já dissemos na semana passada que deveríamos dar mais espaço a Jesus e menos a nós. Imaginemos então se deixássemos que o Espírito Santo trabalhasse em nós! Não nós e o Espírito Santo, mas o Espírito Santo e nós.  Na primeira leitura de hoje vimos como Saulo mudou de vida e de atitude depois de ter sido tocado por Jesus. De perseguidor tornou-se discípulo e de discípulo em perseguido. Mas esta leitura também é um convite a vivermos em comunidade e de sermos uma comunidade acolhedora. Vivermos em comunidade significa vivermos unidos e empenhados no verdadeiro amor a Deus e ao próximo.  Uma comunidade acolhedora. Barnabé tem na comunidade um papel importante: aproximar Saulo da comunidade e

Um pastor que dá a vida

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  A liturgia pascal tem o objectivo de celebrarmos a ressurreição de Jesus, mas também de a vivermos na nossa vida. É a ressurreição de Cristo a chave que interpreta o nosso agir e o nosso modo de viver. O livro dos Actos dos Apóstolos é disso uma prova: tudo o que muda a vida das pessoas por meio dos apóstolos, as conversões, os milagres, deve-se não ao mérito dos apóstolos nem às suas grandes capacidades, mas somente à fé em Jesus Ressuscitado. Fé em que acreditaram e passaram a testemunhar. O discurso de Pedro que escutámos hoje na primeira leitura acontece depois de um milagre feito por Jesus através deste Apóstolo. Pedro e João sobem ao templo para orar e vêem um coxo à entrada a pedir esmola. E Pedro diz-lhe: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda”. E o coxo ficou curado. A multidão fica perplexa, Pedro começa a anunciar Jesus, os sacerdotes do templo apanham Pedro e João e colocam-nos na prisão. Mais tarde são

Quando nos aparece Jesus ressuscitado...

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O evangelho deste domingo situa-nos ainda no dia de Páscoa. No entanto mudaram os sentimentos. Se bem recordamos aquela manhã de Páscoa não foi de alegria: não porque Jesus não tivesse ressuscitado, mas porque os discípulos e amigos de Jesus não acreditaram nas suas palavras sobre o terceiro dia da ressurreição. Vemos as mulheres dos perfumes preocupadas com a pedra pesada que tinham de rolar, os discípulos em casa, desorientados, a Madalena que chora à procura do corpo de Jesus e os discípulos de Emaús, derrotados e tristes, regressam à sua aldeia numa tentativa de refazer a sua vida. Todos estes sentimentos negativos se convertem em alegria e esperança a partir do momento em que Jesus lhes aparece: as mulheres dos perfumes vão a correr espalhar a boa nova da ressurreição, a Madalena agarra-se ao corpo de Jesus, os discípulos de Emaús, radiantes de alegria e de coração ardente, regressam nesse mesmo dia, à noite, a Jerusalém, e contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham

Desprendimento

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O desprendimento é uma virtude sucedânea da pobreza. Jesus, no Evangelho, coloca o desprendimento como condição irrenunciável para o seguir. Os relatos de vocação terminam quase todos a dizer que o chamado deixa tudo para seguir a vontade de Deus: Abraão deixa a sua terra, Eliseu a sua família, Mateus o posto de cobrança, os Apóstolos pescadores deixam a pesca e a família para seguirem Jesus… e Jesus acaba por dizer que quem põe as mãos ao arado e se volta para trás não é digno de o seguir. A atitude do desprendimento é não estar ligado a nada nem a ninguém. Na espiritualidade fala-se até de coração indiviso, não partilhado, exclusivo para Deus. A vida em geral convida-nos ao consumismo e ao acumular, mais ao ter que ao ser. No entanto, a espiritualidade apela à liberdade da renúncia: “não preciso”, “não me faz falta”. Uma espécie de “morrer para o desejo de ter”. Se é verdade que o amor prende, muitas vezes por amor temos de despossuir, deixar ir. É preciso uma grande liberdade interi

Confissão

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A confissão é um dos sete sacramentos da Igreja. No dia da Ressurreição Jesus entrega aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados. Ao longo dos tempos a confissão teve modos diferentes de ser celebrada. Os textos antigos falam na necessidade de confessar a Deus os pecados mas não fala do como o fazer. Desde a alta idade média que se assumiu a confissão como a temos hoje: individual e presencial. Todos gostamos de ser perdoados e quem tem fé percebe que as suas más acções têm impacto em si, no próximo e em Deus. Somos os primeiros lesados do mal que fazemos. A confissão é a garantia de que Deus me perdoa quando me arrependo e é ao mesmo tempo compromisso de ser melhor. O arrependimento leva à mudança e a mudança à amizade com Deus. O pecado afasta, o perdão aproxima. Mais do que a humilhação de ter de ir contar ao padre os pecados é a alegria de sentir a misericórdia de Deus na minha vida. Misericórdia que me liberta de um mal que fiz e me faz recomeçar.

Cristo vivo em nós

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O Evangelho de hoje narra-nos duas aparições de Cristo Ressuscitado: uma no próprio dia da Ressurreição, em que São João nota que Tomé não está presente, e outra, oito dias depois, já com Tomé, sem Tomé nem os outros saberem que Jesus lhes iria aparecer. No entanto, as leituras de hoje focam-se muito na importância da comunidade que se reúne com o Ressuscitado. Ele está sempre, como tantas vezes dizemos na Missa: “ele está no meio de nós”. Gostava de partilhar convosco a importância da comunidade na nossa vida cristã. Não há dúvida de que a comunidade é o lugar privilegiado do encontro com Jesus Ressuscitado, mesmo se entre nós temos laços que nos unem. A comunidade reúne-se à volta de Cristo Ressuscitado. Quem se quer encontrar com Cristo tem a certeza de que ele se revela na Eucaristia de cada dia, de cada domingo. O domingo é importante porque nos faz sair da nossa casa para nos reunirmos na casa da Igreja. E quem não vem, perde, como Tomé. Quem vem encontra-se com Jesus, quem não v

Perfumes de Páscoa

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O relato da paixão de domingo de Ramos terminava com o apontamento de que Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde Jesus tinha sido sepultado. No relato de hoje encontramo-las, apressadas e preocupadas: apressadas para ir ungir o corpo morto de Jesus e preocupadas porque não sabiam como é que iriam conseguir tirar a pesada pedra do sepulcro. O encontro com o Anjo, que lhes diz que o morto que elas procuravam afinal vivo, enche-as de alegria e de esperança porque, na verdade, nunca deixaram morrer o amor. E aqui temos, para nossa reflexão os três sentimentos da Páscoa, vividos pelas mulheres e celebrados nesta santa noite.  Alegria. As mulheres sentiram grande alegria quando o anjo lhes disse que o Mestre que seguiram e que agora procuravam estava vivo. A esta alegria junta-se a alegria desta Páscoa, tão bem descrita na alegria da criação da primeira leitura… mas também na alegria da libertação que o povo sentiu quando saiu da escravidão para a liberdade… a alegria da nossa