O voltar atrás

Tem-me impressionado nos últimos tempos o ter encontrado na minha vida algumas pessoas com Alzheimer.
Não percebo nada da doença e compreendo a falta de paciência que a convivência com estas pessoas pode trazer.
Eu falo e faço o meu melhor quando me encontro com estas pessoas, e alento a família que cuida delas.
É, sem dúvida, um voltar atrás. Palavras, acontecimentos do passado fazem sentido enquanto que o presente não fica sequer registado. Mas o que mais me impressiona não é o esquecer-se do presente mas sim lembrar o passado. Como o caso de hoje: uma irmã dominicana, atacada com esta degeneração, que pouco ou nada fala, ao ouvir falar de uma terra de missão onde esteve, começa a repetir o nome da terra como se soubesse do que se estava a falar. Não sabemos se sabe ou não mas, quando ouviu o nome da terra, ligou-se à nossa conversa. Perguntei-lhe se queria ir lá comigo e disse que sim; perguntei-lhe onde ficava e já não soube responder.
Um mistério... Não se trata de ir ao passado mas, mais intrigante, viver no passado (tenho que ir cuidar da minha mãe, a filha torna-se mãe..., o marido deixa de o ser por crê ser solteira...) uns dias funciona, outros não.
Meu Deus... o cérebro e a memória continuam a ser um mistério.

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