A Sopa

Entre Celebrações da Palavra e Confissões nos Maristas, havendo um intervalo maior ou um tempo lectivo mais livre, aproveito para ler alguma coisa. Na sala dos Professores encontrei um livro antigo, do Padre Américo, fundador da Casa do Gaiato. É uma antologia de textos que ele escreveu com regularidade num jornal de Coimbra e a coluna dele tinha o nome "A Sopa dos pobres". Nestes artigos o P. Américo fazia o seu apostolado junto dos mais pobres: denunciava situações de miséria e pedia misericórdia. Sempre a favor dos Pobres, a causa da sua vida.
Esta manhã, enquanto esperava que alunos de uma turma viessem para se confessar, li um artigo que não resisto a partilhar aqui. Parece beato mas não é; é beleza e profundidade. Aqui fica, como homenagem e como exemplo para os nossos dias, não tão difíceis como os do P. Américo mas com outras dificuldades e desafios.

Esta sopa de pobrezinhos tem sido, desde os dias do seu começo, uma constante conjugação do verbo amar, nas esmolas pequeninas e grandes, na permuta de orações, em cartas de simpatia, em palavras de entusiasmo, em actos de boa vontade, - doce entornar de corações que amam, por cima de corações que sofrem.
Nós somos todos feitos de amor, para amar. Cada um de nós é um milagre de amor, do amor infinito de Deus, e uma vez dentro da vida, temos de a realizar... amando. Se algumas vezes, como Tiago e João, pedimos a chuva de Sodoma sobre a gente que nos faz mal, é única e simplesmente por ignorar de que espírito somos feitos. Assim o disse o Mestre aos discípulos assanhados, e só Ele conhece a massa do nosso ser e a razão da nossa existência.
Não. O ódio é uma aberração. Tanta gente leva uma vida inteira de amor heróico, sem se queixar nem dar fé ao heroísmo! Porquê? Porque somos essencialmente feitos para amar, como os passarinhos para o firmamento e as abelhas para o mel. E ele é de tal maneira fatal esta nostalgia do amor, que muitos, até mesmo aquilo que lhes faz mal, amam! Faz pena.
Não, neste mundo vivificado pela morte do Redentor não vale quem tem, mas sim quem ama. Todo o valor moral da nossa vida, gira à roda deste verbo pequenino e imenso, o verbo amar no infinito... infinitamente.
Vem aí a festa do Coração de Jesus e com ela o grande jantar aos nossos setenta pobres. Esperamos a todo o momento as vossas ofertas, eco seguro duma devoção muito sincera e de alegria cristã, nesse dia de mais de vinte e cinco horas, para tanta gente.
Também desejamos pedir à vossa bondade um vestido e um chapéu e uns sapatos, tudo para uma senhora que não sai à rua por não ter que vestir.

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