O pão que se parte e reparte

O Evangelho de hoje, a multiplicação dos pães na versão de São Mateus, fala mais do contexto do que do milagre em si. Do milagre apenas se diz que Jesus, tomando os sete pães e alguns peixes, abençoou-os, partiu-os e repartiu-os entre os discípulos que o distribuíram pela multidão. Estão aqui os gestos eucarísticos, que Jesus vai fazer na Última Ceia e na Ceia de Emaús; mas impressiona quem se aproxima de Jesus: uma grande multidão, com muitos coxos, aleijados, mudos, cegos e outra tanta gente. Jesus cura-os, tem pena deles porque há três dias que estão ali e não têm que comer.
Grande missão a da Igreja se repetir estes gestos de Jesus. O pão que se distribui por toda esta multidão, curada e alimentada por Jesus. Esta é a missão da Igreja: curar e alimentar quem dela se aproxima. Soeur Emmanuelle, uma mulher que entregou a sua vida a Deus gastando-a nos bairros de lata do Cairo e do Sudão, quando rezava o Pai nosso e pedia o pão de cada dia, explicava: o pão do coração e o pão da inteligência. O pão do coração que é o pão do amor e o pão da inteligência que nos ajuda a bem viver sobre a terra.
Em tempo de Advento, ao ouvir esta passagem do Evangelho, podemos pedir a Deus que nos ajude a curar e a alimentar tanta gente que tem fome de Deus. E volto a Soeur Emmanuelle (estou a ler alguns dos seus escritos): "Deus fez-se homem para ajudar os pobres. Nós cumprimos a nossa religião se ajudarmos os pobres. Queremos amar-nos uns aos outros de forma sincera, de ter, como Cristo, uma preferência por todos aqueles que sofrem e de trabalhar, se possível ao mesmo tempo, com todas as nossas forças, para que sobre a terra haja menos injustiças".

(imagem: multiplicação dos pães e dos peixes, miniatura de um livro de horas de 1240)

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