Beato Jordão de Saxónia

Aqui está um beato que admiro. Beato Jordão de Saxónia, sucessor de São Domingos no governo da Ordem Dominicana. Depois de São Domingos é o dominicano que mais sobressai na primeira geração da Ordem. Vou aqui resumir o que leio de um resumo da vida dele, para termos uma ideia do que significou este Beato para os dominicanos. São Domingos é o fundador da Ordem, com todo o mérito e justiça. Desde o princípio que o seu projeto fundacional foi bem claro. Jordão de Saxónia percebeu bem este ideal de São Domingos. Quando o Beato Jordão assumiu o governo da Ordem era tudo em pequena escala: as províncias 8, os conventos 30 e os frades 300. Jordão foi Mestre da Ordem 15 anos e, à sua morte a Ordem tinha crescido e muito: 12 províncias, 300 conventos e 3000 frades!
Nasceu em 1185, alemão de Burgberg, conheceu São Domingos em Paris, em 1219. Jordão de Saxónia já frequentava o convento e coincide com uma passagem de São Domingos pelo convento. Conhece-o, confessa-se a ele e, pouco tempo depois, recebe o hábito dominicano, numa emocionante quarta-feira de cinzas, naquele ano de 1220 a 12 de Fevereiro. Como os tempos não são os de agora, poucos dias de ter recebido o hábito fez logo a profissão solene como frade pregador. Alguns historiadores dizem que foi três dias depois de receber o hábito! Tinha apenas 20 anos. E com 20 anos já tinha sido ordenado diácono e já era Mestre em Artes e Bacharel em Teologia.
Não tardou muito que a sua forte personalidade, estima e qualidade de pregação o levem para os cargos governativos da Ordem. Nesse mesmo ano é eleito Definidor para o Capítulo Geral da Ordem, que se iria celebrar em Bolonha. Contava ele que quando foi ao Capítulo Geral ainda não estava há dois meses na Ordem. E estas coisas de personalidade, estima e qualidade de pregação não passam despercebidas. O Capítulo Geral ordena-lhe que, em Paris, comece a ensinar Sagrada Escritura no seu convento de Saint Jacques. Volta ao Capítulo Geral no ano seguinte - naqueles tempos os Capítulos Gerais eram anuais - e aí São Domingos entrega-lhe a Província da Lombardia (Itália setentrional) que o próprio São Domingos governava. Esse Capítulo Geral de 1221, o último de São Domingos, vai, então, eleger, Jordão de Saxónia como Prior Provincial da Lombardia.
No ano seguinte, novo Capítulo Geral, e este, eletivo. É eleito unanimente fr. Jordão de Saxónia como Mestre da Ordem, 1º sucessor de São Domingos. Os quinze anos em que esteve à frente do governo de toda a Ordem confirmam que foi uma boa escolha. É aí que conhece Diana de Andaló, que se faz monja e funda, juntamente com mais quatro mulheres, o Mosteiro de Santa Inês, em Bolonha. Jordão e Diana serão dois grandes amigos o resto da vida e a testemunhar estão as cartas que se escrevem um ao outro, durante estes 15 anos. Apesar de ser a fundadora do Mosteiro nunca foi a prioresa. Nestes quinze anos, Jordão vai dar um impulso vocacional e apostólico à Ordem que, aos poucos, ela vai espalhando-se mundo fora. Morre tragicamente, num naufrágio, ao regressar de uma visita aos conventos da Terra Santa, no dia 13 de Fevereiro de 1237, com 52 anos.
A obra escrita mais importante do Beato Jordão é o opúsculo sobre as origens da Ordem dos Pregadores. Aí, ele escreve a toda a Ordem todas as coisas importantes relacionadas com a Ordem, desde o nascimento de São Domingos até à trasladação do seu corpo, que ocorreu no ano de 1233.
Escreveu também cartas: à Ordem e não só. Escrevia com muita frequência à Ir. Diana - também Beata - onde lhe contava as suas missões apostólicas e dava conselhos sobre a vida religiosa.
Aqui deixo uma, em que escreve à Ir. Diana sobre novas vocações:
"Fr. Jordão, servo inútil da Ordem dos Pregadores, a Diana, filha muito querida no Filho de Deus, desejando-lhe a salvação eterna.
As tuas orações e as das tuas monjas muito influenciaram diante de Deus, que nos deu cerca de trinta noviços, virtuosos, letrados e nobres, muitos dos quais já são também Mestres. O Mestre Tiago, que era Arcediago de Ravena e Propósito de Bobbio, que não quis aceitar o bispado que lhe ofereciam e que além disso é o mais conhecedor de Direito em toda a Lombardia, tomou hábito e fez profissão na quarta-feira antes da Páscoa.Com ele entrou também um jovem virtuoso, Arcediago, da melhor e mais rica nobreza da Hungria. Do mesmo modo e um pouco por todo o mundo, chegam-me frequentemente notícias de que os frades se multiplicam e crescem tanto em número como em virtude. Vês como o Senhor nos devolve cem por um nesta vida? Por um irão que tenhamos deixado no mundo, recebemos mais de cem e melhores.
Mas lembra-te de que o Senhor, quando diz no Evangelho que dá cem por um acrescenta: com tribulações. Por isso, nunca podemos esquecer que, se queremos receber cem vezes mais, teremos também de suportar a tribulação. Um dia ser-nos-á dado não só cem por um, mas o infinito e ainda mais. E isso sem que nos acometa nenhuma tribulação, porque beberemos o puro e genuíno cálice das alegrias eternas. Até lá, teremos de esperar pacientemente umas vezes o consolo com humildade e outras a tribulação com paciência. Consola-nos e fortalece-nos Jesus Cristo, o Filho de Deus, que é bendito sobre todas as coisas  e pelos séculos dos séculos. Ámen.
Oxalá te pudesse escrever com mais frequência. Mas falta-me carteiro e tempo. Fica bem e saúda as nossas filhas. Se Deus quiser, em breve poderemos consolar-nos mutuamente. Até lá, consola-te fr. Henrique, Prior Provincial do Ultramar, que fará as minhas vezes neste tempo intermédio.
Saúdo-te também eu, fr. Gerardo, teu filho
".

 

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