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A mostrar mensagens de março, 2012

Lucernário de Domingo de Ramos

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Canta e rejubila, Jerusalém olha o teu Salvador que vem ao Teu encontro, humilde, montado num jumento, filho de uma jumenta, reunir os teus filhos dentro dos teus muros. Ei-lO que vem para cumprir todas as profecias, vem como Isaac, para ser atado ao madeiro da Cruz, vem como José, entregue pelos seus irmãos, vem como Jeremias para ser engolido no abismo da morte, vem como Jonas, encarcerado no ventre do monstro, cativo durante três dias nas trevas do inferno. Bendito O que vem em nome do Senhor! O Senhor veio para iluminar todos os homens. Façamos um cortejo, de ramos nas mãos: e que para Ele se abram as portas do Reino, porque Ele avança para ti, Jerusalém, na acção de graças e na justiça, para elevar ao Pai o cálice da salvação e estender os braços na cruz diante de um povo desobediente e rebelde. Dai graças ao Senhor, porque é eterno o Seu amor! Que o Senhor nos dê a salvação! Que o Senhor nos dê a vitória! Hossana nas alturas! Jesus

Viernes de Dolores

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Última sexta-feira da Quaresma. Antigamente chamava-se a este dia sexta-feira da Paixão. Nas igrejas cobriam-se as cruzes e as imagens dos santos com panos roxos. Em Espanha, especialmente em Sevilha, a minha bela cidade, começam hoje as procissões da Semana Santa. As procissões andaluzas são sempre festas, por muito sangrentos que sejam os passos que passam pelas ruas da velha cidade. Além do livro que se edita com a informação dos passos, os dias, as horas e os locais de onde saem, cada dia sabemos quais são as procissões que vão hoje passar pela calle Sierpes, a emblemática rua da baixa de Sevilha, que leva à Catedral. Aliás, Sevilha, nunca perdeu o sentido da devoção. Não serão de muita militância nem de muita pastoral, se calhar vão mais às procissões do que às celebrações, mas fazem sair os santos das igrejas e ajudam nas confrarias às quais pertencem, talvez por tradição. Aliás, a fé (devoção) em Sevilha está mais na rua do que nas igrejas. Porque nas procissões as pessoas sã

A ternura dos quarenta

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Sou o mais novo dos frades da comunidade onde vivo. Ainda não tenho quarenta anos... mas estou lá quase. Acima de mim estão três irmãos que andam já a explorar a casa dos quarenta... E os três fazem anos este mês: um fez quarenta e oito, outro quarenta e dois e o de hoje quarenta e quatro. Quando as pessoas me dizem que fazem quarenta anos, lembro-me sempre da canção do Paco Bandeira, que não anda nos seus melhores dias, digo o Paco, claro, que a canção está sempre em alta. Pois aqui fica, no dia em que o último faz anos neste mês, a canção da ternura dos quarenta, que lhes dedico. E aos que, como eu, ainda não lá chegámos, vamos ouvindo a canção para nos habituarmos à ideia...

Homilia da Anunciação do Senhor (Missa em memória do fr. Carlos Furtado)

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A festa que hoje celebramos, estaria mais enquadrada num ambiente de Advento do que em tempo de Quaresma. Isto porque esta festa está intimamente ligada ao dia de Natal. A primeira coisa que este dia nos diz é que, de hoje a 9 meses será dia de Natal. Esta é uma festa alegre. É um anúncio alegre, uma boa-notícia, um evangelho. Aquilo que os profetas anunciaram cumpre-se agora, de uma maneira real; a Palavra torna-se mesmo carne porque veio habitar no meio de nós, ao nascer do seio de Maria. O Anjo e Maria representam, neste episódio da anunciação, a união das duas realidades do nosso mundo: a humana e a divina. Gabriel, da parte de Deus, traz a mensagem salvadora; Maria, da parte da humanidade, acolhe a mensagem ao dizer sim, numa obediência livre, dialogada, numa abertura total à vontade e aos desígnios de Deus para connosco. O sim de Maria é um fiat: faça-se em mim a tua vontade. Este é outro aspeto desta festa que nos pode ajudar na nossa vida: a Deus devemos dizer sim, por

Os direitos e deveres de ser católico

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Há uns anos atrás criou-se a categoria do católico não-praticante para englobar os que se diziam batizados mas sem prática de Missa dominical. Identificados mas não comprometidos. Uma plataforma cómoda para quem, na Igreja, quer ter direitos mas não quer ter deveres. Ora aqui está um rótulo equívoco. Pergunto: Ser praticante resume-se a ir à Missa ao domingo? E no resto da semana? Pode ser-se não praticante? Que engano! E qual é a cota, o limite, para se considerar praticante ou não? No meu entender é tão não-praticante o que não vai à Missa mas depois é coerente com o Evangelho, como também o que vai todos os domingos à Missa mas, depois, de vida cristã, nada. Por isso, o melhor é deixar de usar esta categoria redutora que quer dizer tudo mas que não diz nada. Porque ser católico implica necessariamente ser praticante. Ou se é ou não se é e ponto final. E a prática católica não se reduz à Missa dominical (também não quero dizer que não é importante ir à Missa... que seria de mim?).

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Exéquias do fr. Carlos Furtado, op (1961-2012)

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Informo que as exéquias do fr. Carlos Furtado, que faleceu no passado sábado, dia 17, se realizarão amanhã, dia 20 de Março, às 11.30h em Cabaços, Alvaiázere, sua terra natal. Também informamos as várias Missas que se realizarão em Fátima e Lisboa: 6ª feira, dia 23, às 12h no Convento de Fátima; 6ª feira, dia 23, às 13h na Capela da UCP de Lisboa; 2ª feira, dia 26, às 19.15h na igreja do Convento de São Domingos, Alto dos Moinhos, Lisboa. Que o Senhor o recompense dos seus trabalhos em favor da dilatação do Reino, em especial com os jovens e a nós nos dê a alegria de viver unidos a Deus e entregues aos irmãos.

Quando se perde um amigo

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O dia de hoje não foi fácil. Comecei às 8.30h e, antes de me deitar, quase meia noite venho aqui escrever a profunda tristeza da morte de um amigo e irmão, fr. Carlos Furtado. Um acidente de carro, sem sabermos ainda pormenores, tirou-lhe a vida, a caminho de casa dos pais. Conheci o fr. Carlos há vinte e um anos. Tinha eu, na altura, 16 anos e ele 30. Conhecemo-nos na escola onde eu iria ser aluno e ele professor. Foi meu professor de Expressão corporal, dramática e musical. Não é uma disciplina de currículo liceal; eu ia fazer o secundário numa escola profissional, de animador social/assistente familiar. Mas foi mais que um professor. Talvez um irmão mais velho. Com ele aprendi a ser mais crescido, quando me chamava à responsabilidade (era o mais novo do curso!), com ele aprendi a tocar guitarra, com ele ri e chorei - porque todos temos momentos destes que não se partilham com toda a gente -, com ele fiz o meu primeiro retiro de silêncio e, através dele, entrei nos Dominicanos.

O furor do Concílio

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ATENÇÃO: POST PROVAVELMENTE POLÉMICO. SE FOR SENSÍVEL NÃO O LEIA! Este ano muito se vai falar do Concílio Vaticano Segundo. Serão as comemorações dos cinquenta anos sobre a sua abertura. Não sei se todos os católicos sabem o que foi o Concílio. A minha avó, coitada, não sabia o que era. Uma vez, estava já eu no Convento, ao visitá-la, estava ela indignada com o Vaticano. E dizia-me: isto a Igreja também se põe a jeito. Com tanta pobreza que há no mundo já andam a falar de um Vaticano Segundo. Não lhes chega já o que têm? Pensava que se ia construir um outro Vaticano. Podemos dizer que era uma iletrada, que o era, mas não sei se hoje, se perguntarmos a pessoas mais religiosamente letradas, saberão o que foi. Eu não sei o que foi. Ainda não tinha nascido. Sei de ouvir contar, que aconteceram mudanças significativas, de alguns que estavam por lá e de outros que o aplicaram na realidade das suas comunidades. Quem, há cinquenta anos atrás tinha a minha idade está hoje com, pelo menos oit

50 anos!

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Não, não sou eu que faço anos. Hoje são os dominicanos de Portugal que comemoram 50 anos da presença em Portugal. Na verdade estamos cá desde 1217, com altos e baixos. Mas, depois da expulsão das Ordens Religiosas (1834), decretada pelo Mata-Frades (Joaquim António de Aguiar), houve todo um trabalho de renascer quase das cinzas, porque até os nossos edifícios nos foram tirados! Há 50 anos, em Fátima, era oficialmente retaurada a Província Portuguesa da Ordem dos Pregadores. Hoje, 50 anos depois, iremos a Fátima, comemorar, lembrando o passado no presente e pedindo a Deus pelo nosso futuro. Aqui vos deixo o novo logotipo dos Dominicanos, desenhado " pro bono " pelo João Alarcão.

A proibição como opção

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Algumas vezes, quando nós, padres ou religiosos, falamos da nossa vida, aparecem sempre as questões da proibição: não podem isto, não podem aquilo. Parece que a nossa estranha forma de vida é feita de sinais proibidos ou sinais de perigo. E é difícil mudar as mentalidades. Sobretudo dos mais novos, para quem não poder fazer isto ou não poder fazer aquilo cheira a controlo ou proibição. Ora, há uma diferença muito grande entre uma coisa que me está proibida e aquilo a que abdico por opção de vida. Porque a nossa vida é feita de opções. Quando se casa com A fica automaticamente proibido casar ao mesmo tempo com B. Quando opto por casar com A já o B não me interessa. Quando digo que sou frade, normalmente vem sempre a pergunta: então não pode casar, não pode ter dinheiro, não pode ter carro etc. etc. E aí começar a transformação das coisas: não se trata de uma proibição mas sim de uma opção fundamental de forma de vida, que acarreta com isso outras pequenas opções derivantes. Da mesm

Pôr a escrita em dia

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Esta manhã de sábado é-me útil para por em dia coisas que, durante a semana, não consegui resolver. Uma delas sãos os mails. Não sei se não preferia o tempo das cartas. Enquanto iam e vinham, íamos pensando nas cosias, não estávamos na pressão das respostas. Com os mails é diferente. Se não respondemos em 24 horas ficam as pessoas impacientes, voltam a mandar mails ou sms a perguntar se recebi tal mail e porque é que ainda não respondi (não é assim tão frequente mas vai acontecendo). Uma coisa é ler, outra é responder. E estamos a perder esta ideia de Cohelet que nos diz que tudo tem o seu tempo e que há um tempo para tudo. Há mails que se lêem rápido, outros que nem se chegam a ler porque, se não tempo para ver mails importantes, quanto mais outros que já vêm encaminhados não sei quantas vezes! Para não falar dos mails de alerta por causa de um vírus profético que se nós recebermos não devemos abrir em caso algum mas que, depois, nem chega a vir! E há os que precisam de tempo

A alegria de estar à mesa

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Hoje foi dia de Jornadas pedagógicas dos colégios maristas de Lisboa e Carcavelos. Lá fui eu, também, porque estas jornadas têm Missa, e acho bem. Gosto, particularmente deste dia, sobretudo pelo encontro com os professores. A grande parte dos de Lisboa conheço-os, os de Carcavelos vou conhecendo-os. Mas também gosto do depois da Missa. O sentar à mesa e estar com alguns professores que há já algum tempo que não nos víamos, o atualizar a vida, então que tem feito?, então o trabalho?. Compreendo a alegria de Jesus em estar à mesa quando era convidado. A mesa continua a ser, mesmo em silêncio, como os jantares de sexta-feira da Quaresma aqui no Convento, um espaço de partilha, de encontro e de felicidade. Dizem-me os professores que ando arredado, que quase não me vêem. É natural. Há outras ovelhas de outros redis. Mas dou graças a Deus pelos encontros "forçados". Se não houvesse Missa não iria às jornadas e não estaria com gente de quem gosto. E tenho pena de não poder acei

O dom da chuva

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Finalmente chove! Só faltou um sinal no céu, como um relâmpago ou um trovão para que os céus se abrissem e a chuva viesse. As nuvens juntaram-se, escuras, como há meses não se via, uniram-se de tal maneira que parece que se espremem para que a água que vem do céu, que tanta falta nos faz, chegasse finalmente à terra seca e poder regar. Voltou o cheiro a terra molhada. Conta-se que, num tempo de grande sequía, o padre convocou todo o povo para pedir a Deus o dom da chuva. E, no sermão, criticou a falta de fé do povo: Meus irmãos, estou muito descontente com a vossa falta de fé. Convoquei-vos para pedirmos a Deus a chuva e nenhum de vós trouxe um chapéu de chuva! Hoje de manhã, ao ir celebrar missa, ouvi no metro duas raparigas que diziam: que seca! Parece que hoje já vai chover. Apeteceu-me responder mas não seria conveniente. Antes, em tempos de seca, rezava-se a Deus a pedir o dom da chuva. Dedicava-se mesmo a Missa por essa intenção. E a primeira oração reza assim: Ó Deus, em quem