Deserto - Carlo Maria Martini

Ser Igreja no deserto significa antes de tudo que a Igreja procura o deserto e dele se nutre. Se tivéssemos tempo de explorar estes valores, descobriríamos numerosas grutas de eremitas e numerosas habitações de monges que ao longo dos séculos aqui viveram. De toda a cristandade vieram milhares e milhares de pessoas para o deserto para se nutrirem de Deus e nutrirem a sua Igreja.
E ainda hoje a vida monástica continua neste deserto, no do Sinai, nos desertos do Egipto e nas regiões do monte Athos; cada um destes mosteiros decide retomar a experiência da Igreja no deserto. Também cada um de nós é convidado a nutrir-se de momentos de deserto na própria vida.
Ser Igreja no deserto significa além disto preocupar-se com aqueles que, no deserto da nossa sociedade, estão abandonados na borda dos caminhos, como pobres, marginalizados, excluídos, doentes, esquecidos.
Estar no deserto significa aperceber-se que aos lados da estrada existe quem esteja mais desesperado e mais só do que nós, isto é, viver a proximidade. A proximidade torna-se de facto mais espontânea no deserto porque se compreendem melhor as necessidades de  quem está mais só do que nós. Portanto, a Igreja aproxima-nos.
Igreja no deserto significa ainda afrontar a perseguição, a crítica, o insucesso, a falta de poder e a fraqueza. A Igreja vive a sua tentação de solidão, de pobreza, no deserto da vida, com fé no pastor que não permite que as ovelhas se dispersem e morram de fome.
A Igreja vive no deserto com fé total no seu pastor, Jesus, que a conduz através dos desertos da modernidade.

Mensagens populares deste blogue

Oração para o início de um retiro

Regina Sacratissimi Rosarii, ora pro nobis

Degenerar com dignidade