Capelão dos sem-abrigo

Recebi esta manhã a triste notícia da morte de fr. Pedro Meca, dominicano espanhol, há muitos anos a viver em Paris, junto dos sem-abrigo. Ficará certamente conhecido como o capelão dos sem-abrigo,  como já o chamavam.
Conheci-o pelo ano dois mil. Veio a Lisboa e ficou cá no convento. Confesso que, apesar de os meus confrades o acharem o máximo, eu na altura não lhe achei muita graça: vivia quase à margem da comunidade, cabelos compridos, roupa desarranjada... Falou à Comunidade sobre a obra que tinha fundado, "La moquette" (o tapete), uma instituição que está junto aos sem-abrigo. Para além da higiene a alimentação, na impossibilidade de lhes dar casa, abriu uma grande casa, onde desde o final da tarde até meio da noite, para os ouvir, para debaterem (dizia que muitas vezes ficava impressionado com o grau cultural de muitos sem abrigo e, nestes últimos anos, que tínhamos muito a aprender com os sem-abrigo).
Ao longo dos anos, sobretudo nos últimos dois ou três, ganhei-lhe amizade. O que antes pesnava dele, fruto da precipitação dos anos, foi-se transformando em admiração. Admirava o carinho que os sem-abrigo lhe tinham, admirava o ter de abdicar da comunidade por um motivo bem mais alto, estar junto dos pobres, admirava as Missas de Natal que ele celebrava no centro de Paris, numa grande tenda, para os que não tinham onde dormir.
Hoje está certamente à direita de Deus. Porque acolheu quem era errante, e porque era a Cristo que acolhia. Hoje, no seio de Abraão, juntamente com os "Lázaros" a quem tanto bem fez, ouve o convite dos bem-aventurados: Entra na alegria do teu Senhor.

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