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Os mordomos do Santíssimo Sacramento de Feirão

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Honra seja feita e dada aos mordomos do Santíssimo Sacramento de Feirão. Tarefa árdua têm eles, durante todo um ano. Não tenho consciência de todo o trabalho que levam, mas de algumas coisas vou-me apercebendo e aqui contar. São dois e dividem o ano em duas partes. O trabalho, no entanto, é sempre o mesmo: todos os dias abrem e fecham a igreja, assim como todos os dias sobem à torre da igreja para tocar a Trindades. Em Feirão ainda nada está eletrificado, por isso, o mordomo tem de subir todos os dias para tocar. De inverno e de verão, antes do dia amanhecer e antes de anoitecer. Nestes dias tem sido de manhã pelas 6.30h e à noite pelas 20.40h. Agora que os dias vão diminuindo os toques acompanham a luz do dia: daqui a uns meses toca-se de manhã mais tarde e à tarde mais cedo. Mas imaginar o sacrifício deste compromisso diário. Depois também "tiram a esmola" ao Santíssimo Sacramento, ou seja, fazem os ofertórios da Missa e recebem outras ofertas que as pessoas queiram dar. Es...

Entender a misericórdia

A misericórdia de Deus e a vossa, é o que se pede quando alguém quer entrar na Ordem Dominicana. Conta-se que um provincial, a uns candidatos, lhes terá dito: olha, a de Deus está sempre garantida; a nossa nem sempre. À medida que vou entrando na idade avançada na Ordem - este ano cumpro 26 anos de profissão - vou-me apercebendo de que a misericórdia não pode ter grandes limites. Desde a origem da Ordem que comparada com a rigidez de outras ordens quase destoa. Há casos incríveis, como o do frei Carino, admitido na Ordem mesmo depois de ter assassinado frei Pedro de Verona, o primeiro mártir dominicano. Como seria a vida deste frade? Sempre envergonhado por ter matado um religioso, ou confiante na misericórdia de Deus e da dos irmãos que o acolheram? Esta semana uma notícia impactou os meios de comunicação religiosa: um padre italiano de 35 anos decidiu matar-se. Não se sabe o porquê, tudo aparentemente normal, pároco numa pequena paróquia de pouco mais de 5 mil habitantes. Extrovertid...

Leão XIV: um papa original

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Anda toda a gente a tirar medidas ao papa. Ainda não me cruzei com muita gente que se diga já adepta do papa Leão XIV. Uns ficaram logo assustados por o papa não ter aparecido no dia da eleição com o papa Francisco; outros porque já começou com o latim (esquecendo que a língua oficial do Vaticano e do rito latino é o latim, e que o Papa Francisco celebrou muitas missas e deu muitas bênçãos em latim); outros ainda dizem que o nome é forte e afasta. Seja como for será um pontificado diferente, e uma distinção necessária a fazer é o programa, que para mim é claríssimo que vai na sequência do caminho iniciado pelo Papa Francisco, e outra a personalidade de cada Papa.  Carlo Acutis, que ainda não foi canonizado, dizia que todos nascemos originais mas muitos acabam em fotocópia. Seria um erro querer que o papa Leão XIV fosse uma fotocópia do papa Francisco e creio que nem o papa Francisco gostaria que Leão XIV fosse fotocópia dele. Todos somos diferentes, todos somos originais e o papa L...

São Domingos em Soriano

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  15 de Setembro Relação da milagrosa Imagem de Nosso Pai São Domingos tirada da Cronologia do Convento de Soriano de um Memorial apresentado à Sagrada Congregação no ano de 1694. 1. Chorando os nossos Religiosos do Convento de Bolonha, à roda da pobre cama de seu moribundo Patriarca, a falta de tal Pai e Mestre, ele movido de compaixão para os consolar lhes disse: Não choreis filhos nem vos moleste a minha ausência porque suposto meu retiro é para vos ser mais útil . Morreu ou para melhor dizer subiu a triunfar no Empíreo pelas escadas que sustentavam Cristo e Maria Santíssima, e lembrado da promessa com contínuas experiências de tantos anos tem feito e faz conhecer quanto é poderoso no Céu e quanto ama a seus Filhos na terra, o que mais que em nenhuma outra ocasião quis mostrar quando à semelhança do Salvador parece nos intentou dizer: Aqui me tendes convosco até o fim do mundo se não transubstanciado nas espécies de pão ao menos retratado em uma celestial pintura trazida a Sori...

Apostolado

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  A palavra vem de Apóstolo. Apóstolo significa enviado. E a missão do apóstolo é fazer apostolado. Que, antes de mais, tem como missão anunciar. Anunciar Jesus Cristo, a sua vida e a sua mensagem. O que ele disse o que ele fez. Para ser melhor conhecido e mais amado. Depois o apóstolo é testemunha. Este anúncio é feito na primeira pessoa. Não como alguém que faz propaganda mas a partir de uma experiência íntima e pessoal de Jesus. O anúncio nasce em nós e a partir de nós. A nossa vivência do Evangelho, a nossa presença na Igreja faz de nós testemunhas autênticas de Jesus Cristo. Finalmente, a coerência de vida. Como enviado e como testemunha a sua vida, há-de ser um espelho de Jesus Cristo nas pessoas com quem se cruza. O apóstolo é sal da terra e luz do mundo, duas imagens fortes que Jesus usou; e está sempre disponível para mostrar Jesus aos outros. O Apóstolo há-de evitar o escândalo porque é o descrédito da sua vida e também daquele que anuncia. O apóstolo não faz o que Jesus ...

Quando a misericórdia tem o sabor de Deus

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As leituras deste domingo são de uma grande beleza. Dizem-nos uma verdade que devemos ter sempre presente em nós: Deus não nos abandona.  Na primeira leitura da profecia de Jeremias Deus diz-nos que cuidará de nós. O salmo diz-nos que ainda que tenhamos de passar os vales mais tenebrosos da vida temos confiança porque Deus está connosco. Na segunda leitura a certeza de que a paz que nós desejamos e devemos promover está em Cristo e é uma paz universal. E no Evangelho, Jesus que se compadece de nós e não nos deixa sozinhos. Deus não nos abandona, Deus nunca nos abandona.  Na semana passada ouvíamos Jesus no Evangelho a enviar os seus apóstolos. E hoje o regresso. O evangelho está construído em três tempos: o regresso e o convite de Jesus a um tempo de descanso, a viagem para a outra margem e Jesus, que compadecido de toda aquela multidão, começa a ensinar-lhe os valores do Reino de Deus para que sintam Deus sempre próximo.   Os apóstolos regressam cansados mas alegres...

Uma Igreja sem fariseus

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Retomamos os domingos do tempo comum que nos levarão até ao final de Novembro. Tempo comum porque não celebramos nenhum mistério especial da vida de Jesus embora a Eucaristia dominical seja o lugar privilegiado para o encontro com Jesus e com os irmãos na fé. Retomamos então no IX domingo do Tempo Comum, com esta passagem do evangelho de Marcos que nos fala do confronto dos fariseus com Jesus a propósito da instituição mais sagrada para o povo judeu: o sábado.  Dissemos na quinta-feira passada que o ritmo dos cristãos é a partir do domingo. Apesar de termos o fim de semana o domingo já não faz parte dele. O domingo é o primeiro dia da semana. Amanhã já será segunda-feira. Não há primeira-feira porque ao domingo não há feira. É o dia dos cristãos celebrarem a sua fé na alegria de Cristo ressuscitado. Mas Jesus era judeu e viveu num ambiente judaico. E para os judeus o sábado era uma instituição sagrada. Em dia de sábado ninguém podia trabalhar ou realizar acções de criação, como apa...