As grandes santas da Ordem Dominicana I: Beata Diana de Andaló

A Ordem Dominicana celebra hoje três grandes santas: As Beatas Diana, Cecília e Amada. Esta última saiu da celebração litúrgica, talvez porque se sabe muito pouco da sua vida. São três monjas, ligadas ao início da Ordem: A beata Cecília, de Roma, muito ligada a São Domingos, a beata Diana, de Bolonha, muito ligada ao Beato Jordão e a beata Amada muito ligada à fundação do primeiro mosteiro de monjas dominicanas em Roma.
A beata Diana, quando lemos alguma biografia mais antiga, é elogiada com todos os superlativos: felicíssima, belíssima, cultíssima, nobilíssima, eloquentíssima... Imaginemos como não seria esta Mulher no século XIII. É em Bolonha, ao ouvir as pregações do Beato Reginaldo de Orleães, que estava há pouco tempo na Ordem e na recém fundação do Convento da cidade que ela pede para ser ajudada espiritualmente. Após algum tempo de discernimento, decide fazer profissão (ainda sem haver mosteiro nem monjas) de obediência e pobreza. E será São Domingos que a receberá. E, enquanto não houve mosteiro em Bolonha, ela vivia já interiormente, uma vida já verdadeiramente monástica. A construção do mosteiro não vê maneira de se construir: Os pais de Diana opunham-se e o bispo nega-se a entregar o terreno que estava já apalavrado. Mas são Domingos e a beata Joana tinham o melhor aliado: Deus. E assim foi naquele tempo e assim será em todos os tempos: se a obra é de Deus, não faltarão dificuldades, mas Deus toma conta. Diana decide entrar num mosteiro, mesmo que ainda não seja o dominicano. Pede às monjas agostinhas que a recebam para poder viver intensamente a profissão que tinha feito. Às escondidas, entra no mosteiro. E toda a família, que era contra a consagração de Diana, se pôs à porta, a exigir que a mandassem embora. Diante de tal gritaria, abrem a porta do mosteiro e arrastam Diana, de tal modo que lhe chegam a partir uma costela e ela ficará um ano acamada! São Domingos, ao chegar a Bolonha, sabendo disto, tenta falar com ela mas não o deixam. Ainda lhe escreve uma carta mas virá a morrer pouco tempo depois. Mas, como ele próprio disse, seria mais útil no céu do que teria sido em terra. Como Deus nunca nos falta, também não faltou com a Beata diana.O Beato Jordão de Saxónia, sucessor de São Domingos no governo da Ordem, irá acompanhá-la, e a Beata Joana, até ao fim da sua vida irá acompanhá-lo, espiritualmente, a partir do mosteiro. As cinquenta cartas que temos do Beato Jordão a elas dirigida, são disso um eloquente sinal. Ora, uma das primeiras coisas que o Beato Jordão vai fazer como Mestre da Ordem é dar cumprimento ao desejo de Diana, à vontade de São Domingos e ao projecto da comunidade de Bolonha: fundar o mosteiro de Santa Inês. E o difícil tornou-se possível. De repente, o pai de Diana, tão contrário a tudo aquilo torna-se o aliado na construção do mosteiro, começando por deixar que a sua filha vá viver para o mosteiro de onde a foi tirar à força. E, assim, na semana da Ascensão de 1222, Diana com mais quatro companheiras, vão viver no novo convento. No dia 19 de Junho do mesmo ano, o Beato Jordão dá-lhe os hábito da nossa Ordem, que as monjas conservam até aos dias de hoje. Para que a vida religiosa naquele mosteiro fosse vivida de acordo com a regra e a espiritualidade dominicana, Diana pede ao Mosteiro de Roma que lhes envie algumas irmãs para as ajudar a construir o mosteiro espiritual. De Roma foram, então, quatro monjas, para o mosteiro de Bolonha: Cecília, Amada, Constança e Teodora.
Cecília será a prioresa (com apenas 22 anos!) e assim esta comunidade vai luzindo na santidade e na espiritualidade. No entanto, Diana é a que, na realidade, gere o mosteiro: É de Bolonha e por todos conhecida. Ela vai pedir a intervenção do Mestre da Ordem quando os frades, achando que não devem ficar presos a um mosteiro, decidem abandonar o cuidado espiritual das monjas; que este cuidado quotidiano impedia a pregação e a itinerância. A questão é de tal modo forte que chega ao Papa. E o Papa vem em auxílio do mosteiro. O Beato Jordão, com este apoio, convence os frades a não abandonar o cuidado do mosteiro, o que se vai manter por séculos.
A sua vida de oração e mortificação "roubou-lhe" anos de vida. Vai morrer em Bolonha, no seu convento, com apenas 35 anos de vida. Mas feliz, porque viveu para Deus.
Os mosteiros das monjas sempre tiveram um bonito costume de escrever nas suas Crónicas, o elogio das irmãs que faleciam. Sobre a beata Diana lê-se: "Esta mulher bendita, era notável na prudência e na santa eloquência da sua palavra. A sua especial beleza e as suas grandes virtudes faziam-na amada por todos. Estava tão ligada ao serviço divino, à oração e contemplação, que às vezes as monjas comoviam-se e choravam só de a ver. Sentia um amor entranhável pela Ordem e pelos frades. Levada pela sua humildade, preferia as vestes mais pobres e praticava os santos rigores da Regra. Tais eram, e muitos mais, os dons e méritos que adornavam esta Religiosa digan de Deus, que depois de ter fundado este mosteiro, o embelezou com as suas palavras e exemplos, com os seus conselhos e virtudes".

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