Dor de mãe

Pediram-me para substituir um padre num hospital. Fui, tranquilamente, para celebrar a Missa. No final, lágrimas e dor: um menino de 13 meses a morrer nos cuidados intensivos pediátricos. Os pais, ainda novos, desfeitos em lágrimas, vinham chamar a avó, para se despedir do menino. A avó agarrou-se a mim a chorar, eu ainda paramentado, e a pedir-me para que fosse com ela ver o menino e rezássemos juntos por ele. Lá fui eu, com os pais e a avó. Pelo caminho a avó rezava: Jesus, tu ressuscitaste Lázaro, não deixes morrer o menino. E o menino lá estava. Aparentemente a dormir mas o choque eléctrico de que foi vítima atacou-lhe o cérebro e não há nada a fazer. Impus-lhe as mãos, rezámos uma Avé Maria enquanto os pais cobriam o menino de beijos. Eu afastei-me e eles continuavam a implorar a Deus e ao menino que não fosse esse o final, que ele ficasse. São estas as dores incuráveis: pais que perdem os filhos, com poucos meses de vida. Também a mim, nestes momentos, vêm as nuvens do porqu...