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A mostrar mensagens de março, 2024

Cristo crucificado, hoje

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Hoje é dia de olhar para aquele que foi trespassado. Hoje é dia de olharmos para aquele que por nosso amor morreu na cruz. Hoje é dia de olhar para a Cruz e ver que o mundo continua a crucificar, com crueldade, homens e mulheres, inocentes e sem culpa.  Não podemos reduzir este dia a um dia de devoção. A narrativa da paixão continua actual porque também hoje vemos injustiças que crucificam os que, como Jesus, são hoje vítimas da violência das guerras. Vemos os que hoje, como Jesus, estão manietados, sem poder fazer nada da sua vida, porque dependem ou da generosidade ou da boa vontade dos outros, que às vezes têm pouca vontade em resolver os problemas. Vemos os que, como Jesus, são vítimas de esquemas, perseguição e difamação. Vemos os que, como Jesus, são traídos na amizade ou nas relações. Vemos os que, como Jesus, sofrem o abandono e são deixados à sua sorte. Vemos os que, como Pilatos, lavam as mãos ou encolhem os ombros não querendo saber do sofrimento e das injustiças que causam.

Dos Ramos à Paixão

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Começamos hoje a Semana Santa. A semana em que celebraremos de modo sacramental o que aconteceu realmente há 2000 anos. Não vamos ao passado, mas trazemos o passado para o presente porque o que aconteceu lá atrás continua vivo hoje em cada um de nós. Este domingo chama-se de Ramos na Paixão do Senhor.  Domingo de Ramos. Quando lemos a vida de Jesus narrada nos Evangelhos vemo-lo sempre a andar a pé ou de barco. Mas hoje Jesus pede aos discípulos que procurem um jumentinho para ele entrar em Jerusalém. A imagem é toda ela messiânica, ou seja, a da entrada do Messias na Cidade Santa. Porém, Jesus não escolhe o cavalo nem faz alarido com a sua entrada em Jerusalém. Jesus nunca se apresenta no espectáculo e na atitude superior mas sempre na humildade. É a multidão dos simples, dos que esperavam a libertação que mostram Jesus: arrancam ramos das árvores, colocam as suas capas no chão para Jesus passar e gritam hossanas (liberta-nos, salva-nos).  E é domingo da paixão. Porque sabemos que est

Um coração puro

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A caminhada da Quaresma que é, antes de mais, um tempo de libertação, faz nascer em nós um desejo de mudança. As renúncias e penitências que nos impomos são ajudas para nos libertarmos. Pedimos a Deus um coração puro e temos de fazer por ter um coração puro. Um coração puro é o contrário de um coração manchado. E a Quaresma pode ser este tempo favorável de purificação. Com a ajuda de Deus, retirarmos do nosso coração toda a maldade que não nos deixa ser felizes nem fazer felizes os outros. Isto é uma espécie de morte: morrer para o mal para poder nascer o bem.  Se o grão de trigo lançado à terra não morrer… Esta frase de Jesus adquire hoje um duplo significado. Por um lado, a sua própria morte, que Jesus compara a um grão de trigo. Também Jesus será sepultado, não para ficar no túmulo, mas para nos dar o fruto da sua ressurreição: a vida eterna. Mas também nos quer dizer que na nossa vida há mortes que temos de fazer acontecer para que delas possa nascer vida: pessoas, relações e ambi

Pecador

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Diz mais sobre a condição humana do que sermos más pessoas. Mais do que ser apontado pelos outros, o pecador assume-se como tal diante da santidade de Deus. Foi o que exclamou Pedro, depois da pesca milagrosa, diante de Jesus: " afasta-te de mim que sou pecador " (Lucas 5, 8). Não se trata do prazer de humilhar mas sim de se reconhecer como finito, frágil, não perfeito. Santo Agostinho introduziu na Igreja o axioma que separa a pessoa da má acção: " odeie-se o pecado, ame-se o pecador ". No Oriente há uma oração, chamada de Jesus, ou do Coração, que mais não é que uma jaculatória, que se repete por mais de cem vezes e que diz assim: “ Senhor Jesus Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador ”. Os pecados são desfigurações da imagem e semelhança de Deus, da qual fomos criados. O pecado desfigura, envergonha-nos, afasta-nos de Deus. É assim desde Adão e Eva. Jesus, no entanto, não foi pecador. Como se lê na Carta aos Hebreus (4, 15): “ provado em tudo como nós, excep

Os pobres

Estão no coração de Deus; Jesus declarou-os bem-aventurados e São Lourenço, no século III, confirmou o que os primeiros cristãos sentiam: são a riqueza da Igreja. A tradição judaico/cristã sempre teve um profundo respeito pelo mais pobres. No Antigo testamento Deus protege-os e pede ao seu povo que os trate com dignidade. No novo testamento Jesus destina-lhes não só um lugar especial mas também acabam por ser os principais alvos da sua pregação: doentes, órgãos, viúvas… Jesus nunca deu dinheiro aos pobres. No entanto parece Judas Iscariotes distribuía dinheiro pelos mais pobres. Mas Jesus defendeu-os sempre e esteve sempre ao seu lado. A sua sensibilidade que conduzia à proximidade permitiu sempre que os pobres não se sentissem abandonados por Deus mesmo que abandonados pela sociedade. Nos últimos anos a “teologia dos pobres” deixou de ser uma teoria. Graças ao Papa Francisco os pobres deixaram de ser uma ideia ou um exemplo para passarem a ser um verdadeiro lugar teológico. Por humani