Anno Histórico: Soror Violante do Céu

Soror Violante do Céu, natural de Lisboa, bautizada na Freguesia da Sé, Freira Dominica no Mosteiro da Rosa da mesma Cidade. Foi dotada de génio felicíssimo para todo o género de composições métricas nas línguas Portuguesa e Castelhana. Parecia coisa do Ceu ainda mais no engenho que no sobrenome. Desde os primeiros anos começou a ser um prodígio da eloquência, um milagre da discrição; sendo de dezasseis compôs a comédia de Santa Eugenia, que intitulou: La transformación por Dios. Com tanta aceitação dos entendidos, que por voto comum dos mesmos, se representou a Filipe III quando se achava em Lisboa pelos anos de 1619. Desde então até o ano de 1693 prosseguiu sempre em compor e admirar; No dilatado curso de tanto tempo e em tanta variedade de sucessos de dor e alegria pública em que os discretos aparavam as penas, e saíam com várias obras, saiu sempre Sóror Violante com as suas e sobressaiu com vantagem conhecida. Nas Academias e Certames poéticos, que houve em seu tempo, levou sempre os primeiros prémios e os maiores aplausos. Os Reis Dom João IV e Dona Luiza, o Príncipe Dom Teodósio, e todos os senhores e senhoras grandes da Corte faziam da sua pessoa extremadíssimo apreço e lhe davam repetidos assuntos para lograrem геpetidos os seus versos, dos quais, com grande dor dos curiosos, se imprimiu só um pequeno livro e alguns Romances, que correm avulsos. Compôs três Comédias: a de Santa Eugénia e outra que intitulou: El hijo Esposo y hermano e outra, La victória por la Cruz, todas ao Divino e todas as suas poesias foram sempre limpíssimas de todo o afecto menos puro. Em longa velhice, com oitenta e seis anos de idade, no de 1603 faleceu neste dia quase de repente, mas com preparação de toda a vida, porque sempre foi Religiosa muito observante, e exemplar.
(Anno Histórico, vol. I, par. IV, p. 135-136)

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