Padroado do Mosteiro do Salvador de Lisboa
Inauguro hoje, neste blogue, uma nova etiqueta, a que dou o nome de "espólio". Não só meus, que ainda não entreguei a alma ao Criador, mas também. Nesta etiqueta vou começar a colocar aquilo que de curioso fui encontrando no espolio de irmãos, familiares e amigos, e também de papeis que fui guardando para ler ou conservar, que me pareceram ter algum interesse. Será uma etiqueta de partilha e de memórias, para que as memórias não se apaguem nem se reciclem deixar rasto.
Hoje deixo aqui um documento "histórico", uma fotocópia de um registo feito pelo Conde dos Arcos, sobre o Padroado do Mosteiro do Salvador de Lisboa. O original encontra-se no arquivo da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, no Ramalhão. O fr. José Maria Ribeiro, de feliz memória, tinha esta cópia porque admirava não só este mosteiro, bem como a imagem do Salvador, que entrará na próxima entrada.
Padroado do Mosteiro do Salvador de Lisboa
Origem

A seguir, realizaram-se peregrinações ao local e registaram-se milagres.
Então, foi edificada uma ermida e um recolhimento anexo, logo habitado por algumas mulheres piedosas.
Isto passou-se pouco depois da tomada de Lisboa aos mouros por El Rei Dom Afonso Henriques, no ano de 1147.
Fundação do Padroado
Por doação feita por El Rei Dom João I a D. João Esteves de Azambuja, Bispo do Porto, depois Cardeal-Arcebispo de Lisboa e seu Privado, foi por este instituído o Padroado do Mosteiro do Salvador de Lisboa, em 1 de Julho de 1391, já então aprovado por um Breve Pontifício de Bonifácio IX, de 27 de Fevereiro do mesmo ano.
Nessa ocasião, a ermida foi ampliada em igreja paroquial e conventual, mas só concluída em 1460, por devoção da Rainha Dona Leonor, mulher de El Rei D. João II. O recolhimento foi transformando no mosteiro de monjas da regra de São Domingos.
(Quanto à Paróquia, os Padroeiros apresentavam ao Vigário que tinha 120 alqueires de trigo, 120 alqueires de cevada, 4 pipas de vinho, 1 carneiro e a quarta parte das ofertas. EM 1837, a referida paróquia do Salvador juntamente com a de São Tomé do Penedo constituíram uma só freguesia chamada de São Vicente e com a sede na Igreja de São Vicente de Fora. A Irmandade do Santíssimo Sacramento, erecta na Igreja do Salvador, da qual eram juízes perpétuos os Padroeiros do Mosteiro, foi anexada a outros na referida Igreja de São Vicente.)
O fundador foi o 1º Padroeiro, a quem competia suprir à sua custa o que pudesse faltar, devendo as Religiosas em sinal de o reconhecerem como tal e também como Administrador, enviarem-lhe no primeiro Domingo de cada ano, um jantar igual ao da Comunidade a título de pitança.
Dando-se o caso de falecerem todas as freiras, a Igreja, o Mosteiro e o que lhe dissesse respeito passaria para a posse do Padroeiro ou do seu sucessor.
Fim do Padroado
Por decreto de 5 de Agosto de 1833, foram proibidos os noviciados nas Ordens Religiosas, e assim, no decorrer dos anos, com a morte das freiras até à última, acabavam as comunidades no nosso País e foi o que sucedeu ao velho Mosteiro do Salvador.
Então, em 30 de Novembro de 1858, D. Manuel de Noronha e Brito, 9º Conde dos Arcos, 14º e último Padroeiro e Administrador, sucessor e representante do Cardeal D. João Esteves de Azambuja, fundador e 1º Padroeiro do referido Mosteiro, requereu que lhe fosse dada posse judicial dos seus direitos.
Por despacho do Conselheiro D. João de Portugal, Juiz de Direito da 1ª Vara, foi ordenado que tivesse andamento a diligência pedida e em 11 de Dezembro do mesmo ano se 1858, foi entregue ao Conde D. Manuel o Mosteiro, a Igreja, a cerca e todos os respectivos pertences.
A seguir, o mesmo Conde, entendeu por bem oferecer a título de empréstimo, o que recebera judicialmente, às freiras da mesma Ordem de São Domingos, sem clausura.
As novas moradoras do antigo Mosteiro ali estiveram mais de 50 ano com um modelar colégio de meninos até que, em 1910 foram expulsas do País e tudo o que estavam a usufruir foi incorporado nos bens da fazenda nacional.