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A mostrar mensagens de junho, 2015

Os gregos

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Os gregos estão-se a ver gregos com a Europa. Este braço de ferro só pode ter um de dois caminhos: ou vence a democracia grega ou vence a ditadura económica europeia. Não percebo de política nem de economia. Nem este escrito tem pretensões políticas, económicas ou financeiras. No entanto, de humanidade percebo alguma coisa e creio que em tudo deve haver o respeito por um irmão. Era eu pequeno, mas não assim tanto, tinha dez anos a fazer onze, quando o nosso país aderiu à então CEE. Que iria ser óptimo, como irmãos, sem fronteiras, com moeda única, numa entreajuda muito grande, até íamos passar a receber subsídios (que mais tarde se verificou que matou grande parte da nossa produção agrícola e piscatória), até as doze estrelas com fundo azul era uma evocação mariana como se de uma protecção se tratasse. Mas, para mim, o que de mais bonito a Europa trouxe foi mesmo a fraternidade: saber que eu, se estou bem, posso ajudar um país-irmão que está mal, porque "hoje por ti, amanhã p

São Pedro e São Paulo - unidade e diversidade

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Hoje dia, de São Pedro e São Paulo, celebro aniversário de ordenação de diácono. Primeiro grau do sacramento, bem nos chama e apela para o serviço, que para isso se é ministro. Apesar de não me caber a mim a Missa no dia comunitário, tive que presidir. Aqui deixo a reflexão que preparei: Esta festa que nós hoje celebramos marca, simbolicamente, a data do martírio dos dois grandes homens que estão na origem da organização e configuração da Igreja: Pedro e Paulo. Duas pessoas muito diferentes, Pedro com uma grande proximidade a Jesus, Paulo faz a experiência de Jesus Ressuscitado, têm actividades diferentes, pontos de vista diferentes, destinatários diferentes – Pedro mais ligado à cidade de Roma e Paulo viajando pelo mundo pagão – mas estas duas colunas da Igreja tiveram sempre o mesmo objectivo: anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. É aliás pelos Apóstolos – embora Paulo não tenha feito parte do grupo dos Doze, reclama para si o título de Apóstolo porque também se sente envia

Rituais

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Termino, esta noite, cinco dias de retiro. Já o faço há quase doze anos, sempre na última semana de Junho, ou quase sempre. Um dos rituais do meu ano. Chamo-lhe retiro mesmo que, formalmente, não tenha a estrutura de um retiro: mais oração, mais silêncio, mais contemplação da natureza (este ano com a nova encíclica do Papa), e algumas leituras e traduções religiosas. Retiro porque me retiro do convento e porque me afasto do que faço quotidianamente: menos telemóvel, menos conversas, menos exposição. Só o essencial. Trouxe, para trabalhar, o ritual das profissões, que está em latim, há uns anos à espera de tradução, e que lhe peguei sem medo. Já traduzi metade, e a outra ficará para as férias de Feirão. Foi bom revisitar a teologia e a espiritualidade da nossa profissão. Uma expressão recorrente nas rubricas é " decorosa sobriedade, como é tradição na nossa Ordem ". Um apelo constante à sobriedade nos ritos e nas atitudes, que só nos fica bem. Para terminar, alguns meni

Resumo

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Ontem uma menina deu-me no final da Missa do Convento este papelinho com o resumo da homilia que ouviu. Já valeu a pena.

Revisitar São Sixto

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A tarde de hoje foi declarada livre. Após dias de trabalho faz falta ter um tempo livre para descansar ou fazer outras coisas. Pedi para que avisassem as irmãs dominicanas missionárias de São Sixto que iríamos visitar o convento. Pessoalmente já lá tinha ido mas há sítios, livros, refeições, que se visitam e revisitam sem cansar. E como grande parte dos membros da Comissão não conheciam, a ideia foi bem aceite e acabámos por ir. Recebeu-nos uma irmã italiana - Sor Maria Rosa - que nos explicou tudo tão bem e com tão grande vivacidade que parecia ter estado na construção do convento. Mas falar de São Sixto é fala do século IV, altura da construção da primeira basílica, onde se crê ter sido morto o grande Papa Sixto II, e dias depois, noutro sítio, o diácono São Lourenço. E falar também do século XIII, porque foi este o primeiro convento dos Dominicanos em Roma, em tempos de São Domingos. Esta Irmã, devota mas não beata, explicou-nos bem a estadia de São Domingos naquele lugar: do

A vontade de Deus

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Em tudo e sempre a vontade de Deus. Assim deve ser e mal vai quando assim não é. Esta manhã, o padre que presidia à missa conventual aqui em Santa Sabina começava a sua homilia dizendo mais ou menos assim: Quando fazemos as coisas por amor estamos a fazer a vontade de Deus. E ela deixa de ser feita quando os interesses passam a ser pessoais, económicos ou políticos. Este padre, tímido no trato, acabou por ser corajoso na pregação. Porque nós, cristãos, devemos estar muito atentos e sempre a perguntarmo-nos sobre as verdadeiras motivações do que fazemos: é por amor a Deus ou por amor ao lucro, ao estatuto ou ao orgulho? O cristão não pode ser como um lobo mau que veste a lã da boa ovelha, ou seja, não pode colocar a capa do amor a Deus para esconder os seus interesses. Por um lado porque tarde ou cedo se descobrem "não há nada oculto que não se venha a revelar", mas por outro porque tem de ter consciência de que Deus tudo vê, até o que vai no íntimo do nosso coração "

Trabalhos de Roma

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De novo em Roma. E de novo para a reunião da Comissão Litúrgica. Acumula-se o cansaço dos dias precedentes e mais estes, inerentes ao cargo de presidente da Comissão., como coordenar as reuniões, escutar e falar em várias línguas, apesar das limitações... Logo de manhã, ida ao Vaticano, para tratar de um assunto específico da tradução de um Próprio da Ordem. Depois da reunião, que durou certa de uma hora, marcação de um novo encontro, desta vez com um arcebispo, para nos apresentarmos e continuarmos este e outros assuntos pendentes. Ao mesmo tempo, os outros membros trabalham nas celebrações do Jubileu da Ordem. A coisa vai e, se Deus quiser, termina-se durante a semana. E por tudo isto, só à tarde se deu o início oficial à reunião plenária da CLIOP. Palavras de boas vindas, de apresentação de um novo membro, vietnamita, que na última vez não pôde estar, por não lhe terem concedido visto. E vamos bem lançados. Teremos tempo, inclusivamente, para ir visitar o mais antigo mostei

Jesus e as crianças e as crianças de Jesus

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Ontem, na Missa dominical do convento, foi dia de festa e de emoção. Festa pelo Corpo de Deus e festa porque quatro crianças foram baptizadas e duas delas com mais uma que se juntou fizeram a sua primeira comunhão. E de onde veio a emoção? Veio do facto de uma vir cá à Missa com o pai e que, andando na catequese numa paróquia que não a nossa, pediu para ser baptizada na igreja do convento porque gosta desta igreja. Depois, duas meninas do Lar Madre Teresa de Saldanha, a Rafaela, de seis anos e a Andreia que, não sabendo bem a idade, andará pelos nove. E, da Ajuda de Berço, baptizou-se também um rapaz, o Mamudo, de dez anos, que pediu para acrescentar o nome "José". A emoção vem daqui. Aprenderam a conhecer e a amar Jesus nas instituições onde vivem. Por vontade deles quiseram ser baptizados e, o Rúben, quis fazer a primeira comunhão. E como a generosidade tem de transbordar, muita gratuidade houve à volta desta festa: o ofertório da Missa será distribuído por estas duas in

Frei Alberto Carvalho

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Acordámos, hoje, com a notícia da morte do nosso fr. Alberto Carvalho. Dos mais velhos na Ordem (90 anos), conheci-o em 1999, em Aldeia Nova, onde esteve quase trinta e cinco anos, quer como formador do Seminário apostólico Dominicano quer depois como responsável pela Obra do Frei Gil. Quando saímos de Aldeia foi para o Convento de Fátima onde esteve até ao fim. Homem de muitas histórias e anedotas reais - tinha sido professor de Português - irmão de muita calma e alegria, obediente, e padre muito atento aos mais pobres e doentes. Nos últimos anos a sua missão era a de ir a casa dos doentes dar-lhes a comunhão. Na quinta feira, dia 21, quando estive em Fátima, visitei-o. Já estava acamado e muito ausente. Como tudo tem um fim, também o fr. Alberto teve o seu fim neste mundo, acompanhado, amado e cuidado pelos irmãos. Há umas semanas estive a ler o livro de crónicas de Aldeia Nova. O fr. Alberto quer lá, quer depois em Fátima, foi cronista conventual. Foi ele quem escreveu gr