Quando o Advento é poesia

Gosto dos começos litúrgicos. Com mais gosto, ainda, quando começa o ano ou o Advento. Não é um eterno retorno, não é um ciclo que, não havendo imaginação para mais, se repete ano após ano, mas é o recomeço. Como o nosso Deus. O nosso Deus é um Deus de recomeços. Não nele próprio, porque Ele, sim, é o Eterno, o sem princípio nem fim, mas em nós. Deus recomeça, em cada ano, em cada dia, em cada hora, o seu projecto de amor e de salvação. O Advento traz consigo a poesia. Talvez porque se espera, evitando a todo o custo que o Natal não venha prematuro. Sentir o frio, trazer à memória as imagens das ânsias e das esperanças, cantar interiormente as músicas em tom menor, os Maranathás e os Vinde Senhor Jesus, transformando a música em oração. O Advento pede-nos paciência e fidelidade. A mesma paciência da mulher grávida que sente e espera o filho que traz no seu ventre. A mesma fidelidade da amada do Cânticos dos Cânticos, que procura sem desesperos o amado que vem. O Advento educ...