Anno Histórico: Milagre singular do Patriarca São Domingos

A Pouca distância da Vila de Penamacor, há uma Ermida antiquíssima, consagrada ao glorioso Patriarca São Domingos; Achava-se hum pobre homem da mesma Vila em terra de Mouros, em duríssimo cativeiro, porque seu senhor o tratava com excessivas asperezas. Implorava o miserável homem muitas vezes a protecção de São Domingos, a quem tinha muito especial devoção, e confiava no Santo, que lhe havia de dar liberdade. Penetrou- lhe o Mouro estes desejos e esperanças; E logo lhe dobrou os grilhões e de noite o fazia meter em uma arca, que fechava com fortes cadeados e fazendo sobre ela a cama, lhe repetia muitas vezes: Que era tempo de chamar pelo seu São Domingos para que o livrasse. Passaram-se muitos dias, mas não passavam as irrisões, com que o Mouro o perseguia, sobre outros muitos rigores. Chegou, enfim, uma noite, quando já estava, sem dúvida, bem provada a Fé e a paciência do Cristão, e bem merecida a confusão do infiel. E sucedeu que ao romper da manhã, se acharam ambos à porta da Ermida do Santo, junto de Penamacor, na mesma forma, em que estavam na outra terra, a noite precedente. Acordou o Mouro, e desconhecendo о País, em que se via, e muito mais as pessoas, que começaram a concorrer em grande número, atraídas daquela novidade; Absorto em um abismo da sua própria confusão, reconhecendo em tão rara e patente maravilha, as verdades e poderes da Fé dos Cristãos, pediu a água do baptismo, e em amigável sociedade, com о que fora seu escravo, se dedicaram ambos a perpétua servidão do glorioso Santo, assistindo, em quanto viveram, ao culto e limpeza da sua Ermida, onde acabaram seus dias ditosamente.
(Anno Histórico, vol. I, par. IV, p. 182)

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