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A mostrar mensagens de novembro, 2013

O apelo à vigilância

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Começamos hoje a celebrar um ano novo e um tempo novo. Com o primeiro domingo do Advento começamos a preparar o nosso coração para acolher Jesus Cristo, sempre mais e com alegria renovada, nas nossas vidas. O Evangelho deste domingo fala-nos da "parusia", a segunda vinda de Cristo. Mas o importante do Evangelho é o apelo de Jesus à vigilância: Vigiai! O Advento pede-nos para não adormecermos na nossa fé nem na prática das boas obras, que são já antecipação do Reino de Deus em nós. Que quando o Senhor vier não nos encontre adormecidos mas empenhados na vida da Igreja e na vida do mundo. Bom domingo!

O que cabe numa homilia

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O que é uma homilia? Para uns será o discurso da Missa, para outros uma seca e, para outros ainda, um momento empolgante da celebração da Missa. É normal que muitas pessoas procurem um padre cuja homilia lhes agrade. Não é o mesmo que ir à Missa por causa do padre mas, verdade seja dita, lemos livros que gostamos, vamos a sítios que esperamos gostar, e é normal que procuremos celebrações onde a palavra seja de acolhimento e envolvimento. Para o padre a homilia é uma preocupação. Não é um tratado bíblico ou espiritual, não são derivações nem devaneios e. muito menos, o que é que ele acha sobre este ou aquele assunto. A homilia, para o padre, deve ser o equilíbrio entre o que a Palavra de Deus diz e a actualidade também. O P. Lacordaire dizia que o pregador é o que prega com a Bíblia numa mão e o jornal na outra. Porque, se lemos a Bíblia na celebração da Missa, é para que ela seja actualizada na nossa vida e não fique no "naquele tempo". Que me diz hoje o Evangelho? Com...

O caminho da obediência

A minha pergunta não é o que quero de mim mas o que Deus quer de mim. Tentar não confundir as vontades e os desejos, não sobrepor por meus planos aos do Criador. Que quer obedecer não se preocupa com o que quer fazer mas com o que é preciso fazer. Um esforço, uma tentação, uma preocupação. Aprendemos na vida religiosa o sentido da obediência: disponibilidade para o serviço. Rezada e dialogada, a obediência torna-se a resposta a uma voz, a um pedido. Aprendemos também que a voz de Deus tem mediações. O discernimento não passa só por mim. Está a Igreja, estão os superiores, está a comunidade, está o irmão. E ouvimos o que se nos pede. Nem sempre é o que pensámos ou quisemos mas na obediência nao é a minha vontade, é o "faça-se a Tua vontade" de Jesus e de Maria. A obediência torna-se um caminho de conversão. Ao longo da vida agarramos umas coisas, largamos outras, Acumulamos ainda outras, vamos fazendo como podemos e sabemos embora o id...

Viver o presente

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O Evangelho deste domingo coloca-nos já no espírito do final do ano litúrgico. Ao mesmo tempo, a passagem proclamada também nos relata as últimas reacções de Jesus antes dos acontecimentos finais da sua vida. É um apelo de Jesus à confiança e à perseverança. Duas atitudes que o cristão deve viver no seu dia-a-dia, porque o mundo em que vivemos traz-nos inseguranças e incertezas. O desafio é viver o presente de olhos postos no futuro (a vinda definitiva do Reino de Deus)  com esperança, alegria e perseverança. Bom domingo!

Santo Alberto Magno, sede de conhecimento

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  A Igreja celebra hoje, e nós, dominicanos, com mais festa e alegria, Santo Alberto Magno. No convento onde agora me encontro, perto da cela de São Domingos, está um quadro com a relação dos frades que aqui viveram e honraram com a sua via este convento. Um deles é Santo Alberto. Mas ele honrou não só este convento de Santa Sabina mas toda a Ordem. Homem simples, dizem as crónicas, de grande ciência, a partir da teologia, abarcou muitas áreas do saber. Sempre com grande humildade. Foi professor de São Tomás de Aquino, e de muitos outros, até o fizeram bispo - o Mestre da Ordem do seu tempo escreveu-lhe uma carta a dizer que o preferia ver morto que bispo (naquele tempo o bispo tinha uma força mais política que espiritual - e, ao fim de dois anos, com a mesma humildade que aceitou o bispado, resignou voluntariamente para voltar à vida conventual e de estudo que tanto amava. O Evangelho escolhido para Missa de São Domingos é a parábola dos talentos. Só assim se pode perceb...

Só me faltava o latim!

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Aqui por Roma, continuam os trabalhos da Comissão Litúrgica. Alguns frades perguntam-nos como comunicamos entre nós. Pergunta pertinente porque não vivemos na era "pré-Babel" em que os humanos daquele tempo falavam todos a mesma língua. Aqui, nas sessões da manhã, temos a ajuda de uma tradutora. Estava contratada para traduzir do francês para o inglês mas a coitada tem de desdobrar-se em traduções: na maior parte da vezes tem que verter para o inglês; no entanto, pode traduzir do francês, do italiano e até do espanhol (sou só eu que falo em espanhol). À tarde não temos tradução. reunimo-nos em dois grupos para trabalhos técnicos. Nas outras sessões eu estive na parte da música. Mais divertida, com os novos membros como eu... mas desta vez mandaram-me para a comissão principal e mais técnica: revisão das traduções do Missal da Ordem (ontem foi a italiana), resposta a perguntas que nos fazem e elaboração dos textos litúrgicos dos novos santos ou beatos, que foi o que nos...

Ancora una volta a Roma

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Mais uma vez em Roma. E, pela primeira vez, que me lembra, Roma cinzenta. Muito vento - dizem que é um ciclone - com promessa de chuva para os próximos dias. E também pela primeira vez, comigo, a TAP cumpriu horários! Não há nada melhor que as coisas acontecerem na hora certa: check-in, entrada de passageiros, descolar, voo, aterragm, recolha de bagagem... tudo no seu timing. Hoje, no voo, até tivemos brinde... ou fava, conforme a perspectiva: o ex-ministro das finanças também lá ia, em executiva, claro, que a crise só chega ao bolso de alguns. Houve até quem avisase o da cadeira do lado: cuidado com a carteira que o ex-ministro vem aqui... Mas Roma é Roma. Tenho sempre resistências nos dias antes das viagens mas depois, quando chego, sinto-me bem. Uns dias de reunião, questões litúrgicas, e regresso a Portugal, para a vida que me espera. Hoje, também pela primeira vez, não fui directo ao Vaticano. Costumo ir logo quando chego mas hoje deambulei só por aqui perto, fui até...

Mais e melhor vida para além desta vida

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Onde e como é o céu são perguntas que, às vezes, nos assaltam. Fazemos do céu a segunda parte deste mundo, julgando que a nossa vida continua tal e qual mas sem problemas, doenças e aborrecimentos. Jesus, no Evangelho deste domingo, fala-nos sobre duas coisas importantes acerca da vida eterna: que existe e que não segue as regras nem os laços deste mundo. A vida eterna é viver livre de todos os laços do corpo, de todas as dificuldades, doenças, sofrimentos, contractos, de tudo para estar livre para Deus. A vida eterna é a plenitude de Deus na nossa vida. Deus será tudo em nós e nós nele. Não acreditar na ressurreição nem na vida eterna é acreditar num Deus de mortos e não num Deus de vivos. Mas o desafio começa já: viver neste mundo como se não fossemos de cá, ou seja, já ressuscitados. Bom domingo!

Oração pintada - uma prenda

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  Uma amiga minha ofereceu-me, ontem, uma oração que tinha escrito há um tempo atrás, mas pintada! Aqui fica como recordação do dia de ontem... um dia que valeu mesmo a pena.

Valer a pena viver

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Em dias importantes na nossa vida (falo pelos meus) quase sem querer entro na roda do valer a pena. Vale a pena viver? Pergunta retórica que até Fernando Pessoa perdeu algum tempo da sua existência a pensar nela para concluir que " tudo vale a pena se a alma não é pequena ". Se não valeu a pena a culpa não é da vida mas sim de quem a vive que a não soube viver. Se vale a pena viver... Por mim falo, embora pudesse citar São Paulo, " tenho o desejo de partir e estar com Cristo, já que isso seria muitíssimo melhor; mas continuar a viver é mais necessário por causa de vós ". Retórica e drama à parte - se a minha mãe me ouvisse dizer isto diria logo: nem os velhos querem morrer quanto mais os novos! - o que é certo é que os anos passam, vive-se muito, umas vezes melhor outras pior, a vida é como uma estrada, onde caminhamos ora sozinhos ora acompanhados, mas sempre com Deus, esse é o desejo. E nesta estrada da vida aparecem os tais dias importantes, como por exemp...

Vida desfocada

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No Evangelho deste domingo, o 31º do Tempo Comum, escutaremos um emocionante acontecimento da vida de Jesus. Emocionante pela descrição mas, sobretudo, emocionante pelo que de grande acontece na vida de um pequeno homem: Zaqueu, um homem importante - era cobrador de impostos - por ser pequeno sobe a uma árvore para tentar ver Jesus. No entanto, Jesus, quando passa pela árvore olha para cima, para Zaqueu, chama-o pelo nome e pede-lhe para ficar em casa dele. Um olhar e um pedido transformam a vida deste homem. Já em casa, sem Jesus lhe dizer nada, Zaqueu toma a palavra e compromete-se a mudar de vida: metade da riqueza aos pobres e quatro vezes mais a quem prejudicou. Este evangelho é mais que uma história emocionante. Zaqueu percebeu que, com Jesus na sua casa - entenda-se, na sua vida - as coisas não poderiam continuar na mesma. Conversão não é só passar a ir à missa e fazer a boa acção diária. Conversão é voltar-se para Deus, mudar a sua vida, dar frutos de justiça e de amor. ...

Árvore morta

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Árvore morta: cidadela derruída. Verde ausente: outra cor não tão garrida. E contudo morrer é só trocar de vida. (A. M. Pires Cabral) (imagem: Paul Cézanne, Castanheiros no Inverno, 1885)