Feirão em 1758

Feirão está despovoado. Migrações e emigrações, são a causa imediata de uma outra causa, mais profunda, que levou a que poucas pessoas tivessem ficado por cá.
Mas não é de agora. Depois do terramoto de 1755, o Marquês de Pombal manda aos párocos, através dos Bispos, um questionário sobre as paróquias e povoações pedindo elementos importantes para aquele tempo, no que diz respeito ao conhecimento do Reino e hoje, para o nosso tempo, percebermos as circunstâncias passadas. Vou escrever os resultados sendo que, o que está entre parêntesis, são comentários meus.
O pároco da altura, P. Manuel Luís de Carvalho, respondeu a este inquérito, do qual podemos saber algumas curiosidades desta freguesia do século X, religiosas e geográficas, que, ao que se vê, nunca foi uma freguesia grande.
O dito pároco identifica Feirão como freguesia de Santa Luzia, que é da província da Beira Alta, bispado, termo e comarca da cidade de Lamego. A freguesia pertencia ao Rei D. José I, o Reformador. Tinha nesse ano vinte e cinco vizinhos e, na totalidade, oitenta pessoas que comungavam. O P. Manuel refere que a igreja é dedicada a Santa Luzia e que tem três altares: um à santa padroeira, outro a Nossa Senhora do Rosário (com muita devoção em quase todas as paróquias de Resende e Castro Daire) e o terceiro ao Menino Jesus. Refere ainda que no dia de Santa Luzia algumas pessoas vão à igreja para fazer a romaria.
Passando à parte mais civil, o pároco escreve que Feirão dista de Lamego duas léguas (10 km) e sessenta léguas de Lamego (30 km); está sujeita às justiças do concelho de Resende, não tem privilégios, não tem fonte (de rio), nem lagoa nem porto de mar. Diz ainda que terramoto "pela bondade de Deus" não arruinou nada. Em relação à localização geográfica diz que faz parte da serra do Espinheiro, que começa no São Cristóvão e termina na lagoa da Panchorra. As plantas que por aqui haviam eram carvalhos, giestas e, nalgumas partes, centeio. Referindo-se ao clima "no Verão é quente, no Inverno é terra muito fria, por ter neve quase todo o Inverno". Em termos de criação de animais diz que se criam vacas, bois, ovelhas, cabras e cabritos, e de caça há perdizes, coelhos, lebres, galinholas e codornizes, lobos e raposas.
O mesmo pároco diz que há um regato em Feirão, ao qual chamam Moinhos de Feirão. Não tem nascimento próprio, e só no inverno as águas se juntam (creio ser hoje a ribeira das bichas, porque levava muitas sanguessugas). Este regato desagua no no rio chamado Cavalar, no lugar Barencal (O rio, noutras descrições da época, chama-se Balsemão, como actualmente, mas a ponte que passa pelo rio ainda se chama ponte Cavalar. O Barencal é hoje o Barroncal, lugar dos moinhos onde antigamente, no Inverno, moíam com a força das águas).

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