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A mostrar mensagens de fevereiro, 2011

Périplo

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Inicio amanhã um périplo de viagens... em trabalho. Começo um retiro em Aveiro, até sexta-feira, de lá sigo para Lamego para fazer uma visita "formal" às monjas dominicanas e de Lamego ainda espero ir à Galiza visitar um outro mosteiro (visita de cortesia). Espero manter em dia a escrita deste livro. Enquanto isso, o pedido de sempre: orate pro me!

O lado B da vida

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Hoje foi, para mim, um dia atípico. Substituí um frade nas celebrações da Palavra do Externato Marista . E logo três: duas do oitavo ano e uma de um décimo segundo. As caras vamos conhecendo-as, as dos mais velhos melhor, porque estão no colégio há mais tempo (alguns estão desde os três anos!). Cada turma prepara a celebração, que dura mais ou menos 45 minutos, a partir de um tema que têm vindo a explorar: a primeira turma do 8º ano escolheu o tema "crescendo", o 12º escolheu o tema "reflexo" e a segunda turma do 8º o tema "o lado B da vida". É claro que associei à turma: 8ºB, lado B, mas este tema levou-me para as antigas cassetes em que tinham o lado A e o lado B. Esta turma acha que o lado B é o lado da originalidade, o lado do deixar-se levar pela sua consciência e por aquilo que acredita. E, de facto é grande o desafio. Na partilha da palavra (esta turma escolheu um texto de Fernando Pessoa e o Evangelho do episódio da Marta e Maria) fala-se sobre a

A mesa dos dominicanos

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Um frade dominicano francês, numa pequena reportagem sobre a vida dominicana, comparou-a a uma mesa com quatro pernas e com um prato em cima: se lhe falta uma perna não se aguenta direita e o prato acaba por cair. O vídeo passa a interessar para percebermos a comparação que ele dá e que é a seguinte: as quatro pernas são os quatro pilares da vida dominicana: a vida de oração, a vida comum, a vida religiosa e a vida de estudo. Estes quatro pilares sustentam o tampo, que somos nós, os frades, e o prato é a pregação. A comparação vale o que vale e a imagem pode não ser a melhor, mas serve para resumir a nossa vida.

Quem é Jesus para nós?

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Esta pergunta é uma derivante da pergunta que hoje se ouvia no Evangelho. Jesus faz duas perguntas aos discípulos: o que é que é que dizem as pessoas dizem que é ele e o que é que os discípulos dizem que ele é. Esta é uma pergunta básica, necessária, para conhecer e seguir Jesus. Nas últimas semanas tem passeado pelos mails - pelo menos pelo meu e por mais alguns - uma descrição de Jesus feita por Publius Lentulus, um senador romano do tempo de Jesus que, numa carta a Tibério, acaba por descrevê-lo. Um ou outro mail faziam-me a pergunta se era credível o texto. Vou aqui reproduzi-lo mais para divulgação e interesse histórico do que pelo grande interesse que tenha para esta minha reflexão: " Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive actualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é tido como o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que ne

Memórias de um povo

Este é o livro da grande Isabel Silvestre. Na Pública desta semana vem uma pequena entrevista sobre as motivações na recolha que fez de cantigas, histórias e costumes da gente de Manhouce. Admiro-a pela sua grande pela sua voz, pelo que faz pela cultura portuguesa e pela força que a move. Não tem vergonha de se afirmar como mulher da serra, não tem vergonha do trajar nem do sotaque da beira. A entrevista que deu tem o título " Muitas vezes as pessoas cantavam para não chorar ". Isto aprendi há muitos anos com a minha avó e com a minha mãe que, quando lhes perguntava porque é que cantavam, nuynca me diziam: "porque estou contente" mas quase sempre: "para não chorar". Nas serras, até há trinta anos atrás, quando se ia com o gado para o monte o que se fazia? Cantava-se para afastar a solidão e o silêncio. No tempo das cegadas (ceifa do trigo) em que se trabalhava de sol a sol, o que é que se fazia para espantar o cansaço e muitas vezes a fome? Cantava-se. E à

Valência - para além do convento

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Continuo a nao ter o querido til no computador que faz com que este texto nao fique bem acentuado. Finalmente, apesar de estar previsto, a reuniao que me fez vir a Valência terminou à hora do almoço (em Espanha o almoço é as 14h). Missa logo de manha cedo, só para nós, e depois conclusao dos trabalhos. Como disse ontem, vim substituir o meu Provincial numa reuniao de provinciais com uma agenda de apenas 10 pontos mas para durar um dia e meio imaginem o que nao se falou, o que se deicidou e o que ainda está por decidir. Mas concluimos, correu bem e, a esta hora só está um provincial aqui no Convento e eu, até amanha. Mas a tarde foi muito interessante porque foi fora do Convento! Durante a bendita sesta espanhola fui ao museu de belas artes, que amanha estará fechado. Nao é muito grande mas bastante interessante. Muitas pinturas de Sao Vicente Ferrer - é o padroeiro de Valência - e de outros dominicanos. Podemos apreciar aqui o Sao Joao Baptista de El Grecco, algumas pinturas Velásquez,

Um convento diferente

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Antes de continuar a ler: este teclado nao tem o acento mais emblemático e típico da nossa língua portuguesa... nosso querido til. Um dia intenso de reuniao que continua amanha. Começou às 11 e terminou quase as 21h com intervalo para almoço e uma pequena sesta que, se em Espanha nao se dispensa, quando mais nos conventos! Vim em substituiçao do P. Provincial a uma reuniao de provinciais... Estou hospedado num convento sui generis em tudo: é um prédio, dos anos 70, construído de propósito para ser um convento de dominicanos. Tem seis andares. A igreja do convento, que é uma basílica dos princípios do século XX, mas construída ao estilo antigo, nao condiz com o resto. Portanto, ao contrário de outros conventos, este está ao alto. Depois porque esta casa é também um centro de estudos teológicos. Aqui dao-se aulas de filosofia e teologia. Finalmente esta é a casa iberica dos estudantes. Em vez de Ibérica chamemos-lhe por enquanto inter-provincial. O que quer dizer? Que depois do novinci

Ausência

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Vou a Valência... Já volto. Que não haja inveja. É em trabalho.

O que é ser feliz

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Às vezes perguntam-me se sou feliz. Acho que sim. Apesar de... Qual é a felicidade que se constrói sem tristezas, aborrecimentos, fadigas, trabalho, desânimos, o não que temos de dizer... Não é a capacidade de resistir e vencer o mal que faz conseguir o bem e a felicidade? Costumo dizer que sim, que sou feliz. E, às vezes, como tanta gente, não estou feliz mas continuo a achar que sou feliz. Ontem, no hospital - há muito que não escrevo sobre o quotidiano hospitalar -, foi um dia em que juntei o estar feliz com o ser feliz: levar um doente à Missa porque os maqueiros estavam com muito trabalho e, no caminho, conversar com ele sobre a vida; ir ao quarto de outro doente que há muito tempo não se confessava e comungava e depois, entre lágrimas, reconciliar-se e querer ser melhor; ir dar a comunhão a uma senhora que está mal e ouvi-la dizer que uma das grandes alegrias que tem é a de os senhores padres passarem no quarto dela para conversarem com ela e levar-lhe a comunhão; passar por uma

Invocação do Santo Nome de Jesus

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Ontem, enquanto folheava umas revistas de teologia e espiritualidade, encontrei um poema que é parcialmente cantado aqui nas missas do Convento. Já há tempos que o procurava mas sem sucesso. Ontem, sem querer, veio-me parar às mãos. É francês, de um autor anónimo do século XVII, e por isso rima mais que a tradução portuguesa que ousei fazer e que aqui deixo. Certamente repararão que termos Cristo em nós é sermos Cristo para os outros. Jesus seja a minha esperança, Jesus seja a minha alegria Jesus seja o meu saber Jesus seja a minha riqueza e Jesus seja o meu Rei, Jesus seja a minha felicidade, e Jesus seja a minha Lei, Jesus seja o meu desejo, Jesus seja a minha vontade, Jesus esteja no meu gosto, e dentro do meu ouvido, Jesus viva sempre no meu entendimento, Jesus seja o meu desejo, e o meu contentamento, Jesus esteja nos meus lábios, Jesus esteja na minha boca, Jesus esteja nas minhas mãos, e em tudo o que eu tocar, Jesus seja o meu caminho, Jesus esteja no meu andar, Jesus seja meu

Sufrágio

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A palavra sufrágio tem vários significados. Na política está relacionada com votos, eleições. Um outro sentido, mais geral, é o de adesão, aprovação. No campo religioso está ligada às orações pelos defuntos. Hoje, dia 8, a Ordem Dominicana sufraga os pais e mães dos Irmãos que já faleceram. De facto, os Dominicanos somos conhecidos pelos sufrágios. Há até um dito eclesiástico que dizia que o ideal religioso era nascer nos beneditinos, viver nos franciscanos e morrer nos dominicanos. E nas nossas orações pelos defuntos, hoje lembramos os pais dos irmãos, num duplo sentido, ambos de grande reconhecimento: em primeiro lugar porque nos precederam na fé e depois, porque abdicaram de nós, e talvez dos seus sonhos e projectos em relação a nós, para que fossemos felizes numa consagração a Deus e aos irmãos. De facto, ao longo da História da Ordem há casos dramáticos de pais que se opuseram à entrada dos seus filhos nos Dominicanos: São Tomás de Aquino teve que esperar pela maioridade para pode

As chagas de Cristo

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" Pelas suas chagas fomos curados ". Isto escreveu São Pedro, numa das suas cartas, para dar sentido ao que poderia ser vergonha: a cruz e as chagas de Cristo. Hoje Portugal celebra a festa das Cinco chagas de Cristo. Não numa dimensão pesarosa como às vezes vemos nos quadros de arte, anjos que guardam o corpo chagado de Cristo, mas em atitude de triunfo. Triunfo patriótico - atribui-se a vitória da Batalha de Ourique às chagas de Cristo - mas, sobretudo, um triunfo espiritual. Saber que aquelas chagas são sinais de um amor maior, de amor até ao fim, chagas que nos curam, chagas onde podemos refugiar-nos, chagas que podemos trazer gravadas no nosso coração. No século XVI, um frade arrábido, frei Agostinho da Cruz, homem culto e de grande mística, escreveu um soneto às chagas de Cristo, que ficou marcado na História da poesia, e que hoje vale a pena parar para rezá-lo: Divinas mãos, e pés, peito rasgado, Chagas em brandas carnes empremidas, Meu Deos, que por salvar almas perdi

Pregação e Cultura / Pregação Comunitária

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Estou prestes a acabar de preparar um fim-de-semana de formação, em Fátima, sobre o tema deste post. Falar de cultura, de pregação, das duas coisas juntas e com a dimensão comunitária. Ingredientes para pensar e pôr a pensar o estilo de pregação que temos, aonde queremos chegar e com que meios. Sobretudo perceber este nosso mundo, amá-lo à semelhança de Deus, compreendê-lo à semelhança de Jesus e servi-lo à semelhança de São Domingos. Este tema é universal em toda a Ordem Dominicana para este ano de 2011, a caminho do Jubileu de 2016 (800 anos da aprovação da Ordem). Mais de um mês de leitura, estudo, e esta semana numa maratona de escrita (ainda estava convencido que sétimo se escrevia com p antes do t!), hoje cerca de 8 horas, que agora se reduz a 14 páginas de texto, excluindo dois tipos de trabalhos práticos. Se a aderência for boa vai valer a pena concluir que estamos mergulhados no mar da cultura e que, afinal, pregação é também cultura. O encontro vai terminar com esta oração qu