Ser paciente - Jean Vannier

Nós não somos senhores da nossa sensibilidade, das nossas atracções, das nossas repulsas, que vêm dessas profundezas do nosso ser que controlamos mais ou menos bem. Tudo o que podemos fazer é esforçarmo-nos para não seguir essas tendências, que fazem barreiras nas relações com os outros. Temos que esperar que o Espírito Santo nos venha perdoar, purificar, podar os ramos tortos do nosso ser. A nossa sensibilidade foi constituída de mil medos e egoísmos desde a nossa infância; como também é constituída pelos gestos de amor e pelo dom de Deus. É uma mistura de trevas e de luz. E não é num dia que esta sensibilidade será endireitada. É esforço que exigirá mil purificações e perdões, força de vontade diária e, sobretudo, a graça do Espírito Santo renovando-nos por dentro.
Transformar pouco a pouco a nossa sensibilidade, para poder começar a amar realmente o inimigo, é um trabalho exigente. Temos que ser pacientes com a nossa sensibilidade e os nossos medos, temos que ser misericordiosos connosco mesmos. Para fazer esta passagem, para a aceitação e o amor do outro, de todos os outros, temos que começar simplesmente por reconhecer os nossos bloqueios, os nossos ciúmes, a nossa mania de comparação, os nossos preconceitos e os nossos ódios mais ou menos conscientes, reconhecer que somos pobres, e que somos o que somos. E pedir perdão ao nosso Pai. E depois é bom falar a um sacerdote ou a um homem de Deus que poderá talvez ajudar-nos a entender o que se está passando, e confirmar-nos nos esforços de rectidão e ajudar-nos a descobrir o perdão de Deus.
Uma vez que reconhecemos que o ramo está torto, que temos estes bloqueios de antipatia, temos que nos esforçar para não deixar a língua livre, esta língua que tão depressa semeia a cizânia, que gosta de revelar as faltas e os erros dos outros, que se alegra quando os outros não têm razão. A língua é um órgão menor, mas pode semear a morte. Para esconder os nossos defeitos, aumentamos os defeitos dos outros. «Eles» não têm razão. Quando aceitamos os nossos defeitos, é mais fácil aceitar os dos outros.

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